10 anos antes
JiMin corria pelo jardim enquanto tentava entreter JeonKook em sua brincadeira de pega-pega.
Tinha acabado de descobrir sua fraqueza e se não fosse pela boa velocidade do menor ele jamais teria escapado. Cócegas.
Enquanto o mais novo - com a diferença de um ano - tentava correr de quem a 3 anos poderia chamar de "hyung", tentava não olhar para trás, de onde JiMin o gritava para não se atrapalhar como sempre.
Estava sendo um dia bom e claro.
Dia que Jeon com certeza guardaria como memória pro resto da vida, se não pra sempre até.
Fora incrível a forma que os dois conseguiram se integrar bem em apenas uma semana, desde a chegada do menor a velha casa dos Park - que a partir dali também seria seu sobrenome.
Era como se ele sempre morasse ali. Tirando o fato de já ter tido uma família antes.
Ainda assim algo deixado pra trás em sua velha casa lhe fazia falta até naquelas momentos felizes.
Em poucos metros de corrida, Kook parou e suspirou fundo, sentindo seu peitoral doer. Não bastou muito para que o mais velho chegasse até ele é o pegasse - surpreendentemente - chorando depois de tanto rir.
Seu choro não eram apenas algumas lágrimas que escorriam por sua bochecha e acabavam no solo, ele conseguia sentir todo o desespero que JeonKook estava imerso naquela momento. Talvez guardado por algum tempo.
JiMin só o vira chorar daquela maneira nas primeiras noites em chegou ao seu novo lá.
O menor só conseguia dormir depois de sentir a mão do mais velho segurar a sua com força enquanto sua cabeça permanecia deitada na beira da cama após sentar no carpete do quarto. Ainda assim, soluçava vez ou outra pelo choro durante o sono.
Tudo o que passava em na mente do pequeno Jeon eram os momentos mais felizes que avia passado até se separado de sua mãe de sangue.
Um laço que jamais poderia ser quebrado.
O que o menor queria e precisava secretamente era colo e carinho.
JiMin não demorou muito até que rodeasse sua cintura, o trazendo para seu peito.
Fora um dos únicos abraços que JeonKook receberá na vida até ali (maior parte deles depois de virar mais um dos Parks) mas o números pouco importavam naquela instante.
Não era necessário ser dito nenhum palavra naquela momento além das que estava soltas no ar.
Poucos minutos depois, Jeon pode se acalmar e finalmente olhar pra cima, fitando o rosto de seu hyung.
Apesar dos olhinhos inchados pelo choro recente, no canto de sua boca jas um sorriso singelo que tramitara toda a gratidão que ele sentia naquela momentos.
Gratidão. Logo saberia o significado daquela palavra.
Ele ainda não avia aprendido, mas era grato pela família nova e principalmente pelos carinhos de seu hyung desde que chegara.
— Sinto falta dela... - sussurrou baixinho depois de muito tempo sem falar nada. A principal voz que passada em sua cabeça era a de um colega de seu pai dando a trágica notícia do falecimento de sua mãe pro mais velho. Hein jamais saberia daquele se não estivesse escondido atrás do sofá, em uma de suas brincadeiras com seu irmão. - Por quê as pessoas vão embora?
— Ainda não sei, Kookkie. - o mais velho pronunciara novo seu apelido sorrindo - Mas prometo que eu nunca vou deixar você. Sempre estarei aqui para protegê-lo de tudo. Nunca mais sentirá dor.
Mesmo que naquela momento nem tudo aquilo tivesse significado concreto e claro, Jeon sabia que, a partir dali não precisava mais sentir medo.
Assim JiMin logo conseguira mais sorrisos de seu irmãozinho.
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Todo o meu desespero por atenção havia ganhado vida. Era tão forte e tão grande que eu quase poderia senti-lo de forma palpável.
Durante um bom tempo JiMin apenas continuou meu olhando entre os fios da franja que caia sobre seus olhos. Ele novamente permanecera calado e sério, igual uma estátua humana. Os únicos movimentos que eu podia ver eram os de seus olhos ao piscar.
Só. E mais nada nada além disso.
Sabia de tudo que estava passando em sua cabeça. Sabia por também estar lembrando da mesma coisa. Da mesma memória de 10 anos atrás.
Mas, além das palavras, lembro do sentimento de segurança que conseguia sentir com ele depois daquilo.
O mesmo sentimento que naquele momento estava me consumindo por dentro. Me devorando vivo.
– Talvez isso só funcionasse para você em nossa infância - as chances daquilo virar uma discussão a partir dali eram absurdas.
Ouvi os passos de Park ecoarem em minha direção enquanto ele subia cada degrau vagarosamente.
A cada passo o som piorava, me fazendo arrepiar com toda a reverberação em minha cabeça.
A ressaca não avia demorado tanto assim para chegar.
Pisquei milhares de vezes, tentando voltar à realidade da situação e, assim que abri os olhos, JiMin estava em pé diante de mim.
Estava tão perto que eu poderia sentir sua respiração levemente bater em meu rosto.
– Myunnie... - o chamei baixo e suspirei pesado abaixando a cabeça.
As piores lembranças que poderiam vir a minha cabeça naquela hora tinham acabado de me atingir com força, fazendo meus olhos marejarem. - Você sempre me disse que, não valia a pena gastar lágrimas com algumas coisas. Será que essa seria uma boa situação? - assim que perguntei, senti uma de seus mãos em meu rosto, limpando o caminho das ultimas lágrimas que aviam passado por ali.
– Desculpa por te fazer chorar... Isso me machuca tanto quando a você. Eu sei que é tudo culpa minha, mas prometo consertar - JiMin, que me conhecia tão bem, sabia tudo o que eu queria ouvir.
Esse era o problema, não sabia se deveria acreditar e em que acreditar.
Ainda assim...
Me lembro de quem, pelo resto daquela noite...
Os únicos sons que poderiam ser ouvidos...
Eram nossas respirações se misturando uma a outra.
