Segredos

4.2K 288 24
                                    

Ignorem os erros e boa leitura!

...

1 ano antes

-Então!? Quem vai primeiro? - Lauren dizia parada a beira do barranco, alguns amigos iam ali para pular no lago, era uma adrenalina. O local era alto, quase uns dez metros, mas eles faziam isso sempre.

Ariana estava atrás, era a sua primeira vez ali, Dinah e Normani estavam na água encorajando a garota a pular. Era uma ritual idiota para entrar nas cheerleaders e Ariana queria aquilo. Queria fazer parte de cada ritual. Aceita no teste logo no começo do ano, ela não podia estar mais feliz. Adorava a companhia das garotas em tão pouco tempo.

A luz fraca da lua não deixava muito a mostra, mas era seguro, eles garantiram isso. Brad estava atrás sentado olhando uns amigos brincarem na água, estava calado, não gostava dessa brincadeira e nunca se arriscou a pular, para ele era realmente um risco desnecessário.

-É só pular, Ari - Normani gritou - É seguro.

-Vamos, girl. Não seja frouxa! - Dinah incentivou.

A garota baixinha olhou para Lauren e sorriu nervosamente.

-Você não precisa se não quiser, mas elas vão te perturbar por isso, Ari - riu antes de se jogar caindo segundos depois na água. O velho estaleiro abandonado era pouco visitado. Mas uns meses antes, Austin descobrira o local e eles iam ali para extravasar. Mesmo no inverno.

Austin, Joe e Charlie estavam na água também. Foi tudo muito rápido, Ariana pulou, afundou e demorou a voltar, mas depois, seu corpo boiou de bruços na água. Os meninos acharam que era brincadeira, Austin encarava o corpo com um olhar assustado.

-LAUREN! - Brad gritou descendo o barranco - Porra, alguém a tire daí!

Normani e Dinah nadaram até a garota puxando-a para margem. Os garotos nadaram atrás delas. Lauren estava respirando pesado e assustada.

-ELA NÃO ESTÁ RESPIRANDO! - Joe gritou tentando fazer respiração boca a boca inutilmente.

Charlie começou a pegar as roupas de todos, e fez uma pilha nos braços. Austin guardou rapidamente o pacote que estava no bolso e caiu quando Charlie pegou sua calça desajeitadamente, Lauren foi a única a notar.

-FAZ ALGUMA COISA, JOE! - Dinah gritava desesperada entre lágrimas.

-Eu vou ligar para a emergência - Lauren disse pegando o celular no meio das coisas dela. Austin puxou o aparelho com raiva e jogou no bolo de roupas ficando entre ela e o celular - ME DÁ ISSO AGORA!

-VOCÊ NÃO VAI LIGAR PARA NINGUÉM, FICOU MALUCA, PORRA!? - rosnou olhando para a garota - Ela.. está..? - perguntou para o garoto que agora fazia uma massagem cardíaca.

Charlie jogou as roupas para Normani e se abaixou, a garota não respirava mais. Eles se olharam chorando desesperados.

-Ela está morta! - sussurrou.

-NÃO! - Dinah e Normani tentaram se aproximar, mas eles não deixaram - Joe, faz alguma coisa!

Implorou e o rapaz negava chorando. Era tarde demais.

Lauren sentiu Brad puxa-lá para longe dali, estava em estado de choque. Seu corpo não respondia, mas seus olhos viam a garota jogada na terra. Ela queria voltar, mas foi colocada no carro que estava na estrada, não via mais a garota. Sentiu o carro em movimento e seu único pensamento era.

"Eu a matei"

-NÃO! - gritou despertando. Fazia muito tempo que não sonhava com aquela noite, mas foram longas semanas com a lembrança da garota jogada na terra. Ela havia passado o fim de semana na casa de Brad, e quando chegou à escola na segunda-feira. A notícia da morte da garota estava em todos os corredores. Os culpados nunca foram identificados, mas ficou provado que o afogamento teve uma causa maior, não foi simplesmente aquilo, Ariana estava intoxicada com quantidades exorbitantes de drogas - Não! - ela sussurrou abraçando os joelhos e chorou mais uma vez, aquilo nunca ia passar. O relógio marcava 3:15 e como a crença dos demônios despertarem a esse horário, os dela também haviam despertado depois de muito tempo. Sentiu os olhos pesarem, e o remédio ao lado da cama ajudou a apagar.

