Capítulo 4

812 155 44
                                    

Os dias passavam depressa, assim como as folhas das árvores caiam no chão pintando a paisagem com as cores do outono, Ghael surtia de novos sentimentos com relação Angelina, fazendo- o tomar medidas perigosas para falar com a moça. Em uma tarde ensolarada, pediu para que uma das filhas da cozinheira fosse até o convento entregar um bilhete a ela discretamente, com a desculpa que havia ido comprar licor e mudas de rosa para presentear a mãe.

"Querida Angelina, tenho convicção das tuas escolhas mesmo que não as compreenda por completo. Mas quero que saiba, desde o dia em que te vi, seus lindos olhos não abandonaram os meus pensamentos e ainda sinto o toque suave da sua mão. Ass: Ghael"

Alguns dias depois, após várias idas frustradas da garota ao mosteiro com as mesmas desculpas esfarrapadas, ela finalmente retorna com um bilhete de Angelina, deixando o rapaz felicíssimo com a possível resposta da moça.

"Querido Ghael, passei todos esses dias refletindo sobre o seu bilhete, cheguei a conclusão que devo lhe confessar que sinto o mesmo com relação a você, mas que fique claro, isso vai além de todas as regras da Igreja e que a partir de hoje não irei permitir nenhuma aproximação da sua parte, nem responderei nenhum dos seus bilhetes. Eu já fiz a minha escolha, escolhi me entregar a Deus. Me desculpe! Ass: Angelina ."

Ghael nem se quer prestou atenção nas últimas palavras do bilhete, seu coração saltitava de felicidade ao saber que ela supria dos mesmos sentimentos que ele.

Pelos próximos dias, o rapaz passou a frequentar o convento frequentemente, tentando a todo custo descobrir um pouco mais sobre Angel, nome que ele a havia apelidado, sempre com o intuito de fazer doações ou ajudar em algo na comunidade. Todas as Irmãs inclusive a Madre já o conheciam e se simpatizavam com ele, mas a Irmã Angelina se mantinha sempre distante e afoita o observando de longe.

Contrariando a todos os pedidos dela para se manter afastado, naquela noite quando todos já haviam dormido, ele seguiu rumo a abadia dirigindo a caminhonete do pai, parando à alguns metros de distância para não ser descoberto pelas freiras. Olhando pela cerca de arame liso que rodeava todo convento, Ghael viu o quarto de Angel na qual ele havia descoberto dois dias atrás, o aposento estava pouco iluminado através da janela semi aberta.

Lentamente sem fazer barulho ele pulou a janela do cômodo, assustando a moça que estava sentada na cabeceira da cama lendo algum versículo da bíblia.

Angelina se levantou e o olhou pasma, quase sem acreditar que ele realmente estava ali na sua frente, a pele antes rosada agora estava completamente branca, tomada pelo susto e principalmente pelo medo de vê-lo tão perto e não conseguir conter seus desejos mais íntimos.

-Ghael você não deveria estar aqui!- sussurrou.

-Sim. Eu deveria!-falou baixinho se aproximando dela.

Angelina tremia incansavelmente, a atração entre os dois era tão forte quanto um furacão raivoso prestes a engoli-los. Mas apesar de tudo, Ghael era sensato sobre os seus atos e sabia que ali era um local sagrado e merecia respeito.

-Angel-disse fechando os olhos, encostando a testa na dela.

-Ghael-sussurrou trêmula, sem forças para se esquivar.

Ele afastou um pouco o rosto, a olhando nos olhos vibrantes, como uma forma de convencê- la a aceitar o que ele estava prestes a pedir.

-Angel, se encontre comigo amanhã a tarde no bosque? Por favor!-implorou esperançoso com o coração batendo forte no peito em ânsia de poder beija-la.

Angelina engoliu em seco diante a proposta para ela tão profana, mas ao mesmo tempo tentadora e perspicaz. Os sentimentos por Ghael estavam lhe fazendo passar noites em claro sem conseguir dormir, imaginando como seria estar com aquele homem.

-Sim. Eu te encontro lá amanhã! Agora vá por favor-pediu clemente.

Ghael sentiu como se o coração fosse sair do peito de tanta felicidade. Ele tocou os lábios dela com os seus rapidamente, roubando lhe a virgindade da sua boca volumosa como um lobo sedento, em seguida pulou a janela, deixando Angelina ali petrificada com as mãos nos lábios, ainda inebriada pela sensação maravilhosa que lhe acendeu o corpo inteiro.


Entre as folhas do OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora