Capítulo II

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Voltando naquela noite fria, onde contamos sobre nossas vidas, na beira do rio.

Duas garotas sem planos de vida.

Você disse que a relação com seu pai era complicada, que gostaria de se reaproximar dele e que essa era uma de suas maiores dores.

Acredite menina, eu consigo entender, a relação com minha mãe não é uma das melhores e às vezes tudo que precisamos é de um abraço apertado e palavras sinceras.

E eu quero ser a pessoa que faz isso por você.

Você pode confiar em mim?

Começamos a arremessar pedras em garrafas, enquanto contávamos nossos medos.

Sobre aquele céu estrelado você me revelou seu medo de ficar sozinha, disse-me que todas as pessoas que passaram por sua vida, a abandonou em algum momento.

Com lágrimas nos olhos falou-me que isso não importava e que não sentia falta delas.

Mas menina, eu sei que no fundo você sente e às vezes se culpa por elas terem partido.

Em algum momento da conversa a fiz sorrir, e perguntei a mim mesma o porquê dela não poder fazer isso sempre.

Enquanto observávamos o rio, você segurou minha mão, olhou-me em meus olhos, e enquanto suas lágrimas caiam me agradeceu por tudo que fiz por você.

Mas menina, acredite, não foi nenhum favor.

Então no momento em que minhas mãos rodeavam sua cintura e sua cabeça descansava em meu ombro, fiz questão de deixar claro que você poderia me ligar quando quisesse, porque eu estaria lá para te escutar.

E você ligou, várias vezes, durante vários dias e eu sempre estava lá, para ouvir sobre seu dia, seus medos, seus sonhos, suas dores, até você adormecer do outro lado da linha.

Hoje estou deitada em minha cama pensando em como você pode estar.

Você ainda se sente da mesma maneira?

Quais são seus sentimentos?

O que está passando na sua mente agora?

Você pode me dizer?

Eu fiquei e mantive minha promessa, sempre estive ao seu lado e não a abandonei.

Da pra acreditar que você foi a primeira a virar de costas para mim e dizer adeus?

Às vezes me pego pensando em você, e então me pergunto o porquê de você simplesmente desaparecer, se isso era uma das coisas que mais lhe causavam dor.

Será que algum dia terei alguma resposta?

Observadores de estrelasWhere stories live. Discover now