Verão - Terceira pétala

15 2 3
                                    

Minutos depois eu acordo e percebo que estava deitada no colo dele, me levanto um pouco rápido e coro, ele me olha, sorri e afaga meus cabelos.

-Você estava dormindo tão bem que não queria acordá-la. -

-Que horas tem?-vejo no relógio assim que pergunto.- Ai meu deus já está tarde, preciso ir.

-Mas quando podemos nos ver de novo? -diz Seiji segurando minha mão me parando.

-Amanhã... Amanhã eu voltarei e ficarei embaixo da cerejeira te esperando.-sorri e coro um pouco.

Ele beijou minha mão e se despediu de mim e fui correndo para o templo antes que pudesse ficar de noite, cheguei e a velha sacerdotisa me esperava um pouco preocupada.

-Sinto .... Sinto muito vovó, eu acabei dormindo embaixo de uma árvore e não notei as horas, isso não irá se repetir de novo.

-Acalme-se minha criança, o importante é que você esta bem, só não se atrase mais.- ela põe um cobertor nas minhas costas e fomos para dentro do templo.

Quando terminei de fazer o jantar, senti um vento frio chegando, os monges ainda estavam terminando de limpar o local e coletar dinheiro do sino, fui ajuda-los a limpar o local até que escuto gritos de alerta de alguns monges que estavam no grande sino.

-Kitsune! Kitsune! - Genma o segundo monge mais idoso do templo grita.

-O que? Onde?-Corro para ver o que estava acontecendo.

A Kitsune estava bagunçando o local, escondendo algumas moedas do Sino e pichando o mesmo com tintas coloridas. Tentei chamar a atenção dela mas nada, até que joguei um pouco de tinta em sua máscara e automaticamente ela olha para mim.

-Como ousa jogar tinta em mim mera humana.- dizia a Kitsune com sua voz grossa amedrontadora.

-E você, como ousa sujar e bagunçar um local sagrado como este? - Digo sem desviar o olhar.

-Criança você não deve falar assim com esse espirito... Você não sabe do que ele é capaz- Genma põe a mão em meu ombro.

-Mas eu não acho justo ele vir aqui e bagunçar tudo, ele não pode me ferir eu não o ataquei nem nada. -

-Escute esse velho garota, ou vai se arrepender- a Kitsune começa a rir e some numa neblina densa.

Rangi os dentes e bufei irritada, peguei o material de limpeza e tratei de limpar o sino, os monges se ofereceram para ajudar mas eu recusei e pedi gentilmente para eles deixarem isso comigo e irem jantar. Demorou quase duas horas até eu achar todo o dinheiro arrecadado, quando terminei entrei no templo e vi um prato pronto na mesa, ao terminar de jantar tomei um banho e fui dormir.

Na manhã seguinte a sacerdotisa me acordou para ir receber os visitantes no templo, fiquei muito animada, fazia tempo que não tinha muitos visitantes aqui, então tratei de colocar meu kimono e corri para o portão e juntar um grupo considerável de turistas para fazerem um tour pelo lugar.

-Boa tarde, se quiserem fazer um tour pelo templo é só vim comigo .- sorria gentilmente para eles.

Enquanto fazia o tour, respondia todas as dúvidas dos turistas até que chegamos no Grande sino, e um turista veio até mim e perguntou como se usa.

-Veja é muito simples, você joga algumas moedas aqui nesta caixa e toque o sino duas vezes e faça o pedido... - sorri - sinta-se a vontade.

Quando o tour terminou, fiz uma pausa para que os turistas de sentissem mais livres para andarem pelo templo e pela trilha, sentei-me num banco perto do sino e fui fazer um lanche rápido. Estava dando minha ultima mordida no pão de curry quando um monge pediu para eu dar uma olhada em umas crianças que estavam brincando com pistolinhas de água. Entendi o recado e fui ate elas.

- Olá crianças, posso pedir um favorzinho para vocês?- digo dando meu melhor sorriso.

-Claro Onee-san!- uma das crianças que estavam com uma pistolinha quase vazia falou.

- poderiam brincar em um lugar um pouco mais espaçoso? Pois podem acabar molhando as pessoas e elas podem ficar chateadas.

Um menino veio ate mim e puxou meu quimono me chamando.

- E onde poderíamos brincar? Não podemos nos afastar dos nossos pais.-

- E onde eles estão? - pergunto enquanto fazia sinal para eles se juntassem em um grupo.

Eles apontam para a barraca de lembrancinhas e peço que me esperem aonde estão e vou até seus responsáveis.

-Com licença, vocês são os responsáveis pelas crianças que estão com pistolinhas de água?

Uma mulher bem bonita vestindo um quimono rosa falou.

-Sim, sou a mãe delas. Minhas crianças lhe causaram algum problema? -pergunta preocupada.

-Não não, eu só queria pedir permissão para que elas brinquem atrás do templo, pois elas podem acidentalmente jogar água em algum visitante.

Ela concordou e logo levei as crianças para o local que indiquei, elas se animaram por ser um local espaçoso e logo começaram a brincar. Antes de sair eu dei um aviso a elas.

-Se acontecer alguma coisa, não hesitem em me chamar- Sorrio e saio do local.

Passaram-se alguns longos minutos e eu estava cuidando da barraca de lembrancinhas quando vejo uma das crianças correndo em minha direção e chorando.

- O que houve pequeno? -Disse com uma voz calma porém preocupada.

- Um-Uma raposa ro-roubou nossos brinquedos!- disse entre soluços.

-chame as outras crianças e fiquem com seus pais, vou recuperar seus brinquedos.

Assim que digo isso, escuto um barulho atrás do templo e saio correndo ate lá, vejo uma fumaça preta e começo a tossir e tapar meu nariz. As crianças que estavam brincando lá saíram correndo e tossindo.

-Onee-san, onee-san, tem um monstro lá -Aponta para a fumaça preta no local- parece uma raposa!

-Ah é mesmo? - digo ja com raiva daquela raposa miserável.

Pego um bastão de bambu e entro naquela cortina de fumaça preta, mesmo que os monges que estavam la estivessem gritando para que eu não fosse pra lá, eu não dei ideia e apenas fui com toda a minha coragem.

Flores de CerejeiraOnde histórias criam vida. Descubra agora