Esse Amor (GDragon Fanfic)

Capítulo 14 - Reações

[YunJi]

Estava chovendo em Busan. Sai da clínica geriátrica quando o horário de visitas encerrou e me refugiei no ponto de ônibus, esperando o transporte que me levaria de Yongho-Dong para a estação do trem expresso. Sai bem cedo de casa, a viagem levava cerca de três horas e queria estar nos primeiros horários da visita.

Uma vez por mês, eu visitava minha mãe e minha tia. Além do mais, com a mudança de endereço, fui atualizar meu cadastro e deixar tudo fácil para que eles pudessem me localizar com eficiência e me avisar de qualquer alteração no quadro de saúde de ambas. Minha mãe não poderia sair da clinica, ela não tinha mais condições mentais de ficar na sociedade, minha tia foi morar na clínica por sentir que precisava ficar próxima a irmã-gêmea e ser um elo de ligação com o mundo externo. Era verdade que minha mãe não apresentou quadros piores ou crises depois que minha tia foi morar lá, mas também, não havia mais como ajudá-la. Minha tia não se recuperou totalmente do acidente de anos atrás e agora andava com o uso de uma bengala.

As encontrei no jardim. Minha mãe estava perto da irmã, sentada na cadeira de rodas, olhando para o nada. Eu sempre esperava que ela estivesse revivendo algum momento grandioso de sua vida como uma memória eterna. Independentemente do que eu queria, não havia como saber se ela pensava em alguma coisa. Ao menos, notava que ela encontrava-se tranquila e isso já alegrava meu coração doente e despedaçado. As duas mulheres eram idênticas, com o rosto magro, a pele fina, os olhos castanhos grandes, os lábios pequenos, o cabelo preto repartido no meio. Alguns gêmeos procuravam uma liberdade e sua aparência, mas não era o caso delas, que inclusive vestiam roupas similares.

Ao ver como elas eram bem tratadas e como minha tia sentia-se bem no ambiente tranquilo e de vista agradável, reforcei em mim meu ímpeto de procurar um emprego. Precisava mantê-las no mesmo luxo que estavam acostumadas. Eram a minha única família e tudo o que eu tinha. Até nascer o bebê, é claro.

Fiquei encostada no canto do ponto e retirei o celular da bolsa. Desligava sempre que ia visitar a família, aqueles momentos me eram tão preciosos que não queria nada do mundo me distraindo. Mesmo que fossem momentos que doessem tanto e que reforçavam valores que outros não poderia entender, ainda era o melhor que eu poderia ter delas. Um trovão riscou o céu escuro e torci os lábios, querendo enxergar no meio da massa branca d'água. O celular vibrou, avisando de 20 ligações perdidas e cerca de 30 mensagens. 13 ligações eram de JiYong.

Me preocupei que ele pudesse querer desistir do acordo e não querer mais o filho. Mordi a parte interna da bochecha e verifiquei as mensagens. O conteúdo era parecido em todas: onde você está? atenda o celular? Mo YunJi, onde você está? você está bem? droga, mulher, atenda.

Antes mesmo de conseguir apertar o botão para discar, o aparelho vibrou na minha mãe e avisou da ligação de JiYong. Me assustei com a rapidez e atendi a chamada.

"Mo YunJi? Onde você está? Você está bem?" ele perguntou tão rápido do outro lado da linha que eu percebi que estava sem fôlego só de saber que ele estava me ligando. Precisava recuperar a consciência. Minha tia me disse que se meter com homem comprometidos era uma sina da família e que nunca gerou resultados bons. Isso foi depois de ter contado sobre a gravidez e ter sido alvo de olhares de reprimenda. Antes, tenha um emprego e uma carreira, depois você pensa em família, era o que ela sempre me dizia quando criança e agora que eu já era adulta.

Ao ouvir essas palavras ditas pelos lábios pequenos, eu olhei para o chão e percebi a verdadeira motivação dela. Estava certa, eu estava fantasiando sobre uma situação que não era real. A realidade era mais dura e fria do que o quarto aconchegante que Kwon JiYong disse que era meu. Na realidade, não havia aqueles tons suaves de azul das paredes e nem a maciez da colcha. Um emprego e sustento, depois um homem e um filho. Eu já tinha metido os pés pelas mãos.