O fervor e a animação estavam invadindo todos os corredores do colégio; não se falava de outra coisa a não ser o Luau, também não era de se esperar menos que isso, era uma festa que ocorria em um clube isolado da cidade em parceria com outras escolas de ensino médio (umas três ou quatro). Os veteranos a ansiavam por significar o fim de seu colegiado e o início de sua tão desejada vida adulta - e os calouros? Morriam em euforia por finalmente fazer parte da farra.
Minhas amigas não aceitariam se eu tivesse algum sentimento menor que felicidade total por poder finalmente me misturar com os garotos do terceiro ano, e até mesmo alguns universitários. Tão clichê, eu sei, mas quem não gosta, não é mesmo? E eu até me permiti ficar pelo menos um pouquinho empolgada sim, ora, é minha adolescência, é minha obrigação desfrutar de tudo que eu puder.
- Você não vai acreditar!!! - Lua apareceu toda agitada ao meu lado, ofegante e com um sorriso igual á de uma criança que acabou de ver um pirulito gigante; Angel vinha com a mesma expressão correndo atrás dela.
- Emmy! Adivinha!!! - ela praticamente gritou.- A julgar pela empolgação máster da Angie, eu diria que o 2° ano B está jogando sem camisa; mas isso não seria motivo de euforia para a Lua, então...
- Ah, cala a boca! - ela me cortou - O assunto é realmente sério.
- Beleza, pode mandar.
- Mas é pra você adivin...
- A NOSSA ESCOLA FOI ESCOLHIDA PARA ORGANIZAR O LUAU E A SRA. JANNET NOS DEIXOU ENCARREGADAS DAS FUNÇÕES DA NOSSA TURMA. - Lua entrou na frente dela, praticamente soltando fogos de artifício pelas orelhas, ela era a mais fechada das minhas amigas, mas adorava um B.O desses.
- Você disse que me deixaria falar! - retrucou a loirinha impaciente
- Você enrola demais! - revirou os olhos e se voltou para mim - Emma, você vai se voluntariar á ajudar, não vai?
Dei de ombros.
- Se for importante pra vocês... - eu não era fã de pegar responsabilidades de eventos escolares, porque se algo desse errado, sabemos em quem a culpa cairia, não é mesmo!? - Já falaram com a Thai? Vai que ela está mais animada...
- Sim, já falamos, e ela também vai ajudar. - Angel disse animada. Ela enfatizou tanto o "também" que me fez tirar a certeza de que eu não iria escapar dessa.
- Ok.
- Ok o que, garota? VAI AJUDAR? - Lua queria, definitivamente, assustar todos que passavam pelo corredor.
- Sim, mas sem escândalo, obrigada.
- AAAAAAAAAA. - Isso foi proposital, foi sim.
- Lua, o que eu disse?
- Sem escan...
- Muito bem. - A interrompi antes que falasse algo a mais.- Quando começamos?
- Assim que eu terminar de... - fez uma pequena pausa, concentrada no celular - ...pronto. - Angie finalmente desviou o olhar e nos encarou. - Adivinhem quem tem um encontro hoje a noite?
- Bom, não é você porque passaremos essas três semanas e meia em claro preparando tudo pra melhor festa de todos os tempos. - Vale ressaltar: Lua as vezes sonha um pouco alto. Angie olhou tristonha para o aparelho em sua mão e concordou com a cabeça.
- Garotas, não sei vocês mas eu tenho compromisso com as crianças. Tratem de mexer essas bundas gordas se não vamos perder o ônibus. Vamos, vamos!
[...]
Passei a manhã toda completamente ligada à aquelas pessoas que precisavam do meu cuidado. As crianças se sentiam acolhidas com minha visita e não tem melhor presente que esse, minha história com o trabalho voluntário é muito mais profunda do que parece. Meu coração bate mais forte pelo simples fato daquelas crianças terem forças pra sorrir e seguir em frente mesmo em meio a tantas dificuldades.
O dia acabou passando mais rápido do que imaginava e no fim das contas ajudar minhas amigas com a festa não estava sendo nada mal. Depois do trabalho no hospital, elas foram dormir na minha casa; jogamos conversa fora e fizemos alguns trabalhos artesanais simples até para uma pessoa tão desprovida de paciência como eu, para chegarmos às escolhas das coroas de flores que usaríamos na festa. Preparamos algumas decorações simples, fizemos um pré cardápio e foi incrível como tudo passou tão rápido e de forma produtiva - o que é algo raro.
No fim estávamos todas exaustas, latinhas de energético espalhadas pelo chão e corpo ansiando por cama, entretanto com o sentimento de que estávamos no caminho certo em direção a melhor festa já vista por aquela escola - pelo menos era o o que a Lua dizia.
Pegamos no sono daquele mesmo jeito, cada uma jogada em um colchão no chão, agarrada com alguma almofada, com a mesma roupa de quando chegara lá.
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Dezessete Desejos
RomanceA morte é a única certeza que temos durante a vida, para onde vamos e o que acontece depois são só algumas das inúmeras questões que nos causam medo e discórdia, portanto, aproveitar os momentos como se fossem os últimos deveria ser algo mais comum...