Capítulo 4

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Abbie não se lembrava de ver tanta gente na igreja há muito tempo, principalmente levando-se em conta que não era Páscoa nem Natal.

Obviamente, muitos tinham ido por pura curiosidade. A figura de Jaebum, conduzindo o serviço religioso do púlpito, vestida de negro, era mesmo de impressionar qualquer um.

O sermão já estava no meio, quando Abbie percebeu que ele não estava usando um microfone. No entanto, sua voz bem modulada atingia, sem esforço, todos os recantos da igreja.

Ele falava com naturalidade, como se estivesse conversando em vez de pregando um sermão. Seus gestos nada tinham de dramáticos ou.teatrais, e em muitos momentos a congregação chegou a rir do humor contido em suas palavras.

Todos tiveram a impressão de que Jaebum mal havia começado, quando ele terminou. Pela primeira vez em sua vida, Abbie se viu desejando que um sermão fosse mais longo.

Lançando um rápido olhar aos pais, sentados no mesmo banco, ela viu que o pai examinava o relógio com ar surpreso, enquanto a mãe continuava a dar toda a sua atenção ao homem no púlpito.

Minutos depois, eles se juntaram às pessoas que saíam da igreja. A fila movia-se vagarosamente, pois todos paravam na porta, para apertar a mão do ministro.

Inclinando-se para a filha, Min Joo murmurou:

— Seu reverendo não é mau, Abbie.

— Ele não é meu reverendo, papai — ela corrigiu num tom de voz igualmente baixo. Não gostou nem um pouco da insinuação de que estava, de certo modo, ligada a Jaebum, só porque tinham almoçado juntos uma vez.

— Se você diz... — Ele deu de ombros, deixando que ela passasse à frente, quando a fila para cumprimentar Jaebum transformou-se em fila indiana.

Abbie esperou, pacientemente, sua vez, um arrepio de antecipação esquentando-lhe o sangue, enquanto observava Jaebum conversando com o casal a sua frente. O hábito negro tornava os cabelos dele mais castanhos do que preto, mas não diminuía em nada a máscula atração que ele exalava com a mesma facilidade com que respirava.

Num dado momento, o olhar dele desviou-se do casal e fixou-se no rosto dela. De imediato os olhos intensamente negros brilharam, assumindo uma expressão que a fez sentir-se especial.

Seu coração falhou uma batida, mas Abbie recusou-se a admitir, mesmo para si mesma, que aquilo pudesse ter um significado qualquer. Ela era só um rosto familiar, alguém que ele conhecia, no meio de tantos estranhos.

A troca de olhares não durou mais do que alguns segundos. A atenção de Jaebum voltou-se novamente para o casal, e a conversa continuou. Logo, no entanto, o casal se despediu e chegou a vez de Abbie. De perto, Jaebum pareceu-lhe maior e mais imponente, com o hábito negro. A mão dele segurou a sua, num cumprimento, não a soltando mesmo quando tentou puxá-la.

— Então, qual é o veredicto? — Havia um brilho divertido e caloroso no olhar que ele lançou às próprias roupas. — Passo ou não passo.

Abbie percebeu que Jaebum estava brincando com ela, por causa das críticas que tinha feito ao modo como ele se vestia, e sorriu.

— Passa. E devo reconhecer que também falou como um ministro, reverendo.

Ele jogou a cabeça para trás e riu. Foi um riso baixo e grave, mas nem por isso menos autêntico.

— Este foi o melhor cumprimento que recebi, hoje — disse, inclinando a cabeça num gesto de zombeteiro reconhecimento. — Obrigado, srta. Lee.

— Não há de quê, reverendo.

Abbie virou-se para descer a escada, mas Jaebum impediu-a, continuando a segurar sua mão com firmeza. Confusa, olhou-o, mas a atenção dele já tinha se desviado para seus pais.

Enticement || Im Jaebum GOT7 ||Onde histórias criam vida. Descubra agora