Capítulo 2

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O som de um martelar incessante despertou Abbie de seu sono tranquilo. Gemendo, ela virou-se e enterrou a cabeça debaixo do travesseiro, mas não conseguiu abafar o horrível ruído.

"O sujeito que está fazendo este barulho todo, numa manhã de domingo, deveria ser preso e condenado", pensou.

Numa manhã de domingo! De repente, Abbie percebeu que não havia ninguém martelando. Estavam era batendo na porta de seu apartamento. Apressada, ela jogou as cobertas para o lado e sentou-se na cama, procurando o roupão com olhos embaçados de sono.

— Já vou! — gritou, achando e enfiando o roupão com movimentos ainda descoordenados.

O despertador foi colocado sobre a cômoda, longe da cama, para que tivesse que se levantar para desligá-lo, quando tocasse. Agora, o ponteiro maior estava apontando para o número um, e o sol, entrando pela janela, iluminava todo o ambiente.
Não era possível! Não podia ser uma hora da tarde!

Com um suspiro, Abbie percebeu que o despertador estava parado. Esqueceu de lhe dar corda, na noite anterior. Certa de que já devia ser horrivelmente tarde, apesar de não ter ideia da hora exata, ela atravessou correndo o cômodo principal do apartamento, que incluía sala de visitas, sala de jantar e cozinha. 

Jogando a massa de cabelos avermelhados para trás, abriu a porta que dava para a escada externa da garagem, deparando com o pai em pé, do lado de fora.

Ele estava de terno e gravata, e examinou-a por um momento, antes de sorrir, divertido.

— Não creio que esta seja uma roupa apropriada para você ir à igreja.

— Meu relógio parou. — Naturalmente, Abbie não mencionou que tinha se esquecido de lhe dar corda. — Que horas são?

— Faltam dez minutos para o serviço religioso começar.

— Não vou conseguir me arrumar em cinco minutos. Você e mamãe terão que ir sem mim.

— Ela não vai gostar disto — ele avisou-a, com seriedade. Mas, logo em seguida, sorriu de novo, com ar maroto. — Foi uma pena eu não ter pensado nessa desculpa também.

— Mamãe é o seu despertador. Ela teria colocado você de pé com tempo de sobra para se arrumar.

O som impaciente de uma buzina ressoou pelo pátio. O sr. Lee olhou para a garagem.

— Sua mãe detesta chegar atrasada. O que devo dizer a ela? Que você vai depois?

— Quando eu terminar de me arrumar, o serviço religioso estará pela metade. É melhor vocês transmitirem minhas desculpas ao reverendo Augustus, por não ter podido comparecer. Mas digam a ele que não faltarei ao chá do Clube das Senhoras.

— Sua mãe fará isso. — Ele começou a descer a escada pintada de branco. — Até depois, então.

Não tendo mais motivos para se apressar, Abbie tomou um banho demorado, de chuveiro. Os pingos mornos despertaram seus sentidos e eliminaram os últimos traços de sono, e ela saiu do boxe sentindo-se revigorada e animada. Com uma toalha em torno dos cabelos, vestiu novamente o roupão de algodão amarelo e foi para a cozinha.

Uma espécie de balcão separava a área ocupada pela cozinha do resto do cômodo. Embora houvesse uma mesa pequena e duas cadeiras, num canto, Abbie geralmente só a usava quando tinha companhia, preferindo o balcão para as refeições que fazia sozinha.

Como não faltava muito para a hora do almoço, ela tomou apenas um copo de suco de laranja e uma xícara de café, sentada na banqueta alta, que ficava junto do balcão. Quando terminou, a toalha já havia absorvido quase toda a umidade de seus cabelos, e não levou mais que alguns minutos para acabar de secá-los, com um secador de mão. Os fios avermelhados de tintura, naturalmente jeitosos, assumiram um estilo solto e casual, curvando-se em torno de seu pescoço.

Enticement || Im Jaebum GOT7 ||Onde histórias criam vida. Descubra agora