— Querido? — Evelyn chamou ao adentrar o quarto de Peeta e encontrou o mesmo concentrado em seu vídeo game — Peeta. — chamou novamente.
— Hm... — murmurou, indicando que estava a ouvindo.
— Finnick ligou, disse que vocês vão ao cinema... Isso é ótimo, filho! — disse entusiasmada e Peeta prontamente pausou o jogo e a encarou de forma séria.
— Não, ele acha que vamos, mas a verdade é que não vamos... pelo menos eu não vou. — respondeu fazendo com que o sorriso de Evelyn murchasse.
— Como assim não vai? Filho, você precisa se dis...
— Mãe. — Peeta a interrompeu — Eu não estou no clima, ok? Então, por favor, não insista. — pediu, sua voz saindo mais rouca do que o habitual.
Haviam-se completado duas semanas desde que Evelyn havia encontrado Peeta desmaiado no chão de sua sala e, desde então, ele estava lá, confinado dentro daquele quarto sem qualquer contado com o mundo exterior, não permitindo nem mesmo a entrada de seus melhores amigos. Aquilo não estava fazendo bem para ele e muito menos para ela que, como mãe, estava altamente preocupada.
— Você nunca está no clima, Peeta... até quando vai fugir de tudo e de todos? — questionou já cansada de vê-lo trancafiado dentro daquele quarto.
— Até eu morrer e, acredite, não irá demorar muito. — respondeu de forma seca.
Peeta estava cansado de tudo aquilo. Cansado dos remédios, das tonturas, das dores de cabeça, dos enjoos. Cansado das angústias, dos pesadelos, dos medos... Cansado de se sentir tão quebrado e deprimido. Ele só queria que todo aquele sofrimento acabasse porque, lá no fundo, uma parte sua já havia morrido.
Os olhos de Evelyn se tornaram marejados ao ouvir tais palavras saírem da boca de seu filho. Assim como Peeta, ela também estava quebrada. Era torturante para uma mãe saber que seu filho, aquele ser que ela tanto amou desde o momento em que era somente um embrião dentro de sua barriga, estava morrendo. Era uma dor quase insuportável, mas ela jamais desistiria dele. Jamais desistiria de seu pequeno Peeta.
— Eu não admito que você fale desse jeito comigo, ouviu bem Peeta Mellark?! — as lágrimas fizeram caminho pelas bochechas de Evelyn, enquanto ela encarava o loiro de modo repreensor — Você está aqui agora! Vivo! E eu não permitirei que desperdice seus dias ficando trancado aqui nessa droga de quarto! — exclamou.
Peeta abriu e fechou a boca incontáveis vezes, com o intuito de pedir perdão por ter agido como um idiota com sua mãe, mas ao invés disso, ele simplesmente desviou o olhar e voltou a dar atenção ao seu jogo.
— Vá embora, mãe. Por favor. Não quero falar com ninguém. — sua voz saiu baixa. Evelyn respirou fundo e saiu do quarto, não querendo dar início a uma discussão. Mas se Peeta achava que ela iria desistir, ele estava muito enganado. Uma mãe sempre faria de tudo por seu filho.
[...]
Peeta encarava o horizonte apreciando os primeiros resquícios de sol surgirem por trás do oceano. Desde que descobrira sobre sua doença, Haymitch havia lhe recomendado algumas atividades físicas que ajudariam em seu tratamento, ele então optou pela corrida. Seu relógio despertava todos os dias às quatro da manhã e ele corria pela orla da praia até o sol começar a nascer. Aquela era a sua deixa para descansar. Então ele sentava-se sobre a areia e apreciava aquele espetáculo da natureza.
A brisa fresca trazida pelas ondas soprava contra seu corpo, ajudando-o a pensar. Aquela era a primeira vez que ele saia de casa em três semanas. Depois de muito insistir e discutir, sua mãe havia conseguido convencê-lo a aproveitar mais os seus dias ao invés de ficar trancafiado em seu quarto jogando Call of Duty. E naquele exato momento ele estava bem ali, sentado a beira mar refletindo sobre as coisas que havia feito, e às que não havia feito também. Peeta tinha muitos sonhos e desejos dos quais ainda queria realizar, mas seus dias estavam em uma contagem regressiva para o fim e ele não tinha muito tempo, por isso decidiu fazer uma lista de coisas, pequenas coisas, para fazer antes de morrer.
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The Last Christmas
FanfictionTalvez para você exista um amanhã. Talvez existam mil ou dez mil amanhãs. Mas para alguns de nós só existe o hoje, o agora. E é surreal a forma como o tempo passa tão rápido, em como pessoas entram e saem constantemente de nossas vidas. É tudo tão d...