UM ANO, 2 MESES E 6 DIAS ATRÁS
Carnaval de 2017. Dia 28 de Fevereiro. 21:28.
- WANESSA, WANESSA. A MÃE SOFREU UM ACIDENTE!
Minha mãe estava indo pegar o meu sobrinho na casa do meu irmão mais velho, mas no meio do caminho acabou entrando na rua que estava acontecendo um Bloco e bem... Acho que já deu para entender. Ela foi cair 1 metro da moto que ela estava. Claro, eu não tive coragem de ir para o local do acidente e ver a minha mãe naquele estado.
Minha mãe ficou em coma por 4 semanas. Eu passei a ser a "Mulher" dentro de casa, já que eu era a mais nova e era a única que ainda morava com meus pais, apesar de ter quase 17 anos.
- Wane, estamos indo visitar a mamãe, vai conosco?
- Sim, espero que o Pai não reclame já que não chamamos ele.
- Ah, o Pai vai depois. Vamos, ou o horário de visita acaba.
Eu sou a mais nova entre 3 filhos. O Carlos é o mais velho, casado e já tem um filho o Gabriel, o garoto que eu trato como se fosse meu filho. Deyziane é a do meio, ela mora na Capital e já é casada e tem uma filhinha chamada Laura. Minha mãe sempre fala que eu vou ficar para a titia, tem alguns momentos que eu dou graças a Deus, já que eu trato meus sobrinhos como se fossem meus filhos.
- Meus filhos. Como estão? Nessa, como está seu Pai?
- Estamos bem, mamãe. Ah, eu não vejo o Papai desde da manhã, quando saí para o Colégio ele já não estava mais em casa.
- O seu Pai anda muito estranho desde que sofri o acidente. - Ela fala e eu apenas concordo com a cabeça. Papai realmente andava muito estranho desde que a mamãe veio para o Hospital, ele anda se mostrando de uma forma estranha e falando coisas nada haver e estranhas.
O Gabriel subiu na cama e ficou abraçado com a mamãe até terminar o horário de visita, quando voltamos para casa. Me despedir do meu irmão, da minha cunhada e do meu sobrinho e entrei em casa. Tomei um banho para tirar aquele cheiro de Hospital do corpo e fui para o meu quarto dormir. Ainda era quinta-feira.
Acordo na madrugada com barulhos altos dentro de casa, saiu do quarto e encontro o meu pai jogando coisas contra a parede. Ficou no máximo uns 6 minutos encarando ele pegando coisas aleatórias e jogando na parede, foi quando ele notou que eu estava ali e me encarou de forma estranha.
- O que está fazendo aqui, seu embuste? Não deveria está dormindo? Amanhã você tem aula! - Ele fala me encarando e caminhando em minha direção. - Vai dormir, vai! - Ele fala e eu entro correndo no meu quarto.
No outro dia saiu do meu quarto com um medo filho da puta de encontrar o meu pai. Vou pro Colégio com uma pulga atrás da orelha e olhando para os lados com medo, eu estava parecendo aquelas locas que precisam ir para um hospício o mais rápido possível, mas eu apenas estava com medo do meu Pai me encontrar me fazer algo comigo. Chego no Colégio e minhas amigas notam que eu estavam estranha, mas não perguntam, para elas era apenas o fato da minha mãe ainda está na cama de um Hospital e pelo tudo ocorrido com ela.
Eu passei o resto do dia e no Colégio, cheguei em casa no caindo da tarde, já que meu Colégio é integral. Chego em casa e encontro a minha mãe. Abro um sorriso de orelha a orelha, todas as amigas da minha mãe e nossas vizinhas estavam ao redor dela conversando, creio que contando os últimos acontecimentos da rua para ela. Fecho a porta de casa e caminho até o sofá que minha mãe estava e abraço-a.
- Depois quero te contar uma coisa que me aconteceu ontem. - Falo em um sussurro em seu ouvido.
Me separo da minha mãe e apenas vejo ela sorrindo de lado e concordando com a sua cabeça. Dou um tchauzinho para as mulheres que estavam na sala e caminho até o meu quarto, aonde pego uma roupa para mim, tiro o meu sapato e caminho até o banheiro. Quando saiu do banheiro dou de cara com meu pai. Levo uma das minha mãos ao peito.
- Se assustou, filha? - Ele pergunta. Como ele consegue fingir como se nada tivesse acontecido ontem? Apenas concordo com a cabeça.
Eu saiu da frente dele e entro no meu quarto trancando a porta. Depois de ontem o medo que eu tenho do meu pai aumentou para o nível 100%. Saiu do quarto uma hora depois para comer algo, já que eu não havia merendado no Colégio antes de vir para casa - não gosto do lance da sexta-feira -. Janto e volto pro meu quarto e começo a estudar quando minha mãe entra pela a porta com dificuldade. Me levanto da cama e ajudo ela a se sentar na cama.
- Cuidado! A Senhora sabe que não pode andar sozinha! - Falo ajudando ela a se sentar na cama.
- Pare de brigar com a sua mãe e me fale, minha menina. O que queria me contar? - Engulo seco. Aquele medo chega, falo ou não falo sobre o ocorrido com o Papai ontem?
- Ontem, eu acordei na madrugada com o Papai pegando coisas aleatórias e jogando contra a parede da sala. - Falo e encaro a mamãe que estava com a expressão de surpresa. Continuo. - Quando ele percebeu que eu estava vendo o que ele estava a fazer, ele me chamou de embuste e me mandou ir dormir. E, pela a primeira vez, ele me olhou com um olhar estranho. Como se... Ele quisesse me devorar.
- Que coisa, filha. Isso deve ser coisa da sua mente. - Ela fala passando a sua mão em meus cabelos meio secos. - O seu Pai nunca lhe faria algum mal, não se preocupe que irei falar com ele. Agora, me ajude a se levantar.
Depois de ajudar minha mãe a se levantar e faço um coque no cabelo e respiro fundo. Guardo as coisas da Escola e me deito na minha cama.
Acordo com um peso sobre mim, abro meus olhos e fecho meu Pai em cima de mim, o que ele estava fazendo? Arregalo os olhos e ele coloca a sua mão com força e firmeza em minha boca evitando com que eu grite, mordo sua mão.
- Pode morder a minha mão o quarto quiser! Pode me chutar e me bater! Mas de cima de você eu não saiu! Parar de fazer o que eu estou fazendo não paro! Tu é muito gostosa, hein? - Ele fala e eu sinto as primeiras lágrimas descerem pelo os meus olhos.
Não era lágrimas de tristeza, era lágrimas de raiva, elas chegavam a pesar. Fecho os meus olhos por minutos para que aquilo fosse apenas um sonho, mas quanto mais eu fazia aquilo parecia que nada iria passar, pareceu que o mundo parou para o meu Pai continuar a fazer aquilo.
Fui dormir aos choros, eu chorava, só não gritava porque eu estava sem voz para nada. Minha voz sumiu de tanto eu chorar. No dia seguinte eu havia um seminário para apresentar, eu iria ficar sem nota nesse Bimestre no curso culpa daquele monstro! Pego um travesseiro e começo a socar e dar murros nele, ah como eu queria que aquele travesseiro fosse meu Pai. Depois de choros eu finalmente consegui dormir com aquela cena em minha mente.
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Te Além.
Jugendliteratur- Baseado em Fatos Reais - Eu sempre fui uma menina confiante, sempre aceitei o meu corpo, apesar de não ter o corpo das modelos da Victoria's Secret, as minhas ideias e os meus planos. Comecei a sofrer abuso pelo meu próprio pai dentro de casa, tod...