Capítulo 8 - Sentimentos dissonantes

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[JiYong]

Ah, ela era tão linda...

Estava sentado no chão, a olhando dormir. Aquela cama pequena jamais comportaria dois corpos de uma única vez e Mo YunJi me chutou do espaço assim que dormiu profundamente. Eu tinha apenas cochilado, com a garota deitada em cima de mim, tão leve quanto uma pluma e no instante seguinte, eu estava no chão. Ela era forte, mais do que eu poderia supor por olhá-la.

E ainda mais incrivelmente maravilhosa quando dormia com uma expressão de paz e satisfação. Sem maquiagem, era a primeira vez que via o rosto dela e parecia um anjo - algo que eu pensei que poderia ofendê-la de alguma forma dada a sua natureza sombria. O cabelo loiro estava espalhado pelo lençol e tinha aquele cheiro de baunilha que me enlouquecia.

Mo YunJi era uma contradição. Ela agia como se estivesse tímida, não mas havia qualquer timidez no sexo. Me fazia sentir como se eu fosse uma máquina sexual tamanha era a forma como ela expressava prazer por estar comigo. Meu ego foi massageado da melhor forma possível e, naquela tarde, ela fez eu me sentir como se fosse o único homem que podia dar tanto prazer a ela. Quis ficar com essa impressão porque a tornaria minha e ela não iria procurar nenhum outro homem pois eu forneceria tudo o que ela precisaria.

Minha cabeça girava quando a notava me olhando com tanto tesão. Aquela boca sexy ficava um pouco aberta, os olhos ficavam enevoados, o corpo estava pronto. Sempre tão molhada e permissiva, eu ficava louco quando estava com ela, queria estar em todos os pontos, marcá-los como meus e fincar uma bandeira de propriedade no corpo dela. O gosto dela era tão bom, delicioso e único. Eu devia enfiar meu rosto no sexo dela mais vezes e tocá-la daquela forma e sentir o gozo a apanhar de maneira intensa. Sim, ela merecia tudo isso.

Suspirei e tirei meus olhos dela, resolvendo que deveria controlar meu fluxo de pensamento ou eu a acordaria para transarmos mais. E, definitivamente, eu não fui a casa dela com esse objetivo, mas que homem eu poderia ser se ela abria a porta usando apenas uma camiseta que mal cobria as coxas e marcava os seios - que eu tinha certeza que estavam maiores. Eu não conseguia pensar quando estava perto dela, que dirá se abria a porta daquele jeito, balançando os cabelos úmidos, os bicos do seios marcando o tecido da camiseta, aquele perfume de doce e escravizador.

Okay, Kwon JiYong, concentre-se. Você já teve mais do que merecia por ter causado tantos estragos na vida dessa garota. Agora, concentre-se. Por que você foi atrás dela mesmo?

Olhei em volta. A casa de YunJi era calabouço, quente e com cheiro de carne ensanguentada. Quando eu vi a escada que levava a casa dela, em cima de um açougue, eu quis estar no endereço errado. Era ruim olhar aquele ambiente e ver minha garota nele, pior era pensar que, de alguma forma, combinava. Não, ela merecia coisa melhor mesmo que fosse uma pessoa sombria. O ambiente era escuro, com tantas coisas presas na parede, nenhuma delas de cunho pessoal. Eram pôsteres de filmes de zumbis, a grande maioria eu desconhecia a existência. O guarda-roupa tinha as portas decoradas de adesivos escuros e parecia que uma avalanche estava preparada para a pessoa que se aventuraria a abrir aquelas portas. A bagunça do lugar era agravada pela sujeira de comida e retalhos de panos pelos cantos.

Era por essas coisas que Mo YunJi me intrigava. Encarei o canto fechado por uma cortina de plástico verde e me levantei para espiar. Ali, havia uma bancada, uma quantidade de papeis espalhadas, lápis coloridos numa lata de ferro. Uma máquina de costurar pequena, uma sacola de retalhos, sujeira, muita sujeira. Um manequim estava próximo a parede, o rosto coberto por algum tipo de espuma modeladora, de um lado um chifre imenso, do outro, a falha na concepção, com um buraco no molde. O outro chifre estava no chão, aos pés do manequim, devia ter quebrado. A roupa era uma costura de retalhos que davam a aparência medieval e, no entanto, sofisticada ao que quer que fosse aquela coisa. Um compressor de ar estava debaixo da bancada juntamente com pequenas latas de tinta.

