O Acampamento

100 8 7
                                    

Era verão e estávamos todos empolgados com a viagem para o acampamento na floresta, que apesar de me parecer chato era até interessante a ideia de algo assim
Ao olhar em minha volta percebia pessoas com diversas personalidades diferentes, havia um garoto extrovertido e ao seu lado outro parecia ser um tanto distraído e pelo que eu via, sempre ia contra o que alguns falavam, havia também uma garota que era um tanto maluca e sempre fazia piadas, além de parecer ter certo sentido de liderança.
Eu era o garoto que estava sempre no meu canto, ouvindo musica ou lendo algum livro, meu nome é Bryan e tenho 13 anos, assim como todos os outros ali, sempre fui observador quanto às pessoas, afinal cada tinha uma personalidade diferente que prendia minha atenção, estava pensando em escrever um livro, o que uma vez me foi dito por um professor, que minhas habilidades de escrita poderiam render algo futuramente, porém me faltava inspiração sempre que começava a escrever, sem ideias, coloquei meus fones e coloquei para ouvir uma banda que durante muito tempo após conhecê-la, se tornou minha preferida, “Shinigami”, esse era o nome, quase não conhecida por muitas pessoas, porém sempre me trazia um breve sentimento de paz ao ouvir suas musicas que sempre me ajudavam em qualquer momento, e então me deitei de lado para descansar, e como um despertar rápido, o ônibus parou.
-Já chegamos - Disse o motorista.
Todos se levantaram apressados para fora do ônibus.
Dono do acampamento:
-Sejam todos bem vindos, meu nome é Antônio, aqui neste acampamento vocês terão atividades e muitas diversões por isso aproveitem bem, agora vamos começar.
Olhei para todos os lados, observando os detalhes do acampamento, foi então que olhei para as árvores de uma floresta que cercava o acampamento, quando olhei para aquele lugar senti como se algo estivesse me observando, mas não dei atenção.
O dia seguiu repleto de atividades dentro do próprio acampamento, pescamos, atiramos com arco e flechas, futebol, vôlei, entre outras.
Enquanto todos que estavam no acampamento se divertiam, percebi uma garota um pouco distante de todos, sozinha em um canto, sentada aos pés de uma árvore lendo um livro, seus cabelos pretos, que esvoaçavam ao vento, foi quando decidi me aproximar.
-Olá, com vai você?
-Olá, vou bem e você? –Disse ela, com um tom de voz um tanto nervoso, era fácil notar sua timidez.
-Vou bem também, por que não está junto dos outros?
-Não sou de me animar tanto com tantas atividades, prefiro a calma, ficar sozinha e apreciando a vista.
-Entendo, também não sou muito fã de atividades em grupo, meu nome é Bryan, e o seu qual é?
-Meu nome é Jessy.
Enquanto a ouvia falar, não pude deixar de notar seus olhos, o brilho que cintilava deles, o brilho daqueles olhos castanhos, de certa forma me sentia bem ao conversar com ela, conversamos muito pouco, pois logo após outra garota a chamou para participar do arco e flechas.
Já era de tarde quando dono do acampamento chamou a todos novamente:
-Ouçam todos, agora está perto do anoitecer, então armem as barracas e logo após se reúnam em volta da fogueira.
O acampamento era muito divertido e assim como qualquer acampamento de verão, historias em volta da fogueira era uma tradição, então fui armar a barraca quando um garoto veio falar comigo, era o mesmo garoto extrovertido que vi quando estava no ônibus.
-Olá, por que esta sozinho ai?
-Só estou arrumando minhas coisas e armando a barraca.
-Te vi sozinho muitas vezes, Qual o seu nome?
-Meu nome é Bryan.
-Nome legal, o meu é Kelvin, quer ajuda?
-Claro obrigado.
Após terminarmos de armar as barracas, o inspetor chama todos para a fogueira, quando todos se reúnem o senhor Antônio começa a falar:
-Todo ano pessoas vêm para esse acampamento, e todo ano é relembrada a historia que assombra a floresta que rodeia esse acampamento, e tudo começou assim.
"Há muito tempo, a muitos anos quando esse acampamento nem ao menos existia, um homem já cansado do lugar onde vivia, decidiu junto com a sua família procurar um lugar calmo para viver, porém nenhum lugar que encontrava era bom e calmo o bastante, então em um certo dia, um amigo próximo lhe contou sobre uma floresta, um tanto afastada, que certa vez enquanto caminhava para pegar madeira em uma manhã, pode observar uma vasta clareira, que poderia ser um espaço perfeito para construir uma casa, era um lugar calmo, e era benéfico de qualquer recurso que precisasse.
O homem se interessou pela ideia, pediu ajuda a outros amigos próximos, e então foram em busca da clareira, e ali começaram a construir a casa, todas as manhãs, começavam a construir e voltavam antes das 6 da tarde para descansarem, o homem não era muito rico, porém com o tanto que tinha e seus amigos, pode construir uma enorme casa, que após pronta, era encantadora de se observar, e ele junto a sua esposa e filhos se mudaram para onde seria seu novo lar.
