Prólogo

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Subo os degraus da casinha antiquada e sorrio ao sentir o perfume floral dos produtos de limpeza que ela tanto amava usar

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Subo os degraus da casinha antiquada e sorrio ao sentir o perfume floral dos produtos de limpeza que ela tanto amava usar. Era quinta-feira então eu sabia que havia tirado todas as roupas do nosso guarda-roupa, lavado toda a roupa suja, tirado o pó, encerado o piso de cimentício do interior, trocado todas as roupas de cama, e os forros das almofadas, e com certeza, mas com certeza mesmo: mudado alguns móveis de lugar. Eram seis da tarde então além de uma casa limpinha, eu ia encontrar Isa cozinhando, cantarolando, e com a água no fogo para meu chimarrão. Bebida que custei para encontrar, desde que me mudei pra cá do Rio Grande do Sul, quando ainda era só um pirralho.

- Hoje você demorou... - ela encosta a cabeça no meu peito quando ganha um abraço meu.

- Não demorei não. Cheguei na hora certa, você que está com seu relógio biológico descontrolado!

- Está mesmo! Todo descontrolado de saudade! - ela me faz rir ao mexer o traseiro para me atiçar, mas apenas ganha um beijo casto em sua bochecha cheirosa no mesmo momento.

- Aqui... - ela me estende a cuia que um dia fora do meu pai e eu jogo a água do bule que descansava tapado no fogão. - escuta, dei uma mexida na garagem, precisamos jogar algumas tralhas fora. Na verdade eu até joguei.

- Sem problemas, tem algo pesado? Quer ajuda?

- Tem umas três caixas pesadas, pode dar uma olhada e colocar pra fora?

- Faço isso depois do jantar, sim senhora!!!

Eu devolvo o bule pro fogão e aperto o passo para chegar ao sofá. Eu estava mais do que exausto, o dia no departamento foi... bom, eu não tinha outra palavra para descrever que não fosse 'exaustivo', mesmo...

- Como foi hoje, meu bem?

- Exaustivo! - murmuro e sorrio.

- Do que está rindo cara-pálida??? - Isabela me encarava do outro lado da bancada da cozinha e sorria curiosa.

- Estava agora mesmo pensando no quanto foi exaustivo, e aí você perguntou!

- O que foi? Teve algum caso complicado?

- Não e nem foi preciso, foi cansativo porque foi, e ponto final! - dou risada e ela nega. - Passei o dia escutando os grampos do caso daquele Cristian. - eu justifico já que ela estava por dentro do assunto, pois era com ela que eu desabafava todos os dias, e nesse momento meus olhos vislumbram aquele tão familiar objeto repousando no outro sofá.

E ele nem combinava com o estofado florido...

- Isa?

- Está quase pronto, Davi...

- O que esta caixa está fazendo aqui? Ela estava na garagem.

- Ah! - ela sai da cozinha limpando as mãos em um pano de prato. - Eu a encontrei, achei tão bonitinha. Quero que você abra pra mim, está trancada. - ela fala sorridente e volta pro fogão. - Estava pensando em pintá-la e reutilizá-la para alguma coisa aqui dentro de casa, achei tão linda e estava tão suja, lá. Podia até pegar mofo. - ela levanta a voz para que eu possa ouvi-la. - Enquanto minha licença-saúde durar quero dar uma arrumada aqui, pintar alguns móveis, claro que vou precisar de suas lindas mãos criativas...

DEGUSTAÇÃO - Nas Suas MãosOnde histórias criam vida. Descubra agora