Capítulo 2

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Finalmente este dia acabou. As dores em minhas pernas e na região do estômago haviam sido aliviadas após tomar remédios anestésicos.

Talvez eu não estivesse totalmente sozinha assim, tenho cinco amigos. Porém todos eles moram em lugares diferentes. E a única forma de comunicação que tenho é através de mensagens.

Queria poder olhar no olho, abraçar como fiz um dia, aquelas boas risadas até doer a barriga. Ultimamente as únicas coisas que fazem minha barriga doer, ou é comer demais, ou levar uns chutes, ou a ansiedade.

Estou voltando para casa, mas no caminho encontro James sem seu insuportável irmão do seu lado. Vou para o outro lado da rua mas é tarde de mais, ele já me viu.

-"Eai estranha? Você não tem roupa pra vestir? Só usa esses trapos, quer dinheiro? Eu tenho."

Ele joga notas em minha cara é eu o olho com desprezo continuando meu caminho.

Hoje meu dia foi mais calmo que o normal, por incrível que pareça estou feliz, apesar do que acabou de acontecer.

Começo a andar devagar novamente e finalmente chego em casa. Minha mãe chegou mais cedo do serviço hoje, e por isso resolvi fazer uma maratona de filmes com ela, e ao ver o sorriso dela senti a sensação de dever cumprido. Assim que ela dormiu, a embrulhei com sua coberta, apaguei a luz, desliguei a televisão e fui direto para minha caverna.

Dessa vez eu não dormi, fiquei mexendo em algumas redes social, de preferência o Twitter, a rede social mais solitária que se pode ter.

Você deve estar se perguntando:

"Mas se a solidão dói tanto em você, porque você se isola?"

Porque a vida me ensinou a ser assim, ela me ensinou a ser um pouco dura e fria, me fez criar um muro em volta de mim, pelo medo das pessoas de aproximarem e simplesmente ir embora derrepente, sem ao menos dizer adeus.

Isso machuca, dói é horrível.

Algumas pessoas ficam triste apenas por um motivo, mas eu, eu tive o privilégio de ter todas as tristezas que alguém poderia sentir. Isso me envenenou.

A tristeza me consumiu de uma tal maneira, que se tornou como uma droga, é como se fosse uma droga do palhaço triste. Uma vez que você experimenta, não consegue mas sair desse lugar cinza, de dor, solitário.

É tudo isso como eu disse antes me trás a ansiedade. Sabe parece que algo sempre vai acontecer, em qualquer hora, em qualquer lugar. As mãos tremem, a cabeça dói, a barriga embrulha, suor frio.

É horrível.

Você a partir da aí começa ter medo, medo do que vão falar, fazer. Simples e composto, o medo do futuro, do destino, do amanhã.
Mas de uma coisa você não tem medo, a morte.

Eu também sorrio, danço, canto.
Mas não como antes, eu não vejo mas as coisas como antes agora é tudo triste.

Me identifico bastante com uma música do projota, ela só quer paz.
Sabe aquele refrão?

Ela já acrediou no amor
Mas não sabe mais
Ela é um disco do nirvana
De 20 anos atrás

Não quer cinco minutos
No seu banco de trás
Só quer um jeans rasgado
E uns 40 reais
Ela é letra do Caetano
Com flow dos racionais
Hoje pode até chover

Por que ela só quer paz (...)

Tudo que eu queria era paz, sabe bem longe daqui, voltar a viver no meu mundinho cor de rosa e deixar os problemas pra lá.

Desligo o celular e fico olhando para o teto branco do meu quarto ouvindo a música. Penso no meu dia e nas coisas que fiz até hoje...
Será que realmente valeria apena eu tirar minha vida por essas pessoas?

Um pensamento invadiu minha mente.

James.

Oque ele fez hoje é completamente insano e cruel ao mesmo tempo. Mas eu gosto das minhas roupas, não preciso me achar por isso. Se achar melhor ou mais importante que alguém é armadilha do ego, do pó viemos, ao pó voltaremos.










De uma garota solitária.

Meu mundo preto e branco [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora