O hoteleiro

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O Hoteleiro abriu a porta com um chute e atirou em cheio nas costelas da criatura horrenda à sua frente com sua espingarda de cano duplo. Durante todos os seus anos como dono daquele Hotel, nunca tinha visto a Criatura de perto. Ela girou e caiu para o lado oposto ao tiro. Agora o Hoteleiro podia ver seu hóspede caído ao chão, sofrendo espasmos intensos, as pupilas desaparecendo sob as pálpebras.
O medo sacudiu as pernas do Hoteleiro quando ele viu a Criatura levantando, urrando como uma besta feroz enquanto procurava o que a acertara. A cabeça de urso no corpo de mulher fora a cena mais bizarra e irreal que ele vira em toda a sua
vida.
Ela virou-se com um ódio quase palpável no olhar e correu furiosamente contra o Hoteleiro. Ele levantou a arma para atirar novamente, só que desta vez a Criatura fora mais ágil. Tudo o que ele pôde fazer foi defender-se com a mão livre, colocando-a ante a face, impedindo que a Criatura o atingisse na cabeça. Ela agarrou sua mão e o
puxou com violência. Sua espingarda voou para longe do seu alcance e a dor subiu pelo seu braço enquanto tentava se livrar da criatura, que mordia sua mão com firmeza.
Deu um grito de dor, enquanto ouvia as rajadas de ar quente que saíam das narinas da Criatura. Ela tentou saltar sobre o seu corpo, mas ele foi mais forte e a empurrou como pôde, sem, no entanto, conseguir soltar sua mão esquerda da mandíbula da monstruosidade à sua frente. Concluiu velozmente que teria uma
chance se puxasse sua mão com toda força. E assim o fez. Bem no instante em que a Criatura puxara-o para si.
Ele sentiu uma dor estonteante quando viu a fera caindo para longe enquanto ele caía para o lado oposto, batendo suas costas na parede. Mal pôde respirar e a Criatura levantou-se para atacá-lo novamente. Mas desta vez ele foi mais rápido e puxou sua espingarda, agora perto de si. Não teve nem tempo de mirar e puxou o
gatilho.
O estouro foi seguido de um baque horrível. Tudo o que o Hoteleiro viu
naqueles instantes foi sangue voando para todos os lados e logo depois suspirou ao olhar para o corpo decapitado da Criatura cair inerte ao chão.
Respirou fundo e imaginou se estava em segurança. Então uma dor
incrivelmente dilacerante reinou sobre ele e o fez olhar instintivamente para a mão esquerda. Estava envolvida por sangue, mas ele viu que a Criatura arrancou-lhe um dedo inteiro e metade do outro. Dava pra notar nitidamente – e sentir – dentes aindapresos em sua mão. Deu mais uma olhada para a Criatura e concluiu que ela morrera definitivamente.
Seu hóspede também não resistira ao ferimento grave. Jazia imóvel sobre o assoalho, os olhos mortos fixos na janela estreita logo acima da cabeça do Hoteleiro.
Por fim, o Hoteleiro pousou sua cabeça na parede e suspirou.

O Quarto 06Onde histórias criam vida. Descubra agora