4|Proposal (part two)

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Gabriel estava ansioso para falar com Rose, várias perguntas circulavam em sua mente, o que faria caso ela não aceitasse? O que falaria para Mia?

Ele não sabia como abordaria o assunto, mas teria que tentar. Mas haviam muitas outras razões para Gabriel escolher Rose, ele precisava mantê-la perto, tinha medo de ela ir embora novamente.

Quando deu 17h00 Gabriel já havia saído da empresa, não demorava muito até chegar ao ateliê de Rose, mas estava ansioso demais. Decidiu que iria buscá-la, Otávio aproveitou para pegar uma carona com ele.

Em todo o caminho ele ensaiou seu discurso para Otávio, que ria do nervosismo do amigo.

__ Você deveria me ajudar Otávio! - esbravejou.
__ Desculpe, mas você está hilário. - Falou em meio às gargalhadas.

Gabriel apenas o encarou sem humor. Ele deixou Otávio em seu apartamento e seguiu para o ateliê. Quando chegou lá Rose estava decidindo a cor de um vestido para baile, uma encomenda para uma adolescente. Ela estava distraída enquanto se decidia entre azul mar ou eclesiástico. O cabelo estava preso em um coque bagunçado, quase soltando, vestia um vestido franzido no busto e com alças finas na cor salmão, mesmo tão simples estava magnífica para ele.

Rose assustou-se quando percebeu que ele estava lá, mas sorriu para ele.

__ Oi, o que está fazendo aqui?

Gabriel franziu o cenho, será que ela havia esquecido?

__ Bom buscar você, vamos ao café, lembra?
__ É claro, mas eu iria de uber. Não precisava se incomodar.
__ Não seja boba, eu não me importo de vir buscá-la. Mas se estiver ocupada podemos adiar. - Gabriel ainda estava nervoso para falar com ela.
__ Tá tudo bem, só vou pegar minha bolsa e arrumar o cabelo.
__ Eu sou paciente. - Sorriu observando seu cabelo.

Rose não demorou muito a voltar. Eles seguiram para o café perto do Central Park.  Sentaram na mesa que ficava na parte de fora e logo chamaram a garçonete. Uma moça alta e loira veio atendê-los.

__ O que vão pedir? - perguntou para eles, mas olhou diretamente para Gabriel. A moça abriu um grande sorriso para ele.
__ Rose?
__  Macchiato e um bolinho de mirtilo por favor.
__ O mesmo para mim.

A contragosto a garçonete se retirou com os pedidos.

__ Como está sendo os preparativos da inauguração?
__ Então... Intensos. Mas damos conta. E você ? Qual a novidade?

Gabriel tossiu secamente, como deveria começar?

__ Bem, eu gostaria de conversar com você sobre um assunto delicado.

Rose se perguntou se ele seria sobre o passado, não se sentia preparada para falar sobre isso.

__ Gabriel...

A garçonete voltou com os pedidos, interrompendo Rose. Eles esperaram impacientes ela se retirar. Gabriel tomou um pouco se seu café.

__ Rose, me escute por favor.
__ Ah, tudo bem. - disse em um suspiro.

Gabriel respirou fundo e então começou:

__ Você sabe que eu tenho uma filha, e eu faria qualquer coisa por ela, qualquer coisa que não a machucasse...

Rose sentiu alívio por estar errada, mas não sabia onde ele queria chegar.

__ Eu só quero que ela seja feliz, mas há circunstâncias em que eu não posso fazer isso, bem, não da maneira correta. E eu estou com um grande problema, e eu não gostaria de te envolver nisso, mas eu confio em você, a única que poderia fazer isso por mim....
__ Gabriel, aonde você quer chegar? - Rose estava nervosa, o que era aquilo, afinal?
__ Mia pediu para ver a mãe dela - Rose ainda não entendia - e eu não posso fazer isso Rose, não posso deixar que ela tenha contato com ela.
__ Ainda não entendo como isso me envolve.
__ Bem, você poderia fingir ser a mãe dela? - Gabriel viu a expressão de incredulidadena no rosto de Rose. - Por favor, apenas por um tempo, até eu poder conversar com ela sobre isso.
__ Isso é loucura, você acha que enganá-la é a coisa certa? Meu Deus, você está se ouvindo?
__ Por favor Rose, você é minha única solução.
__ Eu não posso, é só uma criança, eu me sentiria horrível se mentisse dessa forma.
__ Rose você é a única que eu posso confiar, é sincera, e eu sei que vai gostar de Mia e tratá-la bem, por favor. Eu prometo que vai ser por pouco tempo. - Gabriel suplicava.
__ Gabriel... - Rose estava hesitante, pensava em Mia - e se ela se apegar? Se eu for embora irá sofrer.
__ Por favor Rose, será por pouco tempo. - Rose sentia como Gabriel estava desesperado.
__ Eu vou pensar. Não te prometo nada. - Gabriel estava vencendo.
__ Tudo bem. - Gabriel suspirou cansado.

