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  Os seus olhos encontraram-se com os meus, céus, como eram lindos aqueles olhos. A pouca luz que havia no quarto devido às luzinhas de decoração penduradas pelas paredes, era o suficiente para se notar a cor e o brilho deles. Impulsivamente levei a minha mão ao seu rosto acariciando-o solenemente. E assim ficamos, não conseguimos parar de olhar um para o outro a sorrir até adormecermos.   


NOVO CAPÍTULO


Depois daquela noite, 1 mês passou e as coisas continuavam praticamente iguais. Quer dizer, não muito iguais, mas também não muito diferentes. Eu continuava a mesma Filipa reservada e rabugenta, porém, eu e o João estávamos cada vez mais próximos. Claro que ainda pico com ele mas isso já faz parte de mim e com o tempo ele foi-se habituando. Ao longo do mês acabei por conhecer melhor o Edu, o David, o Tiago e a sua namorada, Sónia. É incrível como afinal nem toda a gente é como a Mariana, que cada vez mais ficava fula por eu e o João sermos tão próximos. Se o olhar matasse cada vez que ela olha para mim, estava morta e enterrada! 

Em casa as coisas pouco mudaram. A minha mãe tem estado mais vezes em casa mas nunca trouxe mais ninguém, pelo menos na minha presença. Nós as duas nunca tivemos uma relação muito próxima, mas mãe é mãe e eu adoro-a. Sei que ela anda a esconder alguma coisa. Estávamos agora as duas no carro a caminho da escola, já estava mesmo a chegar. hoje havia a hipótese de ser greve.


- Filha antes de saíres, logo preciso de ti, temos um jantar.

- De?

- Logo ficas a saber.- isto não me cheira nada bem.

- Ok.- acentuei e saí do carro disparada.


Assim que cheguei à escola estava o João e o resto da malta à minha espera no portão.


- Se é greve juro que me passo, saí da cama para nada!- já conseguia ouvir o Edu a resmungar.

- E tu que não dissesses isso!- Tiago gozou.

- Eu concordo.- disse eu chegando à beira do grupo.

- Bom dia!- disseram quase todos ao mesmo tempo e eu sorri em forma de resposta, só o João é que me cumprimentou com um beijo na testa como todas as manhãs.


Após 10/15 minutos de espera o diretor dirige-se ao portão e anuncia "Podem ir embora, não há aulas!". O pessoal começou a bater palmas e a assobiar em modo de festejo.


- Eu sabia que devia ter ficado em casa a dormir!- disse o Edu baixinho mas eu ouvi.

- Eu entendo-te deixa lá!- desatamos os dois a rir.


Saímos do recinto escolar e acabamos por decidir ir a um sítio que temos ido ultimamente, à Casinha. Era um café do gênero do Starbucks. Assim que chegamos fomos para a esplanada, estava um dia de Outono que mais parecia Verão. Fizemos os nossos pedidos, pouco tempo depois fomos servidos e começamos a comer/beber.


- Então malta, quem alinha em sair logo?- perguntou o David.

- Eu não sei quanto a vocês mas eu em casa não fico.- este Edu só quer festa.

- Nós também podemos ir, que dizes amor?- perguntou o Tiago à sua namorada.

- Claro que sim!- Sónia respondeu sempre com aquele seu sorriso amável na face.

- Eu posso ir também.- o alentejano também vai e nisto ficou tudo a olhar para mim à espera da minha resposta, fuck como eu odeio isto!!!

- Não posso malta, tenho umas cenas marcadas já. Desculpem.


Começaram todos a dizer que era na boa mas que para a próxima tinha de ir. Entretanto, consegui ver o desânimo nos olhos do João, mas eu depois explico-lhe, acho que ele vai entender.

A manhã foi passada em convívio, boa música ambiente, boa conversa e boa gente. Era de coisas simples como estas que eu precisava.

A hora de almoço chegou e decidimos ir embora. Eu e o João estávamos de novo sozinhos, ele insiste sempre em trazer-me a casa. Não sei o que se passa com ele mas está um pouco cabisbaixo. Eu não sou muito de mostrar preocupação mas com ele é impossível não o fazer.


- Que se passa João?

- Nada.- que seco.

- Nada não, tu vieste o caminho todo calado a chutar pedrinhas.

- É uma estupidez minha, esquece...- suspirou.

- Sabes bem que não esqueço e não descanso enquanto não me disseres!

- Porque é que logo não vens? Que cenas é que tens combinadas?- o desespero era notório, o que lhe deu?

- Oh João a sério?- parei-o e pus-me à frente dele.

- Sim a sério! Responde-me por favor...- engoliu em seco.

- Mesmo antes de chegar à escola a minha mãe pediu-me para não combinar nada para hoje à noite porque temos um jantar. Eu também não sei o que é nem o porquê, confia.- dei-lhe a mão e ele deu um leve sorriso.- Mas porquê João?

- Oh sei lá, tenho medo que arranjes alguém melhor que eu e me troques.

- Tu próprio disseste que não me deixavas e eu tenciono fazer o mesmo alentejano!


Ele sorriu e abraçou-me. Adoro os abraços deste rapaz, fazem sentir-me segura e ali nos braços dele fica tudo bem. Após passarmos à vontade um minuto assim continuamos o nosso caminho para minha casa. Tínhamos acabado de chegar à porta e o João ia-se despedir de mim.


- Bem pequena estás entregue.

- Na-não queres almoçar aqui e fi-ficar de tarde um bocadinho?-porque é que eu gaguejei? Wtf??

- Hmm eu não quero incomodar.- notou-se que ficou um pouco atrapalhado mas a vontade de dizer que sim era notória.

- Tu sabes perfeitamente que não incomodas. Anda lá...- supliquei como uma bebé.

- Pronto eu vou, eu vou!!


Entramos em casa e fomos diretos ao meu quarto para pousarmos as mochilas e os casacos. Descemos até à cozinha e eu sentei-me na banca e ele encostou-se à mesa a olhar para mim.


- O que vamos almoçar?- perguntei.

- O que te apetecer.

- Não sei o que me apetece mas sei que não me apetece cozinhar.- rimos os dois. Olhei à minha volta e quando olhei para o frigorifico lembrei-me que tinha uma pizza.- Tenho uma pizza daquelas familiares que é só por no forno, pode ser?

- Claro que sim!


Levantei-me e fui por a pizza no forno. Passados 20 minutos já estava pronta e foi só po-la num prato e parti-la em fatias. O João levou os copos e o sumo para o meu quarto e eu levei o prato e os guardanapos. Pusemos um filme na TV, o "The Girl From The Song".



young suicide.- João CarrasqueiraOnde histórias criam vida. Descubra agora