Narciso

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Ela realmente acha que eu sou o corvo, que estúpida, ops perdão.
Antes de ir embora deixei a princesa na entrada da vila, novamente ela me agradeceu e quase me deu um abraço, mas hesitou quando viu os trapos que eu estava usando, a perguntei onde estava os guardas reais, que deviam está protegendo-a, estando na sua "cola", ela me disse que tinha fugido deles e que precisava de um tempo só, e acabou se perdendo, ela deve ter ausência de inteligência só pode, pois, por qual motivo ela iria querer sair daquele paraíso, que é o castelo; digo o meu nome a ela, mas parecia que não se importava, só me chamava de Corvo, e eu dizia a que não sou a quem me chamava, mas a princesa achava que eu estava tentando esconder a minha identidade, chegava a me irritar de tantas vezes que eu disse que não era esse mercenário, ela me recompensará por te salvado-a, entretanto, não tinha moedas no momento, então pediu-me que eu fosse na vila no dia seguinte, como de costume, e ela mandaria alguém me entregar um saco cheios de moedas, cogitei a ideia de recusar, mas não podia dar esse luxo, não com o meu tio doente. O meu maior medo é de que fale sobre o que houve para alguém, eu estaria morta, caso ela diga, mas a princesa deu a palavra dela, que não contaria a ninguém. Será que devo confiar nela?

Naquela noite, mal consegui dormi, tive vários pesadelos. De todos, o qual mais me assustava era eu sendo queimada viva, estava amarrada em tronco de árvore, e logo em seguida um soldado do rei ateava fogo em mim, na frente de toda vila, e principalmente na frente do meu tio, parecia ser tão real, eu sintia o calor do fogo em meu corpo, nos meus pesadelos ele estava triste, envergonhado e cheio de desgosto em me vê naquela situação. Acordo com o meu ultimo pesadelo, decido não continuar dormindo, também já tinha amanhecido, escuto um barulho, era o meu tio, engasgando com o próprio sangue, levanto rapidamente e vou até ele, viro-o de lado, fazendo jogar o sangue para o balde, até ele poder respirar novamente.

-O senhor está melhor?- Pergunto muito preocupada.

-Sim, estou melhor, mas não estou sentindo as minhas pernas - Diz Héktor entrestecido, deviando o contato visual comigo- Estou cansado de ser um peso morto para ti, Luna, você não merece isso, está perdendo a sua vida comigo!

-Pare com isso, não quero ouvir você falando isso, o senhor cuidou de mim a vida toda, agora é a minha vez de retribuir,é a minha obrigação como... Filha, o senhor é meu pai, pois pai é quem cria, e você fez isso muito bem!- E novamente aí estou, todo emotiva, deixando lágrimas rolarem em minhas bochechas, isso não me faz fraca, chorar, me torna forte, pois somente os fortes aceitam os seus sentimentos, os fracos ignoram-o.

-Eu já lhe disse que não precisa se preocupar comigo!- Diz ele limpando minhas lágrimas que escorria em meu rosto suavemente- Chorar não irá fazer eu ficar melhor, aliás vá a vila, vende o trigo e compre a minha cura.

-Não posso deixar o senhor sozinho!- Digo me levantando

-Já lhe disse que precisa se preocupar, mas não demore.

-Se o senhor acha melhor assim irei sim, e não demorarei prometo!- Digo dando um beijo e tocando com os dois dedos, o indicador e o do meio, em sua testa, era algo nosso, um "símbolo".

Saio da cabana e vou para vila com o meu cavalo, Cérebro; ele era do meu tio quando era cavaleiro do rei, ele é muito inteligente, quando estou triste é minha única companhia, além de ser bem rápido; e coloco o trigo dentro do carrinho, que está "ligado" ao cavalo, através de cordas, fico com medo de derrubar, mas Cérebro parece muito calmo hoje. Chegando na vila amarro Cérebro, e vou a procura de Tyrion, o burguês, preciso vender o trigo, levo até ele, Tyrion olha com uma cara de desprezo, mas pede para deixar o trigo em um canto, parece que ele vai aceitar, pior que concordo com ele, o trigo realmente não está bom, as folhas estão ressecadas, acho que ele foi buscar as moedas, no maximo que ele vai me dar são noves moedas como da outra vez, enquanto eu espero Tyrion com as moedas, sinto uma mão fria em meus ombros, puts esqueci a adaga, não sei o que fazer, viro rapidamente para ver quem era, parece ser alguém ligado a realeza, pelas vestes que usa.