Rose não entendia o porquê daquilo.

__ Por que não quer que ela conheça a mãe dela?
__ É... complicado. - Gabriel fechou os olhos por um instante. - Quando Mia era um bebê, ela maltratava muito ela, há muito mais nisso do que você deve saber.  Mas prometo te contar tudo um dia.

Rose ficou pensativa, mas não queria pressioná-lo. Eles terminaram de tomar o café em silêncio. Quando terminaram pediram a conta e seguiram para o apartamento dela. Rose não sabia o que fazer, não era certo, mas via a dor de Gabriel, e pensou em Mia, ela não merecia conhecer alguém tão cruel. Ela conheceu Lorena, era linda com certeza, mas uma maçã podre. Sempre a tratava mal quando Gabriel não estava vendo. Rose instintivamente sentiu raiva dela.

Chegaram ao apartamento mais rápido do que esperavam.

__ Gabriel, tudo bem por mim, mas tem que ser apenas até você conversar com ela. Eu não quero enganar uma criança, mas você é meu amigo, e amigos se ajudam.
__ Eu agradeço muito aa você, não tem ideia de como isso me deixa aliviado.

Rose o abraçou. Ele retribuiu e afundou sua cabeça em seu pescoço, aspirando seu delicioso cheiro de cereja. A altura desproporcional.
Como Rose amava isso, o abraço dele era seu lugar favorito.

__ Eu não sei se consigo, eu sei que ela iria alguma hora sentir falta de uma mãe, fui tolo em pensar que eu seria suficiente. Mia tem quase sete anos e em quatro anos Lorena nunca nem ligou pra saber de Mia.
__ Está tudo bem, vc devia saber que um dia ela iria querer saber de sua mãe, Mas você deve ser honesto com ela, você vai conseguir.
__ Muito obrigado Rose.
__ O que vamos falar pra ela? - perguntou saindo do aperto de Gabriel.
__ Ainda não pensei nisso. Na verdade, eu tinha pensado na sua recusa.

Rose sempre odiou mentiras, ela sabia que uma mentira levava a mais mentiras, mas como poderia recusar esse favor ao seu melhor amigo e mais profundo amor?

.•♫•R&G•♫•.

__ Affs, o que eu tô pensando? Eu não sei nem cuidar de mim mesma, além do mais nem sei como fazer isso, nunca prestei atenção nas aulas de teatro.

Rose se lamentava com seus melhores amigos, Yuri e Kamilly.

__ Que bapho menina!
__ O que o yuri quis dizer foi que isso tudo é... Bem... Estranho. É, nos pegou de surpresa. - Kamilly quis esconder, mas também estava surpresa e curiosa.

Rose conheceu Kamilly na Itália. Ela era bonita e tinha cara de ter 20 apesar de já ter 25. Sua pele era morena e seu olhos num tom de verde, o cabelo cacheado só realçava sua beleza.
Yuri é como irmão de Kamilly, ele foi criado pela mãe dela, sua mãe o renegou quando soube que ele era gay, um absurdo em pleno século 21. Yuri era lindo, moreno, forte, sempre cuidado, nem parecia que era gay. Um sonho.

Eles eram seu melhores amigos há três anos, Kamilly era a sensata do grupo, reservada, tímida. Agora Yuri, bem... Yuri era extrovertido, tá sempre sorrindo, ele é a animação da turma, até quando tudo tá dando errado ele ta ali, sorrindo e se divertindo. Rose amava seus amigos, eles eram sua âncora. Eram como irmãos para ela.

__ Tá bem, tô surtando.
__ Você vai se sair bem. - Kamilly a consolou.
__ É, a Kamy tá certa, você é melhor pessoa que eu conheço, vocês vão se dar bem.
__ Eu espero. Eu realmente não sabia o que eu tava pensando.
__ Vamos te ajudar amiga, você é mais incrível do que pensa.

Rose sorriu diante do apoio dos amigos.

Tudo bem, eu consigo!

Mãe de aluguelOnde histórias criam vida. Descubra agora