Certo dia a filha mais nova do casal foi buscar água no lago perto dali, era uma garota boa e muito adorável, na sua volta o jarro pesava e tapava sua visão, e enquanto andava pelo meio da floresta, sentiu um calafrio como se algo estivesse a observando, ao colocar o jarro no chão e olhar em volta, nada se via, até que um vulto passou pelas árvores, porem a garota pensou ser algum animal, já que havia visto muitos por ali diversas vezes, então não se importou, pegou o jarro e continuou.
Começou a se aproximar de um buraco, porém com o jarro tampando sua visão não era muito fácil perceber, e quando o notou deu passo para trás, o mesmo calafrio retornou, assustada, tentou se virar para correr, mas no momento, sentiu como se seu corpo ficasse paralisado, soltou o jarro, e quando o fez, viu em sua frente uma figura estranha, e tremendamente horrenda, e com o susto que a garota levou ao vê-la, escorregou, e caiu dentro do buraco profundo que havia atrás dela.
Passado um tempo os pais se preocuparam pela garota não retornar e se apressaram a sua procura, ao entrar na floresta decidiram se separar, a mulher andava pela floresta, ate que viu uma garota ao longe, imediatamente se aproximou pensando ser sua filha, porém como uma visão que durasse um segundo, desapareceu, e viu mais ao longe, no meio do lago que havia ali perto, algo que flutuava acima das aguas, então sem nem pensar, em um ato de desespero, correu para lá.
Ela começou a ir em direção ao que via, porem o lago era fundo, e cada vez mais era difícil mover-se dentro dele, quando se aproximou do que pensava ser sua filha, viu que eram apenas galhos que flutuavam ali, porém ao virar-se para voltar, sentiu como se algo a puxasse para dentro, e ao tentar nadar, não conseguia se mover, e sem mais conseguir respirar, afundou.
O pai estava ainda procurando no meio da floreara, quando observou uma garota, que apareceu em um piscar de olhos, porem ao aproximar-se viu o buraco e ao olhar dentro, viu no fundo, um corpo, era o de sua filha, contorcido pela queda, e em sua volta restos o jarro que havia se quebrado, se assustou com a visão que teve, e amedrontado olhou para a figura que se apresentava diante dele, era pálida, seus olhos eram como a escuridão da noite, onde a lua era coberta pelas nuvens e não havia mais luz alguma, sua pele era branca e pálida, suas roupas eram todas rasgadas e seu sorriso era amedrontador.
O homem saiu às pressas fugindo para o mesmo caminho para onde sua esposa foi e quando chegou ao lago, viu sentada a sua margem, sua esposa que chorava, ele andou em sua direção, porém quando perguntou o que havia acontecido, ela disse: "Meu corpo está frio, minhas roupas estão molhadas"
O homem não entendeu, suas roupas pareciam completamente secas, foi quando ela apontou para o meio do lago, e o homem pode ver o corpo de sua mulher boiando.
Saiu correndo em desespero, ao chegar em sua casa acendeu o lampião e assustado, ficou em silêncio, esperando que tudo aquilo não estivesse acontecendo, foi quando sentiu calafrios, os mesmos que sentiu ao ver a estranha figura na floresta, o lampião que estava pendurado na parede ao seu lado caiu, e o fogo se espalhou pela casa, o homem tentou sair porém a porta não abria de maneira alguma.
Quando se deu conta, casa estava em chamas e partes da casa caíram, uma caiu exatamente em cima de suas pernas o impedindo de se mover, depois muitas outras partes caíram, uma caiu bem em sua cabeça e acabou morto, nesse momento uma chuva começou, e o fogo começou a ser apagado antes que chegasse a todas as estruturas da casa, e após isso, cinzas e fuligem permaneceram por toda a casa, como se marcassem o que havia acontecido"
-Essa história foi assustadora - Disseram algumas pessoas amedrontadas – Mas como sabe tanto dessa historia Sr. Antônio?
-Não sei dizer, apenas sei que alguns moradores começaram a contar essa história, e ninguém sabe se é real ou não, agora todos vão para suas barracas que já esta na hora de dormir, boa noite a todos.

No meio da noite ouvi passos:
- Quem esta ai?
-Sou eu Kelvin.
-Ata o que está fazendo acordado?
-Esse aqui é o Tomás, nos vamos explorar a floresta, venha com a gente Bryan.
-Mas nesse horário? Não é melhor de manhã?
-Esse é o melhor horário para isso, veja estão todos dormindo.
-Está bem, mas voltaremos antes que sintam nossa falta aqui - Disse Bryan enquanto calçava seus tênis.
-Voltaremos rápido sim, então vamos indo – Disse Kelvin animado.
E então caminhamos ate a floresta e no silencio da noite ouvimos um barulho, e quando nos viramos, demos de cara com barulho, e quando nos viramos, demos de cara com duas garotas

Casa de cinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora