Hoje eu te vi
Caminhar tão sereno
E ao mesmo tempo tão triste
Que até mesmo qualquer outra que não fosse eu, iria lhe reconhecer na multidão
Qual a causa da tua insônia?
Reparei teus olhos vagos,
Me diga meu bem,
Viras a noite abraçado à solidão?
O mundo lá fora desmonta as tendas verdes e suspende um mar cinza
Gaveteiros de almas-produto produzindo em massa a alienação
Aqui dentro, queima meu peito
Talvez queime o seu também
Seria o meu pranto
A sua desgraçada condição?
Eu vi você
E por pouco o medo do elevador e o cansaço dos doze lances de escada pareciam fáceis de vencer nesta ilusão.
Talvez eu lhe desse o devido afago
Te encaixar perfeitamente em meu abraço
Secar suas tristes lágrimas
Mas talvez, hoje não.