A Rebelião dos Semideuses

Os herdeiros.

*Os herdeiros.*

       Eles vieram por todos os lados, semideuses morriam um atrás do outro, lestrigões entraram ao norte, junto aos ciclopes. Gustav e os outros dois filhos de Poseidon seguiram nessa direção, segurando suas armas, então lampejos azuis e água correram por todo o Acampamento Meio-Sangue. Izzy, filha de Atena, correu na direção de seus irmãos de apenas doze anos protegendo os dois de três quimeras, a filha de Deméter lutava contra uma das três górgonas, a situação estava caótica. Marcos estava vendo tudo, procurando Sophia por todos os lados, mas a deusa não estava presente. O filho de Zeus viu um filho de Apolo segurando um pequeno arco de madeira, seu nome era Dante e havia chegado naquele mesmo dia, ele tinha apenas seis anos e morreria ali mesmo, nas mãos de um gigante de seis metros de altura coberto por uma armadura de aço. O filho de Zeus levantou-se da mesa, passou a mão pelo cabo de sua clava e segurou a mesma firmemente, correndo naquela direção. O primeiro golpe acertou o joelho do gigante, dilacerando-o. Quando o mesmo caiu no chão, Marcos golpeou sua cabeça com tanta força que sentiu o crânio sendo esmagado.

       Em fogo e sangue o acampamento foi destruído, corpos de monstros e semideuses jogados por todos os lados. Crianças e jovens mortos em um ataque surpresa, que poderia ter sido evitado caso a barreira estivesse de pé, mas Sophia havia sumido. Gustav havia sobrevivido, foi socorrido por Marcos junto à criança Dante. A cena nunca será tirada da mente de Marcos, o fracasso corria por suas veias. Ele era protetor daquelas pessoas e havia falhado, sentia-se culpado e nunca se perdoaria. O filho de Zeus não aguentou a dor de ver seu acampamento destruído, o fogo cobrindo a terra e sendo apagado por sangue fresco, seu melhor amigo quase morto, uma criança assustada, e onde estavam os deuses? Olhando a destruição de seus filhos do alto? Filhos de Ares jogados na colina, dois filhos de Deméter enforcados em árvores próximas, um dos filhos de Dionísio havia sido morto asfixiado, com cachos inteiros de uva enfiado goela adentro.

        Marcos adentrou o salão do Olimpo com seu sangue pingando no chão limpo, sua clava raspava no chão produzindo um barulho infernal. Todos os deuses sentados à mesa, alimentando-se, rindo ao som da lira de Apolo. O silêncio cortou o ar com a entrada do filho de Zeus, o senhor dos deuses olhou para sua prole depois direcionou o olhar para Hera. Sua expressão era de completo desprezo, a deusa segurava uma corrente muito semelhante às produzidas pelo deus Hefesto que prendia os pulsos de Sophia próxima a cadeira de Hera. Quando a senhora dos deuses abriu a boca para falar a clava de Marcos voou por cima da mesa e acertou a parede rente a orelha de Hera, a deusa calou-se no mesmo momento.

        — Nunca mais verá a luz do sol se fizer isso novamente irmão.- disse Ares, sentado ao lado de Poseidon - Semideuses não são bem vindos nesse salão.

       Gustav adentrou o salão logo atrás de Marcos segurando um tridente feito de bronze. Poseidon segurou o ar olhando para seu filho coberto de sangue. Zeus estava inerte enquanto os outros deuses perguntavam-se o que estava havendo. Apolo endireitou-se na cadeira ao olhar para os olhos de Dante trêmulos de medo, o pequeno semideus permaneceu atrás da grande porta do salão apenas observando os deuses.

        — Vamos todos nos acalmar e conversar como seres civiliz... - o tridente de Gustav cortou o salão acertando as correntes que prendiam Sophia, a deusa apertou os pulsos porém não parecia machucada. Se levantou de cabeça baixa, mas logo depois olhou para Zeus.

       — Venha irmã.- disse Marcos com o braço estendido, observando a deusa menor vindo em sua direção. Após a chegada de Sophia para o seu lado, Marcos olhou nos olhos de Zeus, havia um corte no rosto do semideus, dificultando sua visão - Você não disse à eles? Não disse que a sua esposa condenou todos nós a morte?

  

       — E o que você queria que eu fizesse, Marcos? Os deuses não se envolvem nos assuntos mortais. - disse Zeus, sua voz era firme como a de um rei, mas havia culpa em seus olhos mesclado com o ódio por ter sido desrespeitado - Hera teve uma atitude imprudente...