dois

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Ela era um tanto quanto estranha. Tinha tudo ao seu dispor, mas jamais fazia proveito disso. Ou, talvez, fosse apenas medo de mais.

Sim, ela tinha medo, muito medo, bastante... Medo das cidades grandes, das rodas de amigos, dos olhares no caminho até a escola, dos professores rígidos.

Confesso que sempre a entendi. Ter medo não é algo ruim. Quando pequenos, nos é ensinado que é perigoso falar com estranhos, nos aproximar, aceitar seus doces. Não é como se ganhassemos uma armadura quando crescemos, os estranhos não se tornam conhecidos porque temos centímetros a mais.

Mas ela era fácil, fácil de lidar, fácil de entender, fácil de aceitar, fácil de amar, tão fácil que tornava-se difícil. Difícil entender, difícil não achar engraçado, difícil não sentir que você iria machucá-la se permanecesse tão perto.

A realidade estava sempre ao lado, ela precisava de uma pitada de sal para dar sabor à vida. Bom, acredite ou não, quando a encontrou, ele não levou tempero.

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