Escolhida x Semelhanças

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Contar minha história pode ser uma coisa engraçada. As coisas aconteceram de uma forma que eu nunca imaginei, nunca esperei! Você deve estar pensando: nossa, jura ?

Porque começar uma história de um jeito mais clichê que isso, impossível né ? Mas vamos começar do início, não, antes do início.

Meu nome é Emily, mas meus pais, meus amigos, meus sobrinhos, e até meu cachorro me conhecem por 'Amy'. Sou chamada assim desde que me conheço por gente. Sou brasileira, com descendência italiana. Meu bisavô veio pra cá fugindo da segunda guerra. Embora eu saiba que muitos fugiram pra diversos lugares, uma coisa que eu nunca consegui entender e me pergunto desde sempre: Vô !!! Porque o Brasil??

Mas tudo bem, eu tenho...

Não, espera! É inconveniente perguntar a idade de uma mulher. E segundo a minha mãe, depois dos 20 é autorizado, segundo o código de ética feminino, dizer alguma mentirinha a respeito desse assunto. Mas digamos que eu estou entre os 20 / 25.

Na época eu fazia faculdade, quis muito entrar para alguma faculdade de dança, mas no meu país, isso não é lá motivo de orgulho para os pais. Todo mundo quer filhos médicos, engenheiros, arquietos, administradores e blablabla...ou seja, quando eu disse para os meus pais que queria dançar a pergunta foi: Ok, você quer dançar. Mas vai trabalhar com o que?

Fiz o que meus pais queriam, e entrei para uma universidade, mesmo assim não parei de dançar. Vagando um dia pelo youtube procurando coreografias, me deparei com um mundo sem volta. Completamente sem volta, o Kpop.

O primeiro grupo que vi se chamava Super Junior. E olha... Eu fiquei maravilhada! Como homens conseguiam dançar tão bem? Aqui, o máximo que faziam era um hip-hop desajeitado e travado. Seguido por vários outros grupos maravilhosos, comecei a correr atrás. Coréia do Sul era um país que eu nunca tinha ouvido falar nada. E agora, estava tão presente na minha vida como meu cachorro pedindo comida.

Foi aí que o 'milagre' em minha vida começou. Fui meio de gaiato fazer a audição de uma empresa coreana que veio para o Brasil recrutar novos talentos. Ensaiei mais do que estudei pra qualquer prova que já fiz na vida. E cheguei lá imaginando que seria legal encontrar pessoas que gostavam da mesma coisa que eu, e visto que era a primeira vez que eu participava de qualquer evento relacionado à dança, eu estava muito, muito feliz. Entrei de boa, JAMAIS pensei que isso fosse acontecer, dancei o que tinha preparado, me apresentei e saí.

Pouco tempo depois uma moça com cara mal-humorada veio me chamar, fui seguida por tantos olhares que me senti num paredão de fuzilamento, é serio!

Entrei numa sala onde tinha umas pessoas, todas coreanas exceto uma moça loira extremamente maquiada que veio sorridente na minha direção. Ela disse que eu tinha sido selecionada, fiquei com aquele ponto de interrogação enorme estampado na minha testa obviamente, mas ai ela explicou o motivo: um dos coreanos chamado Kim Jhyung aparentemente tinha gostado de mim e queria conversar a 'sós' comigo.

Na hora eu pensei: Ah não tio! Só o que me faltava! P*** internacional agora?? Nem vem.

Mas nem deu tempo de pensar direito. A moça me arrastou para outra sala com o tal sr. Kim e me sentou de frente para os dois e para minha surpresa ele se comunicava muito bem em inglês. A história me pareceu absurda a princípio, e eu realmente achei que ele estava fazendo umas belas contas sobre quanto meus órgãos valeriam, porque convenhamos, eu estava meio fora da idade pra ser vendida para adoção. Mas vamos lá, eu sei que já disse isso, mas é AGORA que a história começa:

Sr. Kim não tinha filhos, não era casado, mas seu irmão mais novo (o único irmão, diga-se de passagem) tinha se casado com uma estrangeira e tido uma filha que aparentemente teria minha idade hoje. Eles se casaram e ficaram na Coréia, e o sr. Kim um homem absurdamente rico tinha um amor incondicional pela sobrinha que era a única herdeira da família. Parece que houve um problema com a família da cunhada estrangeira e ela teve que voltar correndo para o seu país, e como o irmão e a sobrinha do sr. Kim nunca tinham saído do país, a acompanharam para conhecer outros lugares. Porém, infelizmente tiveram um acidente e vieram a falecer. Os três. Por incrível que pareça, ou por ironia do destino já que eu sempre fui azarada e nem sequer ganhava bingo na escola, ele me achou muito parecida com a menina. Isso lhe chamou a atenção, e como eu tinha dito que meu sonho era dançar, ele queria me dar uma oportunidade.

Ridículo né? Eu sei.

Mas pulando todo esse blablabla e adiantando pelo menos uns 8 meses, aqui estou eu, com destino incerto me preparando de um jeito ou de outro pra ser uma estrela Hallyu. E pra variar esse é o menor dos problemas na minha vida. Hoje, o meu problema se chama J-Hope, dance machine de uns dos grupos mais famosos da Coréia, O BTS, mundialmente famoso, que está deitado queimando de febre no alojamento dos Bangtan boys. Vou explicar como meu mártir começou:

Com muito custo convenci meus pais, juntamente com a empresa do sr. Kim para que eu pudesse vir para a Coréia tentar a sorte como dançarina. O que não foi muito fácil, já que cruzar o mundo para alguém que nunca saiu do próprio estado era a maior novidade de todas. Parti para Coréia torcendo para não ser vendida no meio do caminho, e sonhando com o dia em que eu iria num show e conheceria o Super Junior. Famoso SUJU, os reis do Kpop, amores da minha vida, futuros maridos (porque aquele que me aceitasse, teria meu sim imediato).

Confesso que me assustei profundamente com a proporção que tinha o Kpop no país. No Brasil, Samba, sertanejo, funk...na Coréia SÓ KPOP. Incontáveis grupos treinando por anos e anos a fim de conseguir o tão sonhado Debut. Empresas competindo entre si, fandons com mil tretas, e os grupos? Ah...os grupos! Todos lindos e lindas impecavelmente vestidos, maquiados, cantores e dançarinos excelentes.

O Sr. Kim era um empresário muito respeitado, espetacularmente rico, e fez de mim mais uma de suas pupilas. Treinei sem descanso por meses e meses, mal dormia, pouco comia. Treinei canto, dança, língua coreana. Perdi as contas de quantos covers eu tive que fazer. Até que finalmente o sr. Kim apareceu e simplesmente jogou uma bomba nas minhas mãos:

- Amy-ssi, querida! Vá para casa e descanse por hoje. Vamos para a SM amanhã de manhã. Vamos te tornar a Super Girl do Super Junior. - e deu uma piscadinha meio desajeitada.

-Sim Sr. Kim, obrigada.

Espera, ele disse 'SM' ? S.M. Entertainment? Aquela SM do Super Junior ? Aquela SM do EXO ? É isso mesmo produção ?

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De repente Super Girl - Imagine JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora