Capítulo sem título 4

5 0 0
                                    


Já é quase Dezembro e minha cabeça estava transbordando de pensamentos, o ano se passou e o sentimento de não ter feito nada causava insuficiência em mim. Mal sabia como continuar esse livrodiário, já que nada interessante acontecia, só a mesma porcaria de sempre e bom, já basta de merdas!  Até que no final do mês as coisas foram ficando mais interessante e bem, eu conheci alguém. Mas antes disso vamos ao resumo do mês:  A lanchonete estava cheia todos os dias, Marcos tinha tomado um chá de sumiço depois daquele dia, as provas do final do semestre não me deixavam dormir e a doença de meu avô menos ainda. E eu andava ainda mais impaciente, o que eu achava que não era possível.

-Acho que o Leonardo tá me traindo, ele fica mexendo no celular de madrugada e simplesmente não me deixa ver o que é!

(É tem esse booom tambem, não que eu ache interessante traição, mas talvez alguns de vocês curtam).

Renata disse assim que comecei a embrulhar o bolo de cenoura de um cliente, ás 21:45 da noite do sábado!Eu não estava nem um pouco afim de conversar sobre namorados, nem sobre porra nenhuma pra falar a verdade. A cafeteria estava lotada o dia inteiro e meu cérebro mais ainda.

- Atende ele por favor!

Disse um pouco alto demais, apontando o garoto de óculos que olhava para cara dela, impaciente. Todos arregalaram os olhos e eu apenas terminei de embrulhar o bolo como se nada tivesse acontecido. Até as 22:00 evitei ao máximo ficar perto da Renata, pelo próprio bem dela. As  22:01 corri para o banheiro para me trocar, eu queria minha cama e minhas cobertas quentinhas.

- O que vc acha Mari?

Re disse da porta do banheiro. Eu estava sentada no puff calçando meus all stars, droga fui devagar demais!

-Acho do que?

Tentei me esquivar.

- Acha que o Leo está me traindo?

Me preparei para dar uma resposta rude, porem seu rostinho de recém nascido prestes a abrir o berreiro me fez mudar de ideia.Coloquei minhas mãos no rosto e pesquisei minhas poucas memorias com o tal Leo, e bom,  ele não me parecia ser do tipo que traia, porém aparências não dizem nada. Diz alguma coisa Mariana...

-Olha, eu não sei Re. Conversa com ele... 

- Mas ele não conversa comigo!- falou um tom mais alto, minha cabeça reclamou.- Fica a madrugada conversando e de dia nem quer levantar para trabalhar! E tem outra coisa ele fica trazendo rosquinhas açucaradas pra mim todos os dias, isso é muito estranho! Ele quer me enrolar ...

-Olha! - A interrompi.- Ele provavelmente deve estar te traindo mesmo. Então pega a porra do celular dele e lê as conversas com as putas, esfrega na cara dele  e me deixa!

No momento em que terminei a frase, me arrependi. Senti o sangue do meu rosto desaparecer quando vi os olhos de Renata se encherem de lágrimas. Encarei seu rosto sem saber o que dizer. O toc toc na porta nos assustou. 

-Oi, gente. - Era a  Alana, mas continuei a olhar para Re e sua expressão nada mudara.- Vamos Mari?

- Vamos onde?

Ela ergueu suas belas sobrancelhas e com um piscar de olhos me lembrei que hoje era o tal "Festival de Verão" mais frio que vi, a banda favorita dela, onze e 20 tocaria hoje em frente a prefeitura.Acho que com os acontecimentos, ou os não acontecimentos, causaram-me perca de memória recente.

-Porra !

Disse analisando meu look no espelho: Calça jeans rasgada do tempo do meu avô, os típicos all star e blusa preta que aparecia minha pochete de banha. Eu não estava bem da cabeça quando sai de casa assim hoje. Pelo menos meu cabelo estava lavado.Pensei em usar essa desculpa pra não ir, mas o que eu mais estava precisando, era de "meter o loco" e Alana sabia direitinho como fazer.

-Vamos com a gente Re?

Passei meu braço por seus ombros e beijei o topo da sua cabeça. Ela deve achar que eu tenho dupla personalidade ,mas bem, eu não ligo!  Ela não é a primeira e nem será a ultima.

-Eu tenho que ir ...

- Eu não aceito um não como resposta!


Meus pés doíam e eu estava irritada por causa da lama debaixo dos meus pés,bebia a cerveja caríssima e nada gostosa  como se fosse água e batia minha mão na coxa com intuito de seguir a batida da música. Estava animada pra meter o loco, mas quem fez isso foi Renata. Ela se atracava com um carinha de dread na minha frente, dava pra ver sua língua entrando na boca dele, era engraçado e nojento ao mesmo tempo. Se o Leo não tivesse realmente a traído, ela estaria em maus lençóis. Cocei minha cabeça e tentei esquecer isso.

-Viado, olha quem está olhando pra vc!

Alana sussurrou em meu ouvido. Ela apontou para um cara loiro de 1,80 , corpo escultural e olhos arrasadores. Eu apenas ri, com certeza ele estava olhando pra ela e seu problema ocular a atrapalhou.Desviei meu olhar do modelo alemão e continuei bebendo aquela cerveja horrorosa, até sentir uma mão em meu braço. Olhei para o dono daquela mão e me apavorei, era o modelo alemão.

-É...Oi?

Falei gaguejadamente, se essa palavra não existe, me perdoem mas vcs devem ter entendido.

- Eu achei esse teu sorriso encantador e tive que vir te perguntar uma coisa... Posso te beijar?

A pergunta que ele me fez demorou alguns segundos pra fixar na minha mente bêbada. Pensei em responder, mas tive medo de sair desajeitado de novo. Então eu simplesmente joguei meus braços em cima de seus ombros e nas pontinhas dos pés deixei que ele me beijasse. Era esquisito beijar alguém assim, despreocupadamente depois de duas frases trocadas e sem ao menos saber o nome daquela boca grudada na minha. Eu costumava demorar um pouco pra cair na boca de alguém mas a cerveja e a vontade de meter o loco ajudaram bastante. E bem, depois daquele beijo ele iria embora, certo? 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 21, 2018 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

(sobre)vivendoOnde histórias criam vida. Descubra agora