O Passado Viaja nas Asas de Uma Borboleta

207 20 13
                                    

Notas iniciais:
Desculpa a demora. Eu tive de pensar muito para trazer um capítulo bacana! Em compensação, esse capítulo é mais longo dos que eu costumo postar.

OBS: recomendo que leiam escutando "La Vida Es Un Sueño"
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Perdida... essa foi a primeira palavra que veio a cabeça da pequena morena ao ser deixada em frente à uma porta de madeira, de um lugar desconhecido, por um homem que ela nem sabia direito quem era.
Ela sabia que aquela palavra significava estar sem aqueles que ama por perto, sem ter uma mínima ideia da localização deles. É uma boa definição para uma criança de três anos. Mas será que ela não estava confundindo perdição com solidão?
O homem saiu de perto e fechou o enorme portão de ferro, deixando para trás a menina, que correu em sua direção segurando as grades com as mãozinhas. Uma solitária lágrima escorreu pelo seu delicado rostinho. Ela ficou ali apenas observando-o se afastar. Antes de partir de vez, ele lhe lançou um último olhar que carregava culpa por estar deixando-a ali, e ao mesmo tempo era um silencioso pedido de desculpas. No fundo ele tinha certeza de que estava fazendo a coisa certa, e que a pequena ficaria bem.
Medo. Foi um arrepio de medo que atravessou o corpinho da criança ao perder aquela pessoa de vista ao fundo da paisagem. De repente, alguém tocou em seu ombro direito. Era uma moça. Alta e esguia, suas madeixas amendoadas estavam presas em um coque deixando alguns fios soltos. O sorriso gentil e o olhar de ternura passaram a ela uma certa confiança. Em seu colo, havia outra menina. Loirinha, loirinha. Pele bem clarinha e um belo par de íris azuis. A boquinha entreaberta e os olhinhos úmidos indicavam que ainda há pouco havia chorado.

- Não tenha medo! - Disse a moça com sua voz tranquila. - Está tudo bem!

Houve uma pausa.

- Qual é o seu nome, menininha?

- E-eu não lembro.... - Murmurou pensativa.

- Ah.... - Outra pausa. - Como posso chamá-la?

Ela deu de ombros.

- Que tal Luna? Para combinar com esse pingente em seu pescoço!

Ela sorriu e assentiu. Luna é um nome bonito!

- Eu me chamo Maria e essa aqui no meu colo é a Ámbar.

A loira sorriu estendendo sua mão a mais nova. Luna retribuiu o gesto e a cumprimentou com um aperto de mão.

- Ela tava chorando? - Indagou a morena preocupada com a outra.

- Sim. Ámbar ralou o joelho, mas eu já fiz um curativo. Veja. - Respondeu mostrando a perna da menina entre seus braços.

- Ah. Eu já me machuquei assim também. Dói na hora, mas depois passa. Não se preocupe, Ámbar! Vai melhorar logo!

- Aham! - Concordou.

Logo as três adentram a casa, que apesar de parecer grande, por dentro na realidade, chegava a ser bem apertada. Maria guiou as pequenas até um quarto no andar de cima. Haviam duas beliches. Uma ocupada por duas meninas mais velhas, que aparentavam ter onze ou doze anos, e a outra estava vazia.

- Luna, quantos anos você tem.

- Três.... eu acho. Assim, ó. - Falou mostrando o número três com os dedos.

- Ámbar, você pode ceder a cama de baixo para a Luna?

Ámbar era somente um ano mais velha que Luna. Não era muito, mas para a segurança das próprias crianças, as mais velhas ficam na de cima e as mais novas na de baixo.

- Aham! Eu sempre quis dormir na cama de cima! E ter uma "amiga de cama" também! - Exclamou a loira com evidente animação.

- Que ótimo! Agora você tem as duas coisas! Faça companhia pra Luna, eu espero que vocês sejam boas amigas! - Falou sorrindo. - Ah! Luna, você está com fome? - Perguntou voltando-se a morena.

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