Metamorfose

Capítulo 2

Adam

Ser popular em um lugar novo não era o que eu tinha em mente, logo, não almejo esse tipo de atenção voltada simplesmente para a minha aparência.

Vez ou outra meus pais acabam se mudando e como consequência vou com eles e sempre passo pelo processo de me habituar a tudo, desde a um novo colégio à rua que dá acesso à minha casa nova.

Estamos sempre mudando e é inevitável não passarmos por isso, confesso que eu não gosto deste processo, mas parando para pensar, sou um estranho em um lugar estranho, ele me é novo assim como eu também sou. Até que se pensar desta forma "me encaixo" nesta nova vida.

Infelizmente terei que ir à primeira aula no colégio novo, caso não vá minha mãe irá encher meu saco com lorotas, então para evitar os futuros sermões, cumprirei com a forçada ida à escola. Mas, para dificultar minha vida, não estava encontrando minha mochila em meio a bagunça que se encontrava na casa em decorrência da mudança. Para completar, minha mãe - Sarah Smith - não estava em casa, então tive que revirar as coisas - que já estavam uma zona - na expectativa de encontrar minha mochila para então ir à escola de merda.

Não sei porque tenho que estudar. Tenho que fazer isso só para ter um lugar no mundo?

Como havia imaginado, uma multidão tinha se formado assim que coloquei meus pés na entrada do colégio, até parece que nunca viram alguém indo para a escola! Como se não bastasse, um grupo de garotas interromperam meu caminho e para me deixar ainda mais nervoso e irritado, começaram a gritar e gritar, mas para minha surpresa, uma delas veio em minha direção e pelo que percebi, ela parecia ser a líder do grupo, além de estar bem arrumada, chegando quase ao extremo - já que a garota estava toda cheia de bibelôs na cor rosa, toda adornada...tá, meio que exagerei na ênfase dada a "quase ao extremo". Ela veio como se quisesse algo e eu não estava com vontade de gastar meu tempo com uma mera garota, então, com muito esforço consegui sair dali e ir para a que seria minha suposta sala.

Antes de ir para a classe, fui falar com o diretor sobre as normas a serem cumpridas naquele lugar e então ele começou a falar e blá, blá, blá... segui para a sala que ficava quase no fim do corredor, parando na porta, respiro fundo e abro-a, automaticamente os olhares daqueles que já se encontravam lá voltaram-se rapidamente para mim. Analiso o ambiente, já estava na cara que eu era um estranho ali, pois os grupinhos, as panelinhas já haviam sido formados, permaneço parado por alguns segundos na entrada da sala.

Diante da rápida pincelada nos rostos curiosos, me deparo com uma cadeira fazia quase no fundão da sala, me direcionei até lá e me sentei. Não gosto de sentar na frente só para dizer que sou inteligente ou que presto atenção nas aulas - estereótipos -. Não queria estar ali, sozinho, sem nenhum amigo, embora tenha sido transferido no início das atividades escolares.

Espero pelo menos fazer algum amigo até o fim do semestre, assim pensava, até a chegada daquele dia.

Fiquei ali olhando as pessoas naquele lugar, cada uma tinha seu grupinho. E o que eu poderia fazer enquanto participante novo daquele ambiente era apenas observar. Ali tinha os nerds, as patricinhas, os descolados, mas dentre estes grupos, havia uma pessoa que não consegui identificar, pois aparentava não ser pertencente a nenhum dos grupos que nomeei. Ela tinha uma aura misteriosa e como estava sentado longe dela não pude me aproximar para conversar ou pelo menos tentar uma.

Já era a hora do intervalo, não queria sair da sala, mas ao mesmo tempo queria. Ficar sozinho seria uma boa, embora seja em algumas situações. No fim, acabei saindo para espairecer um pouco. Ser o centro das atenções tem suas vantagens como também desvantagens.