Escola.Apenas uma palavra com vários significados.
Eu costumava ate gostar desse instituto obrigatorio para todas as crianças e adolescentes.
Costumava.
Neste momento, eu vejo esse lugar como um pequeno inferno de sentimentos futeis. Futilidade. Repulsa.
Tudo unido e misturado.
E quase esboço um sorriso ao lembrar que essa é a minha última semana de aula, e eu agradeço á deus por essa dádiva, pois a minha vida virou o próprio inferno e ter um minuto de descanso deste lugar, é algo precioso demais.
Eu e meus irmãos precisamos ter um momento de paz, longe de tudo e de todos, já que em menos de um mês, nossas vidas tinham ido pelos ares e quando caiu, veio diretamente para cima de mim e deles.
Apesar que tentei a todo custo diminuir todo o peso em cima deles, infelizmente, foi uma tentativa quase falha. O que foi totalmente inevitavel. E me senti um fracasso por isso.
Morte, enterro, a saudade, a angústia, a escola, quem ficaria responsavel por eles. E para piorar tudo. A minha faculdade.
Que no meio de tudo isso, é o que menos realmente importa.
- Mia. Volte para á realidade, aqui não é o mundo da fantasia para você se perder! - A professora chama a minha atenção na frente de todos da sala.
E por conta desse fato, a metade dos alunos olha em minha direção enquanto encaro o rosto daquela mulher repugnante. Nós duas nunca nos temos bem, e esse fato é conhecido por todos.
- Sim?
- Em que planeta você estava? Fiz uma pergunta á você!
É nessas horas que coloco em prática tudo aquilo que o psicologo da Escola me fez aprender. Tenho que respirar e expirar, com calma, e fazer esse processo até que a raiva se esvaia.
Isso, se a professora ajudasse.
- Anda, estou esperando - continua depois de ficar calada por alguns segundos.
- Certo - deixo a raiva fluir e fico de pé com brutalidade, fazendo com que a cadeira caísse e fizesse um som estridente que reverbera por todos os cantos daquela lugar, agora, silencioso. - Você quer a resposta? Eis que eu vou lhe dar a merda da resposta! Não sei se você é egoista, sádica ou burra o suficiente para perceber que não estou em condições para responder as suas perguntas até porque EU sou a coitada que perdeu os pais em um acidente de carro porque um adolescente filho da puta bebeu em uma festa e decidiu dirigir! Então faça-me um favor Harper, vá procurar algo que lhe traga prazer em vez de encher o meu saco com essa sua voz irritante! E com suas perguntas estúpidas e de duplo sentido!
E com essas doces palavras pairando no ar, pego a minha mochila e saio da sala.
Devo evidenciar que sou aquele tipo de pessoa que ao ficar com tanta raiva, começa a chorar de frustação por não ter socado a cara de quem lhe machucou e por esse motivo, as lágrimas escorrem por meu rosto enquanto ando rapidamente pelo corredor até sair daquela prisão.
Respiro o ar frio da manhã enquanto me acalmo.
Mas não fico sozinha por muito tempo, para a minha infelicidade.
- Mia - alguém me chama logo atras de mim. E pelo tom grave da voz, é um garoto. - Mia, o que foi isso?
A voz está mais perto.
- Foi o que ela mereceu - respondo sem ao menos olha-lo.- Se estava na sala sabe muito bem qual foi a pergunta dela. E por isso tenho motivos para ter gritado daquele jeito.
- Sim, eu sei mas...
- Não tem mas.
- Pelo amor de deus Mia, você a fez chorar.
Abro meus olhos e assim, o encaro.
- E nessa história toda quem foi que perdeu os pais? Nessa historia toda quem foi a vitima da pergunta dela?
George engole em seco enquanto ficava inquieto. Ele é um bom amigo, um dos melhores se me perguntassem, alto, negro, olhos castanhos e pose de badboy. Só pose mesmo.
- Desculpa...eu...Mia, eu entendo totalmente o seu lado e a professora que foi errada. Não se faz uma pergunta dessas.
- "O que matou Macabea?"- Repito com dificuldade, sabia muito bem o que veria a seguir - Ela é maluca? Como...
E o choro de raiva se transforma em um choro copioso, dificil de segurar.
E não segurei.
Apos isso, ninguem encheu o meu saco, na verdade, ate me defenderam quando o diretor questionou aos meus colegas de classe, quem foi a culpada de toda briga.
E o que matou Macabea? Essa resposta é simples, Macabea foi atropelhada, como os meus pais foram.
Eu tinha toda a razão para explodir.
Felizmente, eu já havia passado de ano, isso por conta das minhas excelentes notas dos bimestres anteriores. O mesmo ocorreu com os gemeos. Contudo, o final do Ensino médio chegou para mim, sem felicidade ou algo assim.
Não havia o que comemorar.
Meus pais não estavam conosco mais.
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I'm not like the others
ChickLitAntes mesmo do sucesso, antes mesmo dos shows lotados e de milhões de acessos no YouTube em seus vídeos clipes. Mia não tinha uma vida fácil. E é assim que I'm not like the others começa. Retratando uma das piores coisas que uma jovem de apenas 18...