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Mia

Acordo assustava e vejo que Thigo acordou do mesmo jeito que eu, ele me olha e eu entendo
Thigo:tenho que ir agora, mas volto logo minha ruiva.
Eu vejo verdade em suas palavras então dou um beijo prolongado no meu homem e coro para abraçar a Li, que está apavorada.

O barulho que ouvimos é de tiro, e isso só significa uma coisa. Os garotos saem enquanto esperamos impacientes, vou até a cozinha fazer um chá para nós e Li aceita como se aquilo fosse a coisa mais reconfortante do momento. Penso em todas as coisas que já aconteceu comigo e meu Thi, isso começa a me dar uma impressão ruim e então jogo esse pensamento para longe. Minha amiga está mal e eu preciso ser forte por nós duas.

Nenhuma de nós fala durante um tempo, então antes que eu perceba eu digo "estou grávida", ela me olha com pavor e animação ao mesmo tempo, me sento na bancada e forço minha mente para pensar em coisas boas. "Ele me prometeu voltar, eu vi verdade em suas palavras.. Ele vai voltar"
Escutamos barulhos de tiro, como se estivesse se aproximando e então levo Li para o quarto, sentamos no banheiro do quarto e trancamos a porta, as lágrimas rolam por meu rosto sem eu dar permissão para elas, consigo enxugar as lágrimas antes que Li veja.
Mia: o nome da ONG é "instituto Dona Olga"
Digo e ela sorri para mim se agarrando na menor coisa para ter esperança.. Depois de muito tempo naquele banheiro ela acaba adormecendo com a cabeça no meu colo.

Aos poucos os sons vão parando e sei que isso significa uma única coisa, os homens da minha vida venceram. Mesmo sem mais nenhum barulho não ouso me levantar daqui, ou acordar Li..
Escuto alguém batendo na porta e meu coração para por um minuto,  mas então ouço a voz reconfortante de Guinho pedindo para entrar, balanço a Li para que ela acorde e então vou abrir a porta.

(...)

Guinho está acabado, com o braço sangrando e pálido, ele me olha como se estivesse procurando as palavras certas e então diz sem mais bem menos "ganhamos cunhada... Mas... Ele se foi", neste momento eu fico muito brava por ele estar fazendo uma brincadeira como essa, não sei onde esses meninos acham isso engraçado e então xingo Thigo por dentro. Guinho percebe na minha expressão o que estou pensando e desaba bem na nossa frente, ele começa a chorar e eu percebo que ele não está brincando comigo.
Sei que deveria abraçar ele e chorar junto com ele mas não consigo, a única coisa que consigo fazer é sair daquele lugar.. Saio andando sem destino, ao descer o morro vejo corpos por onde passo, mas não são rostos conhecidos. Chego perto do escritório e vejo uma multidão reunida ali, instantaneamente sei que é ali que meu homem está, então começo a andar na direção da multidão.

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