CAPÍTULO 2

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  CARINE

Acordo sentindo uma ardência enorme nas costas, passo devagar as mãos sobre o local e começo a lembrar de tudo, de como fui acordada por um barulho enorme, por ver alguém, alguém não, o menino que esbarrou em mim perto da escada e depois ele correndo pra mim, um grande choque percorrendo meu corpo e então eu apaguei, também lembro de Stella, ela perguntou alguma coisa a ele e... STELLA! Olho pela primeira vez ao redor e noto que estou em um quarto completamente vermelho, tudo nele era vermelho, paredes, mobília, teto, janelas e até mesmo a luz, era arrepiante. 

— Gostou? Eu sinceramente não vejo nada demais, só é muito vermelho pro meu gosto. — meu corpo inteiro travou ao ouvir aquela voz grave e desconhecida, giro lentamente minha cabeça para onde o som vinha e ele está ali, sentado na poltrona, com um terno, ou parte dele, já que parece que foi destruído por leões. Seu cabelo é mais curto que o do menino da escada, mas um pouco parecido, também é mais magro, mas nem por isso perde a elegância, então percebo que está se divertindo enquanto eu o analiso, fecho a cara.

— Onde estou? Onde está Stella? O que quer comigo? Quem é você?

— Nossa, quantas perguntas... Por que não faz uma mais fácil que responde por todas elas? — ele arqueia uma de suas sobrancelha pra mim, engoli em seco, esse pequeno gesto fez meu corpo tremer de medo.

— E qual seria? — respondo, agradecendo ao céus por minha voz sair limpa.

— "O que está acontecendo?" Por exemplo, me pouparia de metade das suas perguntas. 

— O que está... Acontecendo? — sinto minha voz falhar, por algum motivo estranho, estou com medo de saber. Observo ele se inclinar para frente e apoiar os cotovelos nas pernas enquanto parece pensativo. 

— Meu nome é Louis, você está na base da Luminnus.

Esperei, eu não queria saber só isso. Ele deu um pequeno sorriso como se estivesse acabado de ler minha mente e esticou suas pernas como se estivesse confortável com o momento.

— Vejamos... Irei lá pro início de tudo. Algum tempo atrás seus pais perderam todos os hotéis praianos que tinham e isso foi um prejuízo enorme, ao ponto que, ele provavelmente teria que vender alguns de seus itens mais preciosos para pagar o que precisava.

Franzo levemente a testa enquanto vasculho minha memória. Quando isso aconteceu? Meus pais não demonstraram passar por nenhuma crise, ele está mentindo, com certeza. Ele ri, como se estivesse lendo meus pensamentos, inclinando sua cabeça pro lado.

— Você provavelmente não sabe por que eles a queriam livre, despreocupada e bonita para quando fossem precisar de você. Mas como primeira opção ele recorreu a mim, me pediu uma quantia absurda de dinheiro e disse que pagaria tudo assim que conseguisse sua fortuna de volta. — ele volta a se encostar na cadeira, mas sem tirar os olhos dos meus por nenhum segundo — E eu precisava de uma garantia que ele iria me pagar tudo que me pediu e um pouco mais, então fui pegar você. — ele levanta e vai até uma pequena cômoda onde tinha uma garrafa de wisky, copos e várias pedras de gelo dentro de algo plástico — Eu mandei um dos meus homens ir até a sua casa, para avisar ao seu pai que eu traria você pra cá, afinal, não quero seqüestrar ninguém.

Sinto meu corpo tremer violentamente com a frieza que conta a história e de como fui estúpida com o menino na escada, ele poderia até ter me matado ali, não poderia?

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