Um mês se passou desde que virei assistente do Kim; sim, não fui demitido. Não fui repreendido e nem levei corte no salário, o que me deixava mais apreensivo ainda. Não sabia o que meu chefe pensava. Levei a situação como ele, fingi que não aconteceu, mas às vezes ainda penso que devia me desculpar mais apropriadamente. Apenas tolos e inúteis fazem o que fiz.
Estive ao lado de Claire em alguns momentos, aprendendo sobre os compromissos recorrentes do Kim e sobre alguns contatos que era importante sempre ter no bolso. Entre eles, o de Jung Hoseok, gerente financeiro da empresa e amigo do Kim, segundo Claire, e de seu psicólogo. Soube que costumavam ter sessões uma vez por mês, e que se conheciam há muitos anos.
Aprendi um pouco mais sobre os gostos do chefe observando seus costumes, como as lojas nas quais preferia fazer compras, os relógios que levava no pulso, ou os brincos que usava na orelha. Mas seu gosto na culinária não era tão discrepante do meu e dos outros coreanos; a boa e típica culinária do nosso país.
Sobre nossa relação no trabalho, continuava a mesma coisa. Pego um café ali, redigo umas atas aqui, o acompanho em seus almoços, com exceção dos que têm com a mãe nas terças, antecipo suas viagens e cuido de alguns assuntos referentes a sua casa e os ajudantes que tem lá.
Nas vezes que estive em seu lar, pude ver que ele tinha um cachorro, o qual se chamava Boo-Soo, e notei alguns retratos no corredor do segundo andar que me permitiam conhecê-lo um pouco mais. Foi a primeira vez que vi o rosto de sua mãe e de seu irmão mais velho, sobre quem o Kim nunca falava. Sua natureza reservada me dera uma ideia de quem era a pessoa por trás daquela imagem empoderada e impenetrável de CEO somente uma vez: quando estávamos em Tóquio e ele teve uma recaída por conta da saúde de seu pai.
Eu tinha uma noção do que poderia ser essa presença de pai pelo o que meus amigos tiveram e pelo o que vi algumas vezes na vida. Mas nunca fora uma experiência pessoal de minha parte, aquele laço aparentemente forte e sólido que o Kim tinha com o seu progenitor. Minha mãe me criou sozinho, e sempre foi assim, eu e ela. Nunca senti falta de nada, mas conseguia me colocar no lugar dele mesmo assim.
No entanto, mudando de página, falemos sobre algo que vem tomando conta de meus pensamentos algumas vezes ao dia; o algo que me tira a dignidade: a imagem do Kim vindo à minha mente logo quando beijei Caleb.
Que merda é essa?
Espantei os pensamentos balançando meu pescoço e fechando meu armário em minha frente.
"Oi, príncipe," fui surpreendido pela voz familiar ao meu lado, que segurava a mochila no ombro e tirava os fones de ouvido da orelha.
"Oi, Yoon," suspirei, parecendo frustrado.
"Ih, o que aconteceu contigo? Soube que arranjou um emprego, e não tenho te visto na faculdade. Você não trabalhava no diurno?" perguntou, acompanhando meu passo pelo corredor da faculdade.
"Sim... meu horário é das 8h às 17h. Não faço muita coisa por enquanto, o problema são as horas extras que faço. Já faltei uns cinco dias no último mês," tentei afastar minha preocupação de mim, pensando positivo sobre isso.
"Cinco dias? Isso dá muitas faltas, cara... tem certeza que vale a pena?" me lançou um olhar preocupado, e assenti, meio incerto.
"Acho que sim."
"Hmm.. enfim, você sabe que sempre pode contar comigo e com o Jin hyung. Andamos igualmente ocupados com a faculdade e o trabalho, mas não se acanhe em nos procurar, tá bom?" trocamos olhares, e sorri, grato.
"Obrigado, hyung. E sobre o trabalho, eu vou conversar com o Kim sobre isso... até porque algumas das tarefas que faço nas horas extras não parecem ser urgentes. Mas por algum motivo me sinto receoso de perguntar," meu tom se abaixou nas últimas palavras.
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Too l8 (too late) taekook fic
FanfictionPara criar uma história de amor cliché mas não convencional, pegue um CEO bilionário com suas mentiras, prestes a se casar, e faça-o contratar um novo assistente. Depois faça ambos se apaixonarem pelo outro, e crie um empresário competente, leviano...