07- Entre Aceitações e Surpresas

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Sua ficha não cai até você estar dentro de um vestido bonito e dançando com seus amigos na festa da formatura. Não, ela não cai na cerimônia, nem quando pega o diploma, porque você ainda tem tempo. Dependendo da escola, a festa ocorre em um dia diferente, então, a chama da esperança fica acesa, mas, enquanto você está lá, dançando alguma música de caráter duvidoso e coreografia suspeita, percebe que acabou. Sua adolescência está te dando adeus, e não tem nada que possa fazer para impedi-la de ir embora.

Seus amigos vão seguir rumos diferentes, provavelmente, nunca vamos vê-los de novo, e, se por acaso acontecer, será aqueles momentos estranhos que vemos nossos pais tendo quando encontram alguém. Algo do tipo: "Oi, tudo bem? Como a família? O que fazendo da vida? Precisamos marcar sim, vamos combinar. Beijos". Esse é o futuro das pessoas, não tem como fugir.

Abraço Cláudio mais uma vez antes de irmos embora. Meus olhos têm lágrimas, os de Bia também.

— Faculdade ano que vem? — ela grita, em uma mistura de animação e esperança.

— Se Deus quiser. — Rio com ela.

Em janeiro começará o tormento de saber se passamos ou não.

— Bia e Stela causando em qualquer lugar que aceite a gente — grita de novo.

— Ao melhor tempo de nossas vidas — peço um brinde, alcançando um copo na mesa mais próxima. Bia faz o mesmo.

— À melhor época de nossas vidas.

Achamos melhor não beber o conteúdo, nem sabemos de quem poderia ser ou qualquer coisa do tipo.

William está comigo, apesar das turbulências que temos passado. Ele vai para alguma faculdade no Sul do país, e eu quero fazer uma no estado mesmo, no máximo na capital. Evandro mora em uma cidade que fica a duas horas daqui, se eu passar na faculdade de lá, vai ser ótimo. Não que eu vá morar com ele, mas ter um suporte já ajuda. Alana está fazendo faculdade na cidade vizinha também, tenho várias opções, mas o Sul não é uma delas. Aliás, ainda nem decidi meu curso.

— Amor, que tal irmos pra um lugar legal? — William pergunta, sorrindo, e mostra as chaves do carro. Ele já tem habilitação.

Minha família está na nossa frente, incluindo Evandro. Nem dá para pensar em uma coisa dessas agora, quer dizer, amanhã vamos conversar como uma família de novo, vamos fazer coisas que famílias fazem. Há tempos não tenho isso.

— Preciso estar em casa, Evandro quer contar uma novidade e pediu uma reunião.

William simplesmente bufa e concorda. Ele não é uma pessoa ruim, só estamos em um momento chato. Tão chato que quero mandá-lo para o inferno cada vez que abre a boca.

— Ok — murmura.

Vou no carro com o resto da família. Falamos sobre coisas da festa e meu futuro não definido, mas decidido. Eu farei faculdade porque é o que todos fazem, não quero ficar parada também, mas, ao mesmo tempo, sinto a pressão do curso.

— Você poderia fazer uma área que tem afinidade — Evandro aconselha.

— A nerd gosta de tudo — Alana debocha.

Não gosto, só precisava aprender. É diferente.

— Que exagero, Alana — meu pai chama sua atenção. — Mas é verdade, Stela é uma Estrelinha brilhante.

— Seja o que você escolher — minha mãe começa –, vai se sair bem e teremos muito orgulho de você.

Este é o momento que quero chorar como uma criança de cinco anos. Em três anos, depois de altos e baixos, essa é a melhor coisa que ouço. Seja lá pelo que minha família passou, parece que melhorou e voltou aos trilhos. Aos poucos, vamos nos acertando.

[DEGUSTAÇÃO] Entre Will & VodkaOnde histórias criam vida. Descubra agora