Capítulo 3

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Não sei quanto tempo passou desde que vi pela última vez o meu pai. No entanto, eu encarava aquela estrada em alcatrão iluminada na esperança de voltar a ver o seu carro.

Eu tinha a noção de que estar ali era uma perda de tempo. Se ele foi embora carregado com tantas malas de viagem, ele não ia voltar tão cedo mas não custa desejar o contrário, certo?

Então ali fiquei até de madrugada. Com o corpo encharcado com a chuva e com o choro, com o meu corpo frio e com as minhas pernas dormentes.

No fim de muito tempo ao que parece, voltei para casa. A esta altura, o céu já estava mais claro e o sol não tarda estava a nascer.

Quando entrei, senti o ar quente invadir o meu corpo gélido e à medida que pisava o chão para ir até à sala, os meus pés doíam. Parecia que cada passo que eu dava era como se me estivessem a torturar.

Finalmente cheguei à sala. Sentei-me no sofá e permiti-me olhar pela primeira vez para os meus pés. Os meus dedos estavam brancos como a neve, com pequenas feridas de lado. Fiquei em choque. Como é que aquilo tinha acontecido?

Respirei fundo e deitei-me no sofá. Os meus olhos já pesavam e algo em mim sabia de que não ia aguentar estar muito mais tempo acordada.

Às 7 horas e 30 minutos da manhã, ouvi o despertador da minha mãe tocar. Parecia que o som do despertador tinha tocado cinco minutos depois de eu fechar os olhos. Respirei fundo e tentei tapar aquela música irritante com a almofada. Eu não queria acordar.

Como os quartos eram em cima da sala, eu conseguia ouvir os passos da pessoa no andar de cima.

Pouco tempo depois, ouvi a voz da minha mãe. De certo que ela tinha ido ao meu quarto e ao ver que eu não estava, ficou preocupada ou assustada. Não sei bem. A única coisa que eu sei é de que ela chamou o meu nome muitas vezes enquanto procurava nas outras divisões da casa.

No andar de cima, eu tinha quatro divisões. O quarto dos meus pais, o meu quarto e duas casas de banho.

"Ela ainda vai demorar algum tempo até me encontrar" Pensei enquanto me aconchegava na manta quente do sofá.

No entanto, eu estava errada. Ouvi-a descer as escadas e passado pouco tempo, senti-a dar uma festa nos meus cabelos castanhos. Abri os olhos rapidamente e olhei-a. Naquele momento, apesar de estar chateada, eu também estava ansiosa para que ela me dissesse onde o meu pai tinha ido.

Ela tinha um grande sorriso no rosto, claramente alegre por alguma razão desconhecida ou por algo que eu não me lembrava. No fim de algum tempo, ela finalmente disse:

-Feliz aniversário querida.

Quando ela me deu os "parabéns", uma alegria cresceu dentro de mim. Afinal, hoje eu fazia 7 anos! Sorri e disse:

-Obrigada.

Por momentos, eu tinha-me esquecido desta data tão importante! Afinal hoje eu era o centro de todas as atenções!

Ainda cansada pela noite mal dormida, levantei-me.

-Mãe, onde está o pai?

Perguntei. Lembro-me que nos meus anteriores aniversários ambos estavam presentes para me acordar. Este dia era importante para mim pois eu podia ter o carinho e a atenção de ambos, o que normalmente só acontecia uma vez por semana ou nem isso.

Perante a minha pergunta, vi o seu sorriso esvanecer e ela desviou rapidamente o olhar. Pareceu-me que ela estava a pensar numa resposta para me dar.

Eu já começava a ficar impaciente. Ela aproximou-se de mim, baixou-se para ficar da minha altura e pondo as suas mãos nos meus ombros disse:

-Ele teve que ir trabalhar mas ele disse-me que te recompensava quando chegasse a casa.

A Rapariga De NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora