12 - O outro lado da moeda

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Saíram escondidos como fugitivos às quatro ho­ras da manhã esperaram o avião em um portão reservado no aeroporto. Havia uma atmosfera de mistério no ar. Excitada, Jo via-se a caminho de um mundo que não co­nhecia, e que era o ambiente natural de E.Z. Já descobrira o lado bom dele. Agora, era hora de penetrar na parte obscura.

Ficou de lado, observando enquanto ele conversava com o piloto de seu avião em um corredor privativo no aeroporto, onde ninguém o reconheceria. Parecia tão simples, tão humano, tão... E.Z. Vestia um jeans desbotado e uma camiseta branca. Como sempre, quando surgia algum risco de ser reconhecido, escondia-se atrás de óculos escuros.

Ele a chamou para o portão e colocou o braço sobre seus ombros. Jo sentiu-se um pouco culpada pelo prazer que aquela proximidade lhe dava. Afinal, seus motivos na viagem deviam ser estritamente profissionais. Estava ali para examinar de perto o outro lado de E.Z. Ellis, o roqueiro que enlouquecia multi­dões.

— Venha — ele avisou. — Aquele é nosso avião.

Jo olhou para o jato Lear que ele apontara e o seguiu pela pista.

— Você alugou esse jato só para esta viagem? — indagou, impressionada.

— Não. Ele é meu.

— Seu?

Chegaram aos degraus do avião e E.Z. a fez subir à sua frente.

— É uma questão de conveniência. Temos um ônibus também, mas às vezes fazemos shows em cidades muito distantes uma da outra e temos que voar. — Ele a acompanhou para dentro da aeronave. — Bem vindo ao mundo maravilhoso de um músico de rock.

Jo ficou sem ar ao ver a extravagância diantêTde si. O interior do avião parecia um saguão de hotel, inclusive com um bar. Havia um quarto privativo nos fundos e a mobília confortável era de couro e veludo.

Um homem saiu da cabine e aproximou-se de E.Z.

— Por onde andou, cara? — ele perguntou. E.Z. sorriu e estendeu-lhe a mão.

— Jo, este é meu empresário, Max Cole. Max, Jo.

— Oi — Max resmungou, enquanto tirava uma caneta do bolso da camisa em um bloco de anotações do bolso da calça.

— E.Z., liguei para todos os hotéis desta área tentando en­contrá-lo! Onde se meteu?

E.Z. foi até o bar e fez um sinal para Jo, oferecendo-lhe o suco de laranja gelado que os esperava em uma jarra. Ela aceitou.

— Estive por aí, Max. Qual é o problema?

— Qual é o problema? — ele explodiu, antes de virar-se para a cabine e gritar com o piloto. — Feche a porta e tire este avião do chão de uma vez! — E.Z., tenho uma pilha de contratos para você assinar. Ofertas para um ano inteiro que precisam ser aceitas ou recusadas. Você ganhou mais um pré­mio e a gravadora quer que vá recebê-lo. E seu último LP chegou ao disco de platina!

Enquanto Max falava, E.Z. serviu dois copos de suco, en­tregou um a Jo e chamou-a para sentar-se ao seu lado. Guardou os óculos no bolso e cochichou no ouvido dela.

— Ele é um pouco agitado, mas inofensivo.

— Os músicos estão ficando impacientes, E.Z. Não sabem o que você anda compondo. Se ao menos lhes mandasse umas fitas gravadas, eles poderiam ir trabalhando.

— Não, Max. Você sabe que não deixo ninguém ouvir en­quanto não terminar tudo. Mas não há pressa.

— Como não? Você tem um contrato para gravar outro disco no mês que vem! O que pretende fazer em relação a isso?

JO - Quatro Destinos 2Onde histórias criam vida. Descubra agora