Olhei para trás, YunJi continuava dormindo, tranquilamente. Nua e deliciosa na cama. Olhei para aquele lugar. Que diabos era tudo aquilo? Mexi nos papéis e vi desenhos tão elaborados de uma criatura humanoide com traços marinhos (não fazia ideia do que era aquilo!). Os desenhos eram diferentes ângulos da face, detalhes da roupa. Olhei para ela novamente, segurando seus papéis. Mo YunJi era uma artista? Escutei Jennie dizer que YunJi era maquiadora de cinema e um talento desperdiçado. Deixei os papéis na mesa e abri a única gaveta da bancada. Fotos estavam soltas ali dentro, a primeira delas era YunJi e Zion T. juntos na porta de um cinema. Ela estava com a maquiagem sombria, um vestido preto com saia rodada e uma faixa branca na borda da saia bem curta, meias de gatinho e botas. Estava tão linda, parecia uma boneca.

A primeira coisa que fiz foi rosnar. Segurei a foto com tanta força que quis rasgá-la no meio e fazer o corte passar entre os dois. Então, ciumento, comecei a mexer em todas as outras fotos perdidas na gaveta. Zion. T, Zion. T, Zion. T, Zion. T... Cinema, café, evento de alguma coisa, praia (sem biquíni e com roupas de inverno, o rosto dela queimado pelo vento, o sorriso sincero). Tinha fotos deles fantasiados e eu sabia que era Zion. T embaixo de espuma e maquiagem por causa do sorriso. Ele fantasiado de monstro, de zumbi, de personagem de anime ou videogame, sei lá do que mais porque queria queimar todas aquelas lembranças e não queria entendê-las. Vasculhei as fotos, olhando a parte de trás, apenas datas com uma letra singular. No fundo da gaveta, uma foto antiga de gêmeas na casa dos quarenta anos num lugar com árvores. Depois, uma foto de uma das mulheres sentada numa cadeira de rodas com uma coberta nas pernas, uma foto de perfil, e que ainda assim havia retratado a tristeza da pessoa. Atrás dessa foto, apenas a palavra 'mãe'.

Fechei a gaveta com cuidado e sai do espaço, deixando a cortina do jeito que estava. Andei de volta para a cama e peguei minha boxer no chão, para vesti-la, antes de sentar no sofá. Aquele maldito Zion. T sempre estava com YunJi... Eu tinha que parar isso.

Meus pensamentos ficavam tão tortuosos por causa do ciúme. Eu acabei de transar com YunJi e isso deveria me dar alguma segurança, mas não dava. Ela sempre estava com Zion. T e eu queria que ela estivesse comigo.

Olhei para o chão, em volta da pequena mesa suja de molho de macarrão, estavam revistas de quartos de criança. Pisquei. Meu coração se acelerou e peguei uma delas, a que estava em cima, e vi as marcações de YunJi em móbiles. Uma caveira ou uma estrela. O que poderia significar?

A olhei mais uma vez, quando ela se mexeu na cama e levou a mão para perto ao rosto e sorriu. Eu mesmo sorri. Deus, que mulher adorável. Olhei para os catálogos e um sentimento desconhecido me invadiu. Coisas para o bebê. O bebê que ela estava esperando.

Estava sorrindo como um idiota e me acomodei melhor na poltrona com a revista no colo. Um bebê. Deus do céu, ela ia ficar linda segurando uma criança e eu poderia abraçá-la e beijar meu bebê. Ah, que imagem bonita. Meu ciúme sumiu quando pensei nisso e agora, estava feliz e ansioso.

Fiquei algum tempo olhando ela dormir e pensei que poderia fazer melhor, antes que a vontade que eu tinha de acordá-la me tomasse por completo. Me levantei e fui mexer na geladeira. Meu horror foi saber que havia um suco aberto, alguns legumes que pareciam murchos e nada mais. Mexi nos dois armários e só havia comida instantânea. YunJi só podia estar brincando.

Ela não comia? Quer dizer, ela só comia porcaria? Não estava grávida, como iria manter a saúde daquele jeito. Minha mãe tinha comentado que mulheres grávidas precisavam tomar cuidado redobrado com a alimentação, comiam por dois. E a mãe do meu filho, com comida instantânea na casa dela. Não estava certo.

Eu já odiava aquele lugar antes mesmo de entrar e agora que estava ali, odiava ainda mais. De jeito nenhum que a deixaria naquele ambiente cavernoso. Muito menos o meu filho. O pensamento se alojou na minha cabeça e lembrei de tudo o que me falaram sobre gravidez (que era bem pouco, na verdade) e do futuro horrível de YunJi.

Não iria permitir que essa situação piorasse. Iria convencer YunJi que o melhor caminho era ficar comigo.

Esse Amor (GDragon Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora