Zero-Seven

257 33 9
                                    

"Nem a velocidade da luz acompanha sua mente"

— Drippin' by NCT DREAM

Viera a ser um horror completo quando a tênue luz do monitor era a única fonte luminosa que preenchia o quarto do rapaz. Seus olhos estavam cobertos de desespero, suas mãos tateavam o chão escuro e sua boca soltava preces. Tinha razão em estar com medo. Ou melhor, razão não. Medo é uma emoção, pois a razão induziria-o a estancar o alvoroço feito e analisar a situação calmamente. Contudo, Mark Lee era apenas um garoto bobinho que não sabia que diabos estava acontecendo naquele momento. Não quando sua caixa de som ainda gritava palavrões e na tela a sua cabeça em pixel explodia em milhões de quadradinhos minúsculos. Ele tinha medo.

Quase que do outro lado da cidade, quatro adolescentes indagavam-se como é que uma coisa daquela viera acontecer: toda a energia da casa ter ido ao beleléu e somente o computador funcionar. Aquilo era um tanto curioso e pertinente, uma vez que não fora eles os autores. Mesmo assim, estavam se divertindo com o medo bobo do tal Mark.

— Coincidência estranha e genial — Jeno comentara, sorrindo ao sentir-se realizado.

— Vai que o computador dele funciona através de geradores — o mais novo do grupo teorizou, ninguém refutou.

— Isso faz sentido — Donghyuck riu. — Como será que está Chenle? Estamos vendo a imagem, mas precisamos saber se ele ainda tem contato conosco.

— Boa ideia — Jaemin tirara o celular do bolso e iniciou uma chamada de áudio com o amigo chinês. — Zhonga, como é que tu tá?

— Gravei bastante, vocês podem ver. Podem parar com tudo, o menino deve estar se mijando lá — e então desligou a chamada rapidamente.

Jaemin tratou de parar as imagens passadas na tela, porém não cessaram a impressão até os papéis acabarem. De repente a luz foi ligada outra vez e, assustado, Mark levantou-se para checar a situação atual.

Chenle estava escorado numa árvore, em meio à vegetação da lateral da casa chique do canadense. Controlava o drone com bastante precisão, sorrindo o tempo todo. Aproximou o objeto um pouco mais do quarto do chamado Otário com o intuito de vê-lo melhor sem precisar dar zoom e, consequentemente, perder qualidade de imagem. Mas foi aí que Mark Lee notou a presença do objeto.

Puta merda — praguejou na sua língua nativa e puxou o capuz sobre a cabeça, ao passo que escondia-se para que o loiro não visse enquanto tirava o drone daquela posição.

— Seu merda! Você está gravando tudo isso! Aposto que foi você! Espera só eu te pegar, seu bosta! — escutou de longe aquela voz antes calma e pacífica do outro lado da janela, a metros de distância e altura.

Chenle riu ao escutá-lo xingar. Porque Mark se preocupava mais em falar do que em correr para alcançá-lo e, quando Chenle pegou seu drone e correu pela mata, Mark ainda estava muito longe dele. Demorou muito tempo gritando, descendo as escadas, olhando ao redor para situar-se. A cada segundo achava que ele era realmente burro assim. Era um real otário.

Suas pernas não eram longas como as de Jisung, por exemplo. No entanto, elas nunca deixavam-o na mão quando precisava. O único problema era o cansaço que, querendo ou não, iria vir. E ainda tinha o fato de ele não conhecer a região e, por Mark morar ali, pressupôs que ele sabia de cor e salteado cada centímetro daquele lugar.

Por isso que quando avistou uma macieira, sem pensar nem nada, jogou sua mochila com o drone lá em cima e impulsionou-se pelos cotovelos até trepá-la com êxito. Respirava com dificuldades e abraçou sua mochila ao tentar acalmar os músculos até então adormecidos.

Mark passou correndo ao lado da árvore e não notou a presença de alguém ali em cima. Chenle sorriu e colheu as seis maçãs aparentemente mais suculentas da árvore e as colocou dentro da mochila. Havia sido rápido e genioso. Então, ali mesmo, sacou seu notebook e enviou a gravação para Dobghyuck. A noite ainda não tinha terminado. 

Zero-One Dreamers | NCT DREAMOnde histórias criam vida. Descubra agora