√ Larissa
— Tchau Liz, já estou atrasada, de noite nos vemos. — aceno, afastando-me aos poucos.
Viro a esquina. Entro na primeira floricultura que vejo, assim que abro a porta ouço o sininho avisando a minha chegada, logo a visto uma moça indo para o balcão.
— Pois não, o que deseja? — diz a atendente com uma voz de tédio e cara de sono.
Juro que não queria ser indiscreta, mas não deu de disfarçar a minha cara de espanto. Ela é a típica garota gótica, toda de preto, maquiagem pesada e cheia de ferro. Sinceramente, acho isso bem exagerado e desnecessário.
— Sim, pode. — respondi. — Gostaria de um buquê de tulipas para agora.
— Claro. — ela vira o rosto. — DYLAN, UM BUQUÊ DE TULIPAS PRA AGORA! — Grita. Eu quase fico sem audição. Pelo visto ela é bastante delicada.
— Ok! — uma voz responde.
— Agora é só aguardar, em um instante estará pronto. — ela abre um sorriso falso no rosto e eu apenas aceno com a cabeça.
Afinal, como alguém tão sombrio pode trabalhar em um lugar tão colorido? Só podia estar sem opção.
Passei a andar um pouco pela loja e observar mais, não me impressiona que aqui não seja movimentado, o lugar é até bonito, porém, não é bem cuidado.
Ouço um assovio, direciono minha atenção para o balcão novamente e vejo as flores logo em seguida.
— Aqui está sua encomenda, são apenas R$120,00. — ela diz.
Abro minha carteira, dou o dinheiro a ela. Pego o buquê e saio as pressas a procura de um táxi.
Preciso chegar logo se não minha mãe vai ficar desapontada comigo.
Pego um táxi. Em questão de minutos chego a casa da minha mãe, ainda bem que o trânsito não estava um caos hoje.
Bato na porta e ela logo atende.
— Feliz aniversário!! — lhe dou um abraço apertado e entrego as flores.
— Finalmente minha filha, achei que não viesse.
— Trabalho... você sabe como é né mãe. E o seu presente? Gostou da geladeira?
— Amei minha filha, mas não precisava se incomodar. Venha logo, já vão cantar os parabéns para mim!
— Estou indo! — tiro o meu casaco, coloco em um dos cabides que há na sala e vou até a área.
A casa da minha mãe é bem espaçosa e mesmo depois de anos ela nunca mudou nada, a cor marrom e o buraco na cozinha continuam no mesmo lugar, dizendo ela que são lembranças importantes.
— Titia, titia, titia! — minha sobrinha vem correndo até os meus braços, eu a pego no colo e dou-lhe vários beijinhos.
— Uau princesa! Como você cresceu.
— Até que fim Larissa! Achei que não ia vir. — ouço a voz desagradável da minha irmã, como sempre, um amor de pessoa.
— Mas eu vim. — coloco a minha sobrinha no chão.
— E onde está o Carlos e o Mateus?
— Viajaram, não poderam vir. — respondo, querendo que aquela conversa acabe logo.
— Hora dos parabéns! — meu amigo Vinicius diz e todos vão para perto da mesa.
Salva pelo gongo!
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Judith
Short Story[NÃO REVISADO] Conto/Romance Lésbico. "Esquecemos daquilo que mais queremos lembrar, e lembramos do que mais queremos esquecer." *** 5° Lugar na Categoria Lésbica no Concurso TOP5LGBT. Publicada em: 19/02/2018