"Elizabeth não queria me olhar nos olhos, ela parecia estar tão longe naquele momento, eu senti medo de perde-la novamente, meu estômago se revirou quando ela se aproximou de mim apoiando seu rosto em meu tórax."
-AQUELA QUE EU AMO
Liz pagou a balsa e em seguida estacionou o carro, a areia muito fofa atolaria as rodas, então ela decidiu que o carro ficaria no estacionamento ao lado do desembarque da balsa, onde outros quatro carros estavam.
As duas foram a pé com dificuldade para carregar as malas, quando chegaram ao chalé seus braços estavam tão doloridos que elas nem repararam no quão grandiosa era a pequena casa de madeira posta sobre pilastras também de madeira, afim de não ser prejudicada pela maré alta.
Liz abriu a porta rapidamente e depois com mais dificuldade ainda subiu os degraus mais de uma vez para carregar todas as malas, Alice a ajudou, não sentindo tanto seus músculos reclamarem "Santa Academia" pensou ela.
Por dentro o chalé era extremamente romântico e a decoração prometida por Angela fora cumprida, as lâmpadas estavam a meia luz, havia pétalas espalhadas por todos os cômodos, as duas andaram devagar, como se o piso fosse ceder com seu peso, foram para o único quarto ali, mais pétalas e encima da cama as rosas vermelhas formavam um "Eu te amo" que fez Liz se sentir enjoada.
―Posso limpar, se você quiser ― disse Alice, passando a mão gentilmente no ombro da amiga ― Não precisa ver tudo isso.
―Não, está tudo bem ― não estava ― Vamos limpar tudo ― Liz não queria limpar, apenas queria sair dali e se jogar no mar até sentir suas memórias serem levadas com as ondas.
―Sei que não quer ― falou Alice, Liz sempre achou que Alice poderia ler os seus pensamentos ― Sei que é difícil ver tudo isso e se sentir bem, depois de tanto tempo que ficou com ele.
―Alice...
―Espera, não estou falando isso como psicóloga, estou falando como amiga, se quiser ir dar uma volta na praia e pensar um pouco, a casa está impecável, só irei tirar essas coisas mortas.
―São rosas, Alice.
―Sim e você matou todas, agora vá.
Liz não pensou muito, tirou o tênis e pegou um chinelo, que guardara no bolso de fora da mala, saiu do chalé descendo os degraus de dois em dois, antes que começasse a andar virou-se e olhou para o chalé, que parecia tão lindo e tão triste ao mesmo tempo.
Ela sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha direita e a secou imediatamente, depois se virou e se deu conta onde estava, a água transparente e azul ao mesmo tempo ia e vinha convidando-a a mergulhar, ela se aproximou tirou os chinelos e sentiu uma onda fria se desfazer em seus pés, a água fria fez uma corrente de arrepios passar por seu corpo, mas a sensação foi boa e reconfortante.
Começou a andar tomando distancia da casa, há alguns metros havia um grupo de homens jogando vôlei, gritando feito malucos, Liz não deixou de lembrar de Caleb, e o quanto aqueles homens poderiam ser iguais a ele. Todos muito bonitos e bronzeados, que com certeza, costumavam sair com uma mulher por noite.
―Ai!
Liz gritou ao sentir uma queimação em seu rosto, caiu na areia fofa e sentiu sua cabeça zunir, percebeu que seus olhos estavam fechados então tentou abri-los devagar antes, a luz ofuscou sua visão. Mas mãos a ajudaram a sentar-se.
―Calma, não levante ― disse uma voz doce, as mãos do homem a examinavam com precisão, ele segurou seu rosto, mas Liz se desvencilhou tentando se levantar ― Você deveria se sentar.
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PRÍNCIPE DE PAPEL [DEGUSTAÇÃO]
RomanceLiz é uma escritora em seu auge, tem uma casa enorme, a companhia de seus dois gatos -Casmurro e Capitu- é famosa por seu livro de época, que encanta milhões de leitores. Profissionalmente ela está resolvida, mas dentro de si tudo está uma bagunça...