lil' doll♣ {m.yg + j.hs}

real.

Durante uma gestação, a mulher deve ficar, no máximo, nove meses com seu filho na barriga. O sentimento gerado daqueles dias podem ser mais fortes que em outros casos. Naqueles momentos, ela sentirá uma pequena vida crescendo dentro e através de si. Ela deve conceber ao mais novo ser humano uma chance de ter uma vida digna e segura.

Era assim que Yeeun pensava quando aos seus 17 anos estava grávida de um homem, do qual jurava ser sua única paixão. Seu coração bobo e frágil, por estar em uma situação tão delicada, acreditou que daquela relação sairia amor e um final feliz. Ela carregava um filho de ambos, um pequeno menino que viria ao mundo para iluminar os seus dias. Para iluminar a sua vida.

Um dos piores dias de sua vida fora aquele em que seu marido levantara a mão para si, ele estava bêbado, fedendo a cachaça e sexo. Yeeun havia passado o dia fora de casa para comprar coisas ao mais novo integrante da família. Ao chegar em casa, ela se deparou com o seu esposo deitado com uma garrafa de pinga entre os braços. Ela não gosta de lembrar desse dia.

Apesar das desavenças, a mulher conseguiu dar a luz ao seu filho, o qual nasceu saudável e bonito. Yeeun amava cuidar de seu bebê, dá-lo leite e niná-lo até fechar os olhinhos para uma noite cheia de sonhos, e pesadelos para si. Ela tinha medo de seu marido, do pai de seu filho. O homem passava poucos dias em casa e esses eram sempre cheios de palavras sujas e surras irracionáveis. Ela jurava a si mesmo que nunca deixaria seu marido levantar a mão para seu filho.

O pequeno Jung cresceu com muita saúde, seus olhos e sorriso encantavam Yeeun. Eles aparentavam inocência e amor, o sentimento de felicidade enchia seu coração em pensar como seu filho seria no futuro. Quantas pessoas ele poderia ajudar e como ele poderia alegrar aqueles que estivessem junto a si. Ele era seu pequeno anjo.

Como toda criança, Hoseok tinha um amigo imaginário. O pequeno contava a sua mãe como o amigo era e como o sorriso dele era fofo, o qual mostrava perfeitamente as gengivas com os pequenos dentes. Yeeun não se importaria com o pequeno falando isso, já que ele ainda era tão novo, porém, certo dia, ao levar o menino para comprar seu presente de natal, Hoseok preferiu escolher algo - que de acordo com ele - era do gosto de seu amigo. Naquele dia eles voltaram com um boneco, sem rosto e uma roupa feminina, para casa.

A mãe estava preocupada com seu filho. O menino era o único entre os filhos de suas amigas que ainda acreditava em um amigo imaginário. Assim, ela decidiu leva-lo ao médico, queria entender o que passava com seu bebê ou se isso seria apenas algo de sua cabeça. Ela não tinha medo, mas estava ansiosa pelas respostas a serem encontradas. Entretanto, Yeeun não obteve o que queria. O médico encarregado pela saúde do pequeno Jung apenas receitou um remédio ao menino e um retorno em alguns meses.

Yeeun teve medo. Ela sentiu temor ao ver seu filho chorando e perguntando pelo amigo imaginário, ele tinha apenas dez anos quando tomou a sua primeira pílula. Não era nada forte, de acordo com o farmacêutico, mas traria efeitos catastróficos. Ela queria o proteger, tirá-lo daquela angústia, seus pulmões doíam a procura de ar e seus lábios eram cortados segurando um soluço de choro que estava preso na sua garganta.

Hoseok parou de ver o amigo imaginário e sua mãe parou de remediá-lo.

Durante os anos que se passaram Hoseok esqueceu seu querido companheiro, mas o boneco que esse havia escolhido, nunca o tinha abandonado. Assim como Yeeun, a qual sempre estava ao lado de seu pequeno para tentar o proteger do mundo.

"O boneco é tudo para Hoseok, o único que lhe ouve e que está com ele quando chega chorando em casa. O único que Hoseok pode contar. " <capítulo 1>

O menino envelheceu ao poucos e foi ganhando mais incertezas na vida. Seu corpo era feio, para aqueles que estudavam consigo, seu rosto era de alguém triste e suas mãos tremiam apenas em imaginar a ideia de ter uma vida longe de seu boneco. E ao ouvir as palavras saindo de sua boca como se fossem reais, Yeeun desejava o mesmo que seu filho.