O Quarto 06

O desfecho

- Que história terrível, vovô! – exclamou Pedrinho com os olhos arregalados de terror.
Luís Paulo, na outra cama, abraçou o próprio corpo, como se aquele ato o mantivesse a salvo de todos os seres malignos que pudessem existir.
Pedrinho sentiu os pêlos do seu braço se arrepiarem enquanto via seu avô rindo e se afastando das camas.
- Vocês me pediram uma história de gente grande e aí está – disse seu avô.
Ele parou e olhou para trás. – Miguel foi curioso demais e não conseguiu conter a própria curiosidade. É isso o que acontece com os enxeridos. Vocês querem ser enxeridos? – perguntou com suspense na voz.
Os garotos apenas negaram veementemente com a cabeça, fazendo o velho rir graciosamente.
- Então nunca mexam em nada que não diz respeito a vocês. Agora se apressem em ir dormir, amanhã vamos pescar no lago.
As crianças assentiram e repousaram a cabeça sobre o travesseiro.
- Vovô! – gritou Pedrinho, fazendo o velho olhar atentamente para ele. – Essa história não existe, não é? Se existisse, haveria um Hoteleiro por aí contando essa história, não é?
O velho fitou-o com tremenda paciência.
- Você tem razão, Pedrinho. Você é um garoto muito esperto. Agora trate de
dormir – ele virou-se para sair do quarto.
- Boa noite, vovô! – disseram as crianças em uníssono.
- Boa noite, meninos – respondeu o velho com sua voz mansa.
Mais tarde, em seu quarto, o velho se acomodara em sua cama, e a caixa, queantes estava bem guardada no seu guarda-roupas, agora estava em seu colo, aberta.
Ele olhava atentamente para o seu conteúdo.
Por fim, tampou-a e andou até o guarda-roupas, usando sua mão com apenastrês dedos e meio para empurrar a caixa para o fundo do patamar mais alto do móvel.
- Belos dentes – concluiu.