CAPÍTULO ÚNICO.

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PRIMEIRA PARTE

Maya Appel:

Os garotos bronzeados e por vezes latinos, me chamam a atenção quando chego a Califórnia. Eles me parecem bons, daqueles que sabem exatamente onde tocar, onde beijar e o que dizer. Mas eu preciso manter o meu foco e honrar o motivo pelo qual eu vim de Nova York até Los Angeles: Mia Appel, minha irmã gêmea.

Mia desapareceu há duas semanas, sem deixar rastros ou qualquer circunstância que me deixe saber para onde ela foi. Os únicos que talvez possam me ajudar, são os amigos de faculdade de Mia, e principalmente a colega de apartamento dela.

Todos se assustam quando notam minha semelhança com Mia, e pelo o que parece, ela nunca mencionou que tinha uma irmã, muito menos gêmea. Mesmo que Mia ainda mantenha os cabelos escuros naturais e eu já tenha passado por todos os tons de loiros, ainda somos uma fiel cópia uma da outra.

As coisas correram rápidas desde que cheguei em solo Californiano. Algumas horas atrás, eu estava ligando para Blake Hall, um dos amigos de Mia, pedindo que ele me levasse até Alice Cooper, a melhor amiga dela, mas Alice parecia tão assustada quanto eu.

Eu percorri de ônibus mais de duas mil milhas para ouvir Alice me dizer que não sabia para onde ela foi. Aquilo quebrou meu coração. Alice dividia um apartamento com Mia, as duas estavam sempre juntas e mesmo assim, uma não sabe da outra. O apartamento trancado e as chaves desaparecidas, me deixam confusa.

Ainda me lembro dos olhos apreensivos de Alice enquanto eu tentava achar um caminho:

— Mia teve contato com mais alguém? — perguntei a ela, na tarde em que eu estava em frente ao apartamento delas.

— Hm, a Mia é apaixonada pelo Tom. Ela já te disse algo sobre ele?

— Não, quem é?

— É o nosso vizinho, ele é músico, canta em uma banda de rock e todo final de semana faz um show em um bar aqui perto.

— Você pode me levar até ele?

— Claro, claro. Eu vou pedir para o Blake ir também, você sabe, questão de segurança.

— Ótimo.

Acho que meus olhos se encheram de esperança, porque Alice finalmente me devolveu o olhar otimista e sorriu.

No sábado, às 11 da noite, lá estávamos nós em um desses bares que cheiram a fumaça, cerveja e morte. Se a morte tivesse um cheiro específico, seria esse.

— Maya, é ele. — Blake toca gentilmente o meu braço, chamando minha atenção para o palco.

Tom Layne. O típico cara bonito, popular e encantador — Alice completa o meu raciocínio.

Cruzos os braços. Eu até poderia contar para vocês o que ele estava cantando, mas a acústica desse lugar é péssima, e ele mais grita do que canta.

Blake pegou uma lata de cerveja para mim e Alice. Nós três ficamos ali, em pé até ele acabar de cantar — ou melhor, gritar. — Tudo o que eu fiz até agora foi observá-lo de longe. Seu cabelo cacheado e cortado nas laterais me lembrou o gosto que Mia tem para garotos, ele é alto, magro e deve ter uns 19 anos como nós.

— Maya, o que você vai fazer? — Alice pergunta.

— Vou até lá. — Entrego minha cerveja para Blake e arrumo meu cabelo.

Tom está parado no bar, bebendo cerveja acompanhado de garotas que não tem um pingo de senso quando o assunto é se vestir. Minha calça skinny clara e minha jaqueta de couro preta são as peças mais elegantes presentes nesse lugar. Acreditem em mim.

Ela, Ele e Mia no MeioOnde histórias criam vida. Descubra agora