Levado

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Século XVIII...

Sempre fui um pai presente, mesmo trabalhando tanto no cemitério. Meus filhos e esposa me ajudam, mais por tradição do que necessidade. A maioria do povoado em que moramos nos acham estranhos, Saint Perone nunca foi um dos melhores lugares para se viver, mas para nós Westfilds é um bom negócio. Ser dono de um cemitério, tem lá suas vantagens, mesmo sendo incompreendido até por minha família. O cemitério já está na posse da família há mais de 300 anos. Sempre cuidamos dele, e dele cuidaremos... até o final.

-Bom dia família esquisita. -entrou Antonella na sala de jantar exalando ironia.

-Já lhe avisei, Antonella Westfild. Se continuar com essas coisas vou lhe mandar para um convento na Ilha do imperador, e só voltar quando tiverem colocado juízo nessa cabeça oca.- Falei com tom de ordem e briga, quem sabe assim ela tome jeito e de porte como todas as moças de sua idade.

-Calma, Sr. Lucius, foi apenas para melhorar o clima dessa casa. Não é todo mundo que vive e trabalha ao lado do cemitério. -Prossegiu ela. Essa garota precisa de uma lição, mas em parte ela tem razão. Viver aqui não é fácil.

-Filha, se comporte. -Mandou minha bela esposa Isobell.

-Hoje parece que ninguém está de bom humor. - continuou Antonella.- Alguém viu Elliot? Preciso que ele me leve a cozinha de Leopold, as coisas da despensa estão acabando e teremos um funeral em breve.

-Estão me procurando? -Entrou Elliot, meu filho mais velho. Todo carrancudo e sério.

-Aconteceu algo com você, Elliot? Perguntou Isobell.

-Não é da sua conta mulher.

-Elliot Westfild, não fale com sua mãe dessa forma. O que está acontecendo garoto? Acha mesmo que tem bolas de homem para isso? Saia agora e vá preparar o túmulo para o próximo enterro...-Não consegui ao menos terminar a ordem e ele já saiu da sala pisando firme.

-Tem algo de errado com esse garoto- Falei pensando alto.

Todos terminamos o café da manhã em silêncio. Sabíamos que havia algo incomum com ele, então deixaríamos para resolver após o enterro do filho mais velho dos Zenóbios.

Chegando perto da entrada do cemitério, escuto vozes e uma me é familiar, é a de Elliot. E a outra não reconheço. Não sou homem de ouvir conversa sem ser convidado, sou um homem honrado. Mas se tratando da minha família, deixo qualquer coisa de lado. Paro para escutar um pouco mais de perto e me assusto com o que ouço.

-É chegada a hora, meu hospedeiro. Todos devem saber que voltei. Todos devem saber que retornei. E não irei embora até completar o que me mandaram fazer. Dessa vez, não há ser que nos impeça de alcançar a vingança. Esse lugar foi meu, e irei recuperar o meu poder nem que precise ceifar a vida de todos desse lugar, paraentão libertar a quem está predestinado a tudo. -falou a voz grossa quase que demoníaca.
-Sim, meu irmão. Completarei o que me mandaram fazer. Eu libertarei você. E daremos vida outra vez aos Geminis...

Entro rapidamente procurando onde eles estão, mas tenho dificuldade, o chão está escorregadio quase como se fosse um pântano. Quando chego junto ao túmulo de enterro da família Zenóbio, a porta está aberta e Elliot se joga dentro.
Eu corro tentando impedi-lo com o coração apertado, sabendo que a queda o mataria.

-Elliooooot....

Geminis - O Retorno Da Maldição Onde histórias criam vida. Descubra agora