-Você é a Lana?- Pergunta um homem alto, de pele clara, olhos castanhos, cabelos negros e curto.

-Lana!? Não, o meu nome é Luna, senhor- Digo sem entender nada.

-Ah sim, isso mesmo, Luna, tenho algo para você, a princesa Victória de Snowdenfell, mandou-me lhe entregar isto!- Diz ele tirando um saco moedas de sua capa, parece está bem cheia, fiquei bem aliviada em saber que era isso, pensei que ela havia me entregado.

-Ah sim, diga a ela que estou muito agradecida!- Digo ao senhor, me reverenciado a ele, não consigo conter a minha felicidade, e deixo escapar um largo sorriso, e pego o saco de moedas, era bem pesadinha, desconheço esse peso, deve ter muitas moedas dentro dele.

-E ela lhe mandou esta carta!- Diz senhor entregando a carta para mim, a sua expressão facial mudou repentinamente, não me agradava, aliás me assustava, pego a carta mesmo assim, ela estava em um envelope, selado com um carimbo feito de cera, no qual havia o desenho do brasão de sua família.

-Do que....- Percebo que ele já havia ido embora, enquanto eu admirava a carta.

Escuto alguém me chamar, era o burguês com as moedas, ele me entrega, fala que o trigo não está em sua melhor qualidade, algo que tenho que concordar, e ao me entrega olha diretamente para o saco de moedas que ganhei da princesa, então seguro mais forte, peguei de sua mão o saco, e dava para perceber a diferência entre eles, já conhecia o peso do saco de moedas, que Tyrion me dava, tinha no saco aproxinadamente nove moedas novamente, dessa vez não pechincho, nem ele vai me estressar hoje, saio da barraca do burguês e vou a procura do curandeiro, ele tem a cura para o meu tio, entro em sua barraca, ele é um idoso interesseiro, é baixo, meio corcunda, olhos claros, cabelos grisalhos e pele clara.

-Conseguir o dinheiro, senhor Sherpard!- Digo a ele muito feliz, pois pela primeira vez tenho dinheiro para algo.

-Oh que ótimo Luna ouvir isso, são cem moedas de ouro!-Diz ele, sendo bem direto, não se importava se eu estava feliz.

-CEM MOEDAS??? Como assim? Da última vez que vim aqui o preço estava pela metade!- Digo furiosa e bem entristecida, sabia que esse velho queria se aproveitar de mim.

-Negócios Luna, são negócios!-Diz ele tranquilamente com um sorriso nojento em seu rosto.

Terei que pagar, é pelo meu tio, não fica irritada por ter que gastar o dinheiro, mas sim por saber que ele está se aproveitando disso, entrego o saco de moedas que ganhei da princesa, nem tive a oportunidade de abrir e ver o ouro dentro dele, ele pega o saco da minha mão e abra para conferir, coloca em cima da mesa e vai na sua dispensa, espero que seja para pegar a cura, aproveito que foi na dispensa e me aproximo da mesa dele, olho para o ouro, o seu brilho era diferente das outras moedas, então rapidamente, pego cinco moedas do saco, as moedas em si, eram mais pesadas que as outras, era ouro de verdade, coloco dentro do outro saco e volto para o lugar em que estava, se eu me arrependo de ter feito isso? Hahaha nem um pouco, só estou pegando uma pequena parte do que me pertence, foi pouco ainda, penso em voltar para pegar mais, entretanto o velho havia voltado, com um pequeno frasco de vidro, tampado com uma rolha e um líquido vermelho dentro dele, achei pequeno pelo preço.

-Aqui está, somente duas gotas, após a refeição!-Diz ele entregando-me o frasco e falando com um tom irônico.

-Você está brincando com a minha cara, só pode, quem você acha que sou, da realeza ou da burguesia? Eu não tenho uma refeição descente há dias!!- Digo furiosa, minha vontade é de estrangular esse velho, mas não posso perder tempo com isso, o meu tio me espera, pego o frasco da mão dele, e saio batendo a porta com força, respiro fundo, pego o meu cavalo, e volto para casa, pensei que ninguém iria me estressar hoje, mas estava enganada, agora realmente queria ser o Corvo, tento fugir dos problemas, mas vou comprar a cura do problema com o problema, só estou cansada disso tudo, a vida não deveria ser tão díficil. Chego em casa, amarro Cérebro, e paro em frente a porta de casa, coloco um sorriso no rosto e abro a porta, deve-se sempre sorrir até acreditar que é realmente feliz.

Lua SangrentaOnde histórias criam vida. Descubra agora