Chills

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Suga POV

Se você me perguntar quando começou, não sei se sou capaz de dizer. Eu lembro de uma vez em que eu estava tentando dormir entre as cadeiras, devo dizer incrivelmente desconfortáveis, da sala de espera antes de um evento promocional que envolvia vários grupos de Kpop, o nosso incluso. Jimin estava no único sofá da pequena e apertada sala bem na minha frente lendo algum mangá estranho, a cabeça abaixada, seus longos cílios fazendo sombra em suas olheiras mal disfarçadas por falta da sua habitual maquiagem. 

Jimin ficava preocupado em um nível alarmante em época de promoções com espetáculos gigantescos. Seus dedos batiam contra sua perna que estava numa posição favorecida para parecer tanto musculosa, quanto macia. Ele sorriu para algo que lia e passou as mãos nos cabelos laranja, fazendo as mechas voltarem em câmera lenta enquanto seus lábios abriam sutilmente puxando o ar, minhas pernas se prensaram uma na outra de uma forma dolorida, para aliviar a tensão que eu nem tinha percebido que sentia.

No começo eu pensava que tudo que eu queria era ir até ele, deitar com a cabeça apoiada em uma de suas pernas, que apesar de parecer bem mais confortável do que a cadeira em que eu estava, não é como se eu tivesse esse tipo de intimidade. Não sei se essa foi a primeira vez que eu pensei nele de um jeito diferente, mas foi definitivamente aí que eu percebi o quanto aquilo parecia estranho demais para eu deixar passar despercebido, quero dizer , amigos não pensam assim, pensam ?

Até meu corpo me atraía para Jimin sem meu controle ou consciência, como um pequeno bastardo traidor.

Eu sentia minha audição se intensificando quando minha mente capitava uma de suas estridentes risadas em algum lugar próximo o suficiente, então tudo acontecia em efeito dominó, eu sentia os cabelos do meu pescoço se arrepiarem, meus músculos se retesarem.

 Eu sentia uma imediata raiva de ter que compartilhar minha existência com esse corpo fraco e facilmente impressionável.

Dramático! Eu sei, mas como você esperava que funcionava a mente de um compositor?

Hoje era um daqueles momentos em que eu estava deitado tentando tirar um cochilo e meu corpo sentiu a presença de Jimin mais próxima, transformando os pelos dos meus braços em vergonhosos fios estáticos.

- Está com frio Hyung? - Jimin se aproximou, abaixando para ficar na altura do meu rosto.

Ok, eu não esperava que eles estivesse tão perto e cheirasse tão bem.

Eu estava com os olhos fechados, deitado de lado, braços cruzados, fingindo dormir, mesmo que meu corpo estivesse ridiculamente tenso e eu estava usando, pelo menos 70% da minha força muscular facial , para não enrugar a testa para o ridículo cheiro de morango que tinha a respiração de Jimin, que no momento estava por todo meu rosto, deixando minha mente turvada.

Estávamos ali já há um tempo, pelo menos é o que parecia para mim. Ele parecia ainda esperar uma resposta, eu juro que tinha dia que ele parecia uma criança.

- Jimin. - chamei com a voz falhando e mais rouca do que imaginava por estar há muito tempo sem falar.

- Hyung? - Jimin chamou baixinho, parecendo um filhote decidindo se o dono estava feliz com ele ou não, com aquele tipo de excitação mal disfarçada.

Eu abri meus olhos aos poucos. Jimin estava com enormes olhos negros e brilhantes prestando atenção em toda minha expressão facial com um sorriso leve no rosto.

Meu corpo me traiu mais uma vez, fazendo meu estômago apertar de uma forma estranha, enquanto meu rosto parecia adormecer pela aproximação exagerada dele. Eu juro que esse garoto não tem nenhuma noção de espaço pessoal.

- Sai - foi o que saiu da minha boca, baixo, mas alto o suficiente para fazer aquele sorriso desaparecer enquanto ele avaliava o quão bravo eu poderia estar.

Filhotinho, era o que ele parecia. Em algum lugar na mente eu sabia que era como chutar um ser indefeso, mas já faz um tempo que esse tipo de coisa não me incomoda ao ponto de me arrepender.

Ele saiu no momento em que meus olhos se fecharam novamente.

Meu corpo sentiu falta do cheiro enjoativo de morango no rosto, eu mentalmente me chutei por não ter controle sobre esse tipo de coisa, viver no meu corpo era um inferno de uma prisão, a porra de uma prisão.

Senti um tecido pesado ser colocado no meu corpo, cobrindo meus ombros.

- Já pedi para eles diminuírem o ar condicionado Hyung. - Jimin sussurrou no meu ouvido fazendo minha saliva parecer grossa demais para ser engolida com facilidade.

- Não ligo. - resmunguei parecendo mais mimado do que rabugento, para ser sincero.

Quem conhecia Jimin sabia como era impossível não amolecer com aquele garoto, aliás eu desafio quem quer que seja para tentar. Vai falhar.

Ele sorriu notando a falha na minha armadura de indiferença e apertou meu ombro como se tivéssemos acabado de compartilhar uma espécie de segredo não falado e se afastou.

E é isso, meu corpo estava tenso , tornando a minha tarefa de dormir impossível e de bônus a sala estava quente pra caralho, mas não é como se eu quisesse explicar o braço arrepiado contrariando a boa vontade dele.

O tecido pesado no meu corpo era definitivamente o casaco dele porque eu reconheceria o cheiro daquele perfume em qualquer lugar.

Confissões - YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora