When you love someone

Através de olhos azuis tempestuosos

  Desde criança fui ensinado a ter orgulho do meu nome e do meu sangue, fui moldado para ser um Malfoy digno e que daria mais um herdeiro a família e assim seguiria, por bastante tempo, principalmente na infância, eu seguir a rigor, sempre brincava com filhos de homens que meus pais consideravam dignos. Pansy era, não, ela é minha melhor amiga, sempre contei tudo a garota. Meus pais já achavam que um dia me casaria com a mesma. E foi a Pansy que eu confidenciei minha primeira quebra de regras de como ser um Malfoy, contei a menina que achava meninos bonitos de querer agarrar e roubar o primeiro beijo, pobre criança, tinha uns nove anos, inocente, perto de completar onze anos, já havia recebido minha carta de Hogwarts e já sabia que pra se ter herdeiros precisava necessariamente de um homem e uma mulher, e também já sabia que preferia meninos, olhe bem, fui criado pra sentir orgulho do que sou, e como inicialmente não sabia que estava quebrando uma regra, apenas aceitei e não me vi como errado.

  A partir do momento que contei a Pansy que achava meninos bonitos, passamos a ficar conversando sobre garotos, mas eu sempre me mantive na minha postura Malfoy de sempre, então ninguém nunca nem imaginou que conversávamos sobre meninos. E a Pansy eu confessei meu segundo pecado. Foi quando eu e meus pais fomos ao beco diagonal comprar meus materiais para meu primeiro ano em Hogwarts, minha mãe me deixou para experimentar o uniforme, enquanto ia a Grigotes, estava eu me admirando no espelho com uniforme quando eu o vi entrar, aqueles cabelos negros apontando para todos os lados, ele acabou experimentando roupa ao meu lado, me apresentei e logo em seguida me perdi no verde daqueles olhos, eu sabia que queria aquele menino, que infelizmente queria se desperdiçar na Grifinória, não importava eu iria fazer ele andar comigo. Logo minha mãe me buscou e eu deixei aqueles olhos verdes para trás, com determinação de fazê-lo ser, acho que, meu amigo.

  Em casa já estava escrevendo uma carta para Pansy contando sobre o garoto Potter, e já planejando como faria para me tornar amigo daquele garoto. Não demorou muito até o dia que embarquei pela primeira vez no Expresso de Hogwarts, estava animado para ser selecionado para a Sonserina logo e poder reencontrar aquele garoto dos olhos verdes. E toda a animação acabou no momento que ele rejeitou minha amizade para defender aquele traidor de sangue, sentir como se tivessem enfiado uma adaga em mim, o ódio me percorreu e ali começou os três piores anos da minha vida, onde quase todos os dias minha mãe recebia uma carta do meu padrinho e diretor da minha casa para falar que essas minhas brigas com Potter estavam ficando desproporcionais. E minha mãe sempre era chamada pelo velhote do Dumbledore para escutar reclamações de mim.

  Minha mãe por algum motivo não brigava comigo e nem devia contar ao meu pai, já que o mesmo nunca apareceu para ele mesmo me por na linha. Durante as férias minha mãe era quem me ouvia todo dia reclamar do Santo Potter, ela dava umas risadinhas de algumas das minhas histórias e nunca reclamou das minhas reclamações, sempre dizia que um Malfoy deve ter conhecimento de tudo que se passa por ele. No início eu não entendi, eu tinha total conhecimento sobre tudo que eu sentia, bem eu achava que sabia. Nas férias após o terceiro ano minha mãe resolveu um dia insistir que eu saísse com Pansy para tomar um sorvete e comprar o material pro quarto ano em Hogwarts, ela não desistiu até me ver saindo de casa pra encontrar Pansy na sorveteria. Minha mãe deveria achar que eu e a garota ainda iríamos namorar, que só precisava de um empurrãozinho, eu acho que deveria informar a ela que não, e contar que gostava de garotos, eu contei pra ela até que eu queria ser MediBruxo, contaria mais isso, mas não no momento. Quando finalmente cheguei ao local e fui passar o olho em busca da morena, meus olhos cravaram por um momento e olhos verdes que também cravaram meus olhos, não entendi o motivo de ter sentido como se estivesse nu e precisasse sair do alcance de seu olhar, não demorou muito pra Pansy chegar e ficar falando que Potter estava toda hora olhando pra nós e ficar rindo da situação, ela ainda achava que queria algo com aquele garoto.