"I catch a lie
Please find the self that was innocent.
I can not get away from this lie
Please give me back my smile."
— Lie. PJM.
Park JiMin:
A escuridão daquela rua me assustava. Mais pelo fato de estar sozinho do que todas as luzes estarem apagadas. Sentia o vento frio bater a todo o momento contra mim, fazendo minha pele se arrepiar de forma intensa, e eu só conseguia continuar andando para frente, tentando achar qualquer vestígio de alguém vivo por ali.
Além do vento, sentia a dor queimar meu abdômen, abaixo da minha blusa branca, cheia de sangue fresco no local. Conseguia o sentir só de passar a mão sobre a ferida.
Mal sabia como havia chegado ali e isso pouco me importava naquele momento.
Só precisava ir embora para casa.
Só queria voltar para os braços de Kookie.
Em menos de segundos, depois de lembrar perfeitamente de seu rosto, uma névoa densa começou a circular abaixo da minha cintura e a última luz do poste se acende. Era ele parado sob este, que agora o iluminava, mas não conseguia notar qualquer que fosse expressão em seu rosto enquanto ele fitava algo embaixo de si.
Jeon não me olhou em momento algum — ele nem ao menos se mexia —, principalmente depois de que o gritei. Conseguia ver, conforme me aproximava, algumas lágrimas escorrendo por seu rosto quanto fitava as mãos. Logo pude as vez manchada de algum líquido vermelho, de tom muito parecido com o espalhado por minha camiseta, escorrendo por entre seus dedos na mesma hora que me senti paralisar.
Assim que senti seu olhar finalmente vira-se em minha direção, percebi o menos fitando algo atrás de mim, porém antes que eu pudesse olhar comecei a sentir tudo ao meu redor desaparecendo aos poucos.
— JiMin... - era nítida sua voz chorosa ao chamar meu nome, mas já estava tudo escuro novamente.
☁️
Antes abrir finalmente os olhos, a última coisa que vi foi o rosto de Jeon perto do meu, ainda sorrindo do jeito que só ele sabia fazer. Assim que o fiz, sentir minha retina instantaneamente "queimando" com a luz branca sobre meu rosto e levei a mão aos olhos em busca os proteger, só assim percebendo a agulha que perfurava minha pele, ligada diretamente e um saquinho cheio de líquido pendurado ao meu lado.
Quando finalmente consegui enxergar de forma clara, pude o ver ali ao meu lado, deitado da mesma forma que eu e com a expressão tão serena que parecia dormir, enquanto mantinha seus olhos fechados, porém bem mais longe.
Não demorou muito e todo o meu corpo se encheu de adrenalina quando vi parte de sua camiseta hospitalar manchada de vermelho e o monitor ao lado de seu corpo apresentar batimentos tão fracos que a linha que o representando estava quase reta.
— Jeon...? - senti minha voz falhar, mas ainda assim o vi abrir parcialmente os olhos e tampar os lábios esbranquiçados com o indicador.
— Não faça barulho... Eles estão nos... - o menor foi interrompido pelo barulho da porta abrindo e fechou imediatamente os olhos.
Apenas fiz o mesmo, me mantendo os mais estático possível.
— Algum dos dois acordou, Doutor Kim? - a primeira voz que ouvi fora do meu pai. Ele não parecia triste ou preocupado com tudo aqui, mesmo assim se aproximou de mim e segurou minha mão por um tempo.
Sua voz emitia outro tipo de sentimento. O tipo que poderia se denominar de raiva.
— Não temos boas notícias, infelizmente, senhor Park. JeonKook continua sem responder aos medicamentos, apesar de termos conseguido o tirar dos aparelhos e JiMin ainda permanece em coma após os 4 dias aqui.
Senti meu corpo instantaneamente entrar em choque ao ouvir o tempo que estávamos ali.
4 dias.
Assim que ouvi o monitor ao meu lado acelerar o ritmo de "bips" segurei o ar. Sabia que eles iam notar, então continuei imóvel.
— Acho melhor conversamos em outro lugar, senhor. - o médico pontuou e notei rapidamente a porta se fechar segundos depois.
Ouvi os passos rudes do meu pai misturados aos do médico saírem do quarto. Assim que os burburinhos ficaram mais longe ouvir Jeon tentar chamar a atenção baixinho.
Ao notar o olhei, o vendo ainda mais assustando que eu, ainda assim, controlando a situação melhor do que.
— Min... Temos que fugir. - após ouvir as palavras do menor sinto meu corpo novamente em estado de choque. Não entendia o porquê de todas aquela situação, muito menos porquê de tal atitude tão brusca.
Assim que abri a boca pra questionar, o mais novo ergueu um dedo até os lábios, me fazendo calar e encarar a janela.
— Temos que ir... Agora. - assim que sussurrou, ele começou a tirar cuidadosamente os fios conectados ao seu corpo, me fazendo o seguir.
Livre dos fios, pude alcançar nossas roupas dobradas encima da cadeira – ao lado da minha cama. Nos vestimos rapidamente e JeonKook foi o primeiro a sair do quarto.
Em meio a adrenalina, alcancei sua mão, enquanto o via tomar extremo cuidado com o caminho percorrido.
Assim que nossos dedos se entrelaçaram, viramos um corredor, que felizmente estava vazio. Ele parou e se virou rapidamente para mim, me fazendo o encarar.
— Kookie estou com medo. - senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas logo depois sua mão livre estava no meu rosto, me fazendo os fechar. Logo, senti seus lábios tocarem os meus de forma delicada, me fazendo retribuir.
Por um segundo senti que tudo iria ficar bem.
Ao abrir os olhos, encontrei um sorriso sapeca em seu rosto e voltamos a percorrer o caminho para fora do hospital e, apesar de nem conhecer ali, parecíamos saber onde ir.
Em questão de segundo, localizamos uma das escadas de emergência. Só faltavam lances de escadas e estávamos livres.
Cada degrau que descíamos parecia aliviar mais o peso que carregávamos em nossas costas, apesar dos meus pulmões implorarem cada vez mais por oxigênio e a porta parecer ainda mais longe.
Suspirei aliviado assim que passamos por ela, tentando puxar todo o ar que conseguia, porém precisei esconder o rosto por conta da claridade do lado de fora.
Pisquei algumas vezes para me libertar da sensação, mas senti Jeon voltar pra trás de forma apressada, o que me fez o olhar confuso.
— Onde vão, meninos? - assim que abri a boca para questionar, ouvi a voz grossa do meu pai.
