No dia que você foi embora, eu ia finalmente te contar que finalmente descobri teu trejeito que acho mais curioso, eu ia te lembrar daquela história que você me contou várias vezes, mas mesmo assim, eu não me canso de ouvir. Eu ia te dizer, que gosto tanto de puxar o seu cabelo, no teu quarto vazio, na tua cama quebrada. Eu ia fazer, ia dizer tudo isso, mas... Você já não estava mais aqui. E eu, eu ri. Porque eu lembrei de você na minha sala, na minha cozinha, no meu quarto, te lembrei em cada canto dessa casa, porque eu abri morada pra você. A casa, não posso negar, você deixou intacta, mas aqui, aqui... Você deixou uma bagunça, tirou tudo do lugar, você quebrou, você destruiu, você cortou. E eu tinha acabado de arrumar. Naquele dia eu desejei muito que eu nunca tivesse te conhecido, que eu nunca tivesse te tocando, que nunca tivéssemos conversado. Eu desejei, que nunca tivesse te conhecido, mas no final desse mesmo dia, é incrível, incrível como eu desejei fortemente que você nunca tivesse ido... Mas você foi. No dia que eu finalmente entendi que você tinha ido embora. Eu tomei banho gelado, chorei nua no box. E cutuquei, nem que seja mentalmente todas as feridas, até deixar em carne viva. As pessoas começaram a se preocupar e me diziam: 'Ele é só mais um.'
Ninguém, é só mais um na vida de alguém, e você definitivamente não é só 'mais um' pra mim. E eu te procurei, nos copos que bebi, nos corpos que conheci, mas eu não encontrei. No dia que eu aceitei que você foi embora, eu entendi que você era outro. E eu, por consequência também virei outra. E no dia que eu me despedi de você, dei tchau pro cabelo comprido, pro gosto dos seus lábios, dei tchau pra você... Eu não me reconheci.