...

-Cara, eu não posso fazer isso - Joe disse afastando-se da mesa, os garotos riram e ele ignorou, estavam na casa de Mark, um jogador do time e como toda sexta-feira a noite, as bebidas e drogas eram garantidas, não para ele. Fazia mais de um ano que ele não usava nada.

Desde aquele dia.

Charlie seguiu o amigo que sentou na varanda olhando o céu.

-Está legal, brother? - perguntou tocando o ombro do rapaz e ele suspirou.

-Como você consegue? - se referiu às drogas que estavam na cozinha - Você não sente culpa?

-É claro que eu sinto - disse baixo sentando-se ao lado dele e olhando para trás - Mas não temos culpa, você sabe que não fomos nós! - disse firme - E não podemos, nem queremos falar disso, Joseph! Esquece isso!

O garoto assentiu e fitou o céu novamente. A culpa não era deles. Mas ele se culpava cada mísero dia. Brad se juntou a eles, ele sentia o mesmo. O sentimento de culpa era doloroso.

Austin olhava os garotos da janela quando Mark parou ao seu lado.

-Frouxos - apontou para os garotos - Você vem ou não!?

Seguiu para a cozinha e Austin foi atrás, puxando de uma vez só a carreira de pó sobre a mesa. Era sua forma de anestesiar a culpa. Cada um lida com as coisas de forma diferente.

...

A família Cabello era conhecida como uma família tradicional e feliz. Era essa a imagem que passavam, Camila quase acreditava nisso vendo as manchetes do chá beneficente que sua mãe fizera no dia anterior, ela odiava participar daquilo.

Sua mãe não era má pessoa, mas ela sabia que a mulher prezava muito a aparência perante os outros e isso era irritante. Saiu silenciosamente, Harry estava à sua espera.

-Como você está? - perguntou beijando o rosto dela e ela sorriu fraco.

-Vou sobreviver - ele assentiu - Quando quiser, Edward - debochou e ele a olhou feio. Odiava o segundo nome.

-Não me chame assim, Karla - ela revirou os olhos e ele seguiu o trânsito - Eu não gosto de entrar lá.. você sabe.. então eu te espero na portaria, ok?

-Ok! - ela acenou olhando pela janela, odiava o dia 28 de fevereiro com todas as suas forças, mas estava ciente que precisaria passar por ele todos os anos, e pior, era próximo ao seu aniversário e ela não podia se sentir mais deprimida sabendo a festa que a aguardava naquele ano. Era um pesadelo ser filha de socialite.

O cemitério era mórbido, ainda mais no fim do inverno, mesmo em Miami, as folhas secas davam o ar da graça e isso deixava o local com um aspectos macabro. A grama feia, às lápides, eram só o complemento para o sentimento ruim que aquele lugar soltava.

Alguns dizem que a morte traz paz, mas aos vivos ela é um tormento.

Ela caminhou com o pequeno buquê de rosas brancas, eram as preferidas da garota. Conhecia aquele caminho de olhos fechados, mas nem em mil anos ela esperava ver Lauren Jauregui ali. Estacou metros antes.

Lauren enxugava os olhos de maneira áspera.

-Eu só quero dizer que eu sinto muito, Ari - sussurrou - Eu sinto tanto. - o choro sofrido cortou a garganta quando ela se curvou de joelhos tirando as folhas secas. Não era um lugar visitado já que desde a morte da garota, os pais dela se mudaram para longe dali.

Camila desviou o caminho andando pelo lado das lápides mais altas e parou agora mais perto.

-Eu não sabia que isso iria acontecer, eu juro que.. seu eu soubesse.. - soluçou e Camila travou o maxilar - Espero que esteja em um bom lugar. - ela se levantou dando uma última olhada no nome cravado ali - Eu sinto muito, Ari. Todos os dias, eu sinto. Me perdoe!

Camila acompanhou com os olhos a garota caminhar apressada até a saída dos fundos. Seu peito subia e descia, ela não acreditava no que estava acontecendo ali. O buquê caiu junto às lágrimas quando ela passou a mão pelo nome da garota agora maltratado pelo tempo.

E finalmente ela entendeu o que disseram um ano atrás.

"Ela foi tirada da água, ela não sairia sozinha, mas ninguém sabe como"

Ela sabia. Agora ela sabia.

Aposta (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora