Vamos dizer que eu tenho uma queda por uma das clientes. Como garçonete, eu vejo pessoas diferentes entrando e saindo o dia todo, mas essa cliente, seu rosto... Impossível de esquecer.
A minha sorte é que ela é regular no local, então posso apreciar sua presença. Hoje ela usava um vestido azul com um decote em V, cabelo solto e a maquiagem mais leve. Era noite de uma sexta-feira, então ela podia estar esperando alguém, apesar de eu nunca a ver acompanhada.
Eu não tinha coragem de atendê-la. Sei que se tentar, vou gaguejar, me atrapalhar e passarei vergonha, então é melhor assim, apenas observar de longe.
- Bem vindos! Aqui está o menu de vocês, quando estiverem prontos para pedir é só me chamar - sorri para o casal, antes de pegar o pedido já pronto para entregar para outro cliente.
Um senhor afável entrou no coffee shop e sentou numa mesinha ao lado dela. Ele dispensou o menu, já pedindo por um cappuccino e um pedaço de bolo inglês. Anotei seu pedido e queria dizer que não olhei para ela pelo canto do olho o tempo todo, mas tenho que confessar, eu olhei.
Ela sorria enquanto digitava no celular, então provavelmente conversava com alguém que gostava. Ou sorria para um vídeo de gatinhos. De qualquer jeito, não segurei meu sorriso quando ela riu por alguma coisa que viu. Seus olhos verdes foram diretos para os meus e eu desviei rapidamente.
- Trarei logo seu pedido, senhor - falei para o cliente e saí o mais rápido possível.
Minhas costas queimavam, eu sabia que agora ela me observava. Ela devia estar pensando em como eu parecia abobalhada tropeçando nos meus próprios pés.
Quando tive que levar o pedido para o senhor, evitei totalmente olhar para ela ou então derrubaria tudo no chão.
Era final do turno, o local já estava fechado. Eu terminava de limpar as mesas, quando eu vi um celular vibrar em cima de uma. Bem onde ela havia sentado. Olhei para tela do aparelho, a foto de uma mulher e o nome Sam aparecia. Seria então com essa Sam que ela estava conversando?
Nervosa peguei o celular e atendi a ligação no último instante.
- Sam, alguém atendeu! - era ela, definitivamente. Eu quase não a ouvia falar, somente quando fazia seu pedido para outra garçonete, mas a voz dela era daquelas que você não esquece. - Ah, oi! Eu perdi meu celular e eu não faço ideia onde.
- Eu acabei de encontrar, você deixou em cima da mesa do coffee shop. Estamos fechados, mas eu posso te esperar aqui por alguns minutos - mordi meu lábio.
Ouvi um "Lena é ela" de Sam e um rápido "shhhh" que supus ser de Lena. Então era esse o nome dela.
- Eu chego aí em dez minutos, muito obrigada, Kara. - Então ela desligou.
Ela sabia meu nome? Ela sabia meu nome! Ah, meu Deus, ela sabia meu nome! Como? Quando? O que?
Lena sabia quem eu era. Provavelmente como a garçonete desajeitada, mas eu não estava me importando no momento. Ela estava a caminho e eu ainda estava naquele uniforme vermelho e bege horrível.
Troquei meu uniforme por uma calça jeans, sapatilhas e camisa de alça florida. Fazia calor, mas esse não era o motivo das minhas bochechas ficarem vermelhas. Meu cabelo estava uma desordem e tentar arrumar só o tornaria pior.
Winn, o dono, avisou que já iria trancar as portas. Ele me perguntou se eu ficaria bem ali na calçada sozinha essa hora da noite, mas eu o assegurei que não iria ficar por muito tempo.
Vinte e cinco minutos depois de Lena desligar, ela chegou. Seu carro era um sedã escuro brilhante, do tipo que gritava dinheiro.
Sam saiu primeiro do carro, com um sorriso aberto. Seu olhar parecia como o de uma criança aprontando. Lena saiu logo após, pela porta do motorista. Ela havia trocado de roupa, agora um vestido mais leve e sapato baixo, ainda tão bonita quanto em todos os outros dias que a vi.
- Você não sabe o quanto eu te devo, por ter achado meu celular, minha vida toda está aqui! - Ela sorriu para mim e eu não pude deixar de a acompanhar.
- Não tem problema nenhum, senhorita - respondi, já entregando o aparelho. Nossas mãos se tocaram por um segundo, mas eu ainda assim senti a corrente elétrica atravessando o meu corpo.
- Uau, Lena, você não exagerou quando disse que ela era bonita - Sam comentou baixo, mas eu ainda pude ouvir. Lena deu uma cotovelada em suas costelas, olhando para mim assustada.
- Não a dê atenção, ela não sabe o que fala.
Sam olhou para Lena chocada.
- Eu pensei que era você que não sabia o que falar com Kara.
O rosto de Lena passou por três tons de vermelhos. Eu estava achando tudo aquilo tão bonitinho, porque eu nunca iria imaginar que ela gostava de mim, do mesmo modo que eu gostava dela. E nenhuma de nós tivemos coragem para desenvolver um relacionamento.
Lena empurrou Sam para o carro e então se virou para mim. Sua amiga olhava para nós com um sorriso encorajador para nós.
- Então... como Sam deixou claro, eu gosto de você, é por isso que venho tanto aqui - suas mãos estavam inquietas e a voz falhava de nervoso. - Estive pensando, gostaria de sair comigo?
Borboletas invadiram meu estômago por completo, eu estava tão feliz que meu rosto podia rasgar com meu sorriso.
- Eu adoraria, eu seria louca se recusar.
Lena se despediu com um abraço que durou um pouco mais do que o normal. Eu não me importei, meu coração alegre parecia que estava no carnaval.
Sam gritou pela janela do carro:
- Uhu! Preste atenção National City, o casal do século está se formando!
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SUPERCORP - Coleção de One Shots
FanficComo o título indica, todos os capítulos aqui serão one-shot supercorp. Algumas serão picantes, fofas, tristes e muito mais! PS: Nem todas as one-shots vão ser do mesmo universo da série.