Fui abrindo os olhos. Como eu já imaginava... Eu fui parar em outra dimensão com a Angélica. Mas esse lugar era... Bom? Haviam almofadas em tudo. O chão era de almofadas, as casas eram feitas de almofadas. O céu era feito de almofadas... Ué. Era... Ótimo. Só que era horrível não estar na minha realidade. Eles deveriam estar lá, no universo real, fazendo um velório para eu e Angélica, sem nossos corpos. Depois enterraram os caixões, onde haviam nada além de vento. Devem estar chorando. Mas como eles podem dizer que estamos mortos, se nossos corpos vieram parar em outra dimensão, e ainda por cima, vivos!? Eles não podem descartar a hipótese de estarmos vivos. Seria uma baita falta de educação com nós. Que corpo desaparece assim, sem vestígios? Ah, que povo sem fé!
Me levantei bem devagar, pois estava desnorteado. As emoções que vivi pela última vez naquele pântano, seguiram comigo. Senti que havia água em minha garganta ainda. Comecei a tossir na esperança da água sair. Mas não foi bem isso que aconteceu. Vários seres feitos de almofadas, apareceram, apontando outras almofadas para eu, e Angélica, que estava desmaiada. Eu imaginei: Será que essas “coisas” que estão me cercando não sabem que almofadas não provocam mal algum?
Eu estava achando uma palhaçada. Eles me olhavam com uma cara de seriedade. Eles eram feitos de almofada! Aquilo me fez querer dar risada. Mas segurei.Pietro: Vem cá, que palhaçada é essa? O que são vocês? O que pensam que uma almofada é capaz de fazer? Hum?
Eles permaneceram calados, me olhando com seriedade. Moveram as almofadas para mais perto de mim, provavelmente tentando fazer com que eu me assustasse. De longe, ouvi passos fortes, que tremiam todo o chão de almofadas. Grunhidos altos eram ouvidos em todos os cantos. Então, vi uma das criaturas imediatamente correndo com Angélica desmaiada em seus braços.
Pietro: EI, MINHA AMIGA!! VOLTEM A... - de repente, levei uma almofadada na cara, e desmaiei.
•••
Acordei em uma casa de almofadas, deitado em uma maca de almofadas, com a cabeça apoiada sobre uma almofada, e tendo como primeira visão, o teto de almofadas. Aquela situação havia passado de confortável, para esquisita.
Me levantei, para me sentar na maca, mas aquelas criaturas me impulsionaram novamente a ficar deitado.
Pietro: Ei, deixem eu me sentar!
Então, eles decidiram abrir a boca e se expressar. Primeiro, me disseram seus nomes, que eram bem mais estranhos do que toda aquela situação: Trouxinha, Almolfo, Almolardo e Trouxersson.
Pietro: Podem me explicar o motivo de terem nos trazido para cá depois dos passos fortes?
Almolfo: Olha... Primeiro... Deveria estar nos agradecendo por salvar a vida de vocês.
Pietro: Nossa, belo salvamento!
Trouxinha: Nós os protegemos do Rei Almofadinha! Ele ficaria maluco em saber da presença de dois humanos aqui!
Pietro: Rei?! Peraí, tenho algumas perguntas. Aqueles passos foram de uma única pesso... Quer dizer, criatura?! E aqui tem um rei?! Que se chama Almofadinha?!
Trouxersson: Eu respondo. Sim, aqueles passos foram do Rei Almofadinha, e sim, aqui tem um rei, ele se chama Almofadinha, porém a ironia é que ele é um Almofadinha gigante. Nunca conseguiram ver o rosto dele, pois seu tamanho é colossal. E todos possuem medo dele, apesar de ele ser um rei e ter que passar um símbolo de confiança ao povo...
Almolardo: Engraçado, né?
Pietro: Não! Agora eu fiquei com mais medo do que eu já tinha!
Então, Angélica desperta do desmaio. A mesma reação que eu tive, ela teve ao saber de toda a história.
Agora precisamos saber como sair daqui. Pra falar a verdade, uma coisa eu percebi. Durante todo esse tempo, fomos de um “universo” para o outro por meio de alguma tragédia. E na maioria das vezes (na verdade, em todas as vezes), foi por um afogamento. Aqui é feito de almofadas, sem um vestígio de água. Como vamos sair daqui então?!Meus pensamentos são interrompidos pela Angélica.
Angélica: Pietro, vamos atrás de alguma coisa que nos ajude a sair daqui! - ela cochicha.
Pietro: Tá louca?! Nessa noite?!
Angélica: Pietro! Isso tudo que está acontecendo começou nessa noite que não acabou ainda! E não parece que vai acabar tão cedo! Então vamos tentar! Sair dessa zona de...
Pietro: Não diga nada... Não tem como sair da zona de conforto estando num mundo de almofadas.
Angélica: Então vamos! Mesmo assim!
Pietro: O tal rei Almofadinha está por aí! Ele pode nos pegar no flagra!
Angélica: Não! É só sermos cuidadosos ao entrarmos lá.
Pietro: ENTRAR?! O QUÊ?! AONDE, ANGÉLICA?! - Ela tampa minha boca, impedindo que eu gritasse mais.
Angélica: Pietro, calma! Senta aqui que eu vou te contar.
Nos sentamos ali no chão (obviamente de almofada). Angélica me disse que os seguranças disseram pra ela, que no último andar do Castelo das Almofadas tem uma fonte do trans-tempo. Serve para ir pra outro universo. Ou seja, a nossa saída. Ela disse que teríamos que tomar cuidado entrando lá, e subindo os seis andares, pois o rei estava dormindo lá. Ela disse que convenceu os seguranças, que iriam nos ajudar. Acho que a única solução seria investir, e correr esse risco...
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Pijamas, almofadas e rios
Teen FictionClassificação: Livre Eu só fui passar a noite com minha amiga. ERA SÓ ISSO. E então, eu fui parar no meio de uma batalha de deuses em um aeroporto. É... Pode acreditar, isso não é a coisa mais estranha que aconteceu nessa noite. Não mesmo. Pode se...