Aumento o som da rádio. Queen é definitivamente uma excelente banda. Chove. Pequenas gotas caiem freneticamente no vidro frontal do carro. Ajeito o meu cinto e estico as minhas pernas, colocando os meus pés agora descalços junto ao vidro.
Olho para Harry. O seu olhar tem um brilho especial. O seu sorriso enquanto canta é evidente. Amo-o vê-lo assim. Amo-o.
Eu: Falta muito para chegarmos?- deixo de o observar e foco o meu olhar na estrada. A visão é dificultada pela chuva e a escuridão da estrada.
Harry: Falta pouco, meu amor! Daqui a pouco já estaremos em casa.- ele olha de relance sorrindo de lado.- Gostaste do restaurante?- ele coloca a sua mão na minha coxa acariciando-a antes de voltar a po-la no volante.
Eu: SIm, foi bom...mas porque estás tão feliz? Viste lá alguma rapariga que achaste piada? Se sim até que a minha ideia de sair não foi má.....- brinco com os meus dedos.
Harry: Por acaso vi...ela é bem bonita e eu sou bem sortudo! Até consegui jantar com ela e traze-la para casa.- um sorriso estúpido aparece na minha cara corada pela bebida. Sem pensar pu-lo do meu banco e abraço-o. Começo a beijar o seu pescoço.- Vá lá, Sunflower! Senta-te, por favor! Estou a conduzir e tenho de estar atento.- Ignoro as suas palavras e continuo a tentar beijá-lo mesmo com as suas recusas- Ele em apenas um impulso empurra-me para o meu banco.
Eu: HARRY!- resmungo alto e em tom de sofrimento. Ele olha para mim assustado. Vejo uma grande claridade atingir a minha visão periférica.
Eu: HARRRYYYYY!- um clarão preenche toda a minha vista. Sinto o meu corpo a baloiçar por todo o carro. Dou fortes choques contra o automóvel. Sinto o meu corpo dorido. Abro lentamente os olhos, olhando para a mão que acabara de ir á minha cabeça. Sangue. Olho para os lados e tudo está completamente escuro. Vejo alguém ao meu lado, a tentar retirar-me o cinto. A sua voz rouca ecoa na minha cabeça, mas não consigo entender nada.
Oiço um ruído forte e vejo uns olhos verdes antes de sentir a minha cabeça a bater em algo pelo forte impulso que o carro voltou a ter. Dor. Escuro.
Eu: NÃOOO!- abro os olhos. A minha respiração está ofegante. Todo o meu corpo está suado. A minha visão está turva. mas tenho a percepção que estou num hospital. Vejo pessoas vestidas de branco entrarem pelo quarto a dentro e circundarem-me. Perguntas, exames, movimento, máquinas, soro, injecções. Tudo acontece ao meu redor, mas apenas consigo focar o meu olhar em um corpo. Um corpo que está jogado no sofá de canto. Um corpo curvado. Harry.