cry of pain | satzu

1. Caso novo

MINATOZAKI SANA

Abri meus olhos com muita dificuldade, tudo estava meio embaçado e a dor de cabeça que eu sentia não ajudava muito, noite passada eu havia exagerado demais, bebi além da conta.

Busquei por meu celular e tomei um susto ao encontrar Mina, minha melhor amiga parada em minha frente, estava quieta, mas seu olhar me julgava com desprezo.

—O que faz aqui? —Questionei pegando os meus óculos que estavam na mesa da sala.

—Nayeon me contou que você saiu ontem. —Me entregou uma xícara de chá. —Sabia que iria te encontrar nesse estado.

Eu lembrava vagamente o que havia acontecido noite passada, era praticamente clichê. Tomei um gole do chá que a garota tinha preparado e abri as mensagens em meu celular, em meio a tantos recados de números desconhecidos, um deles me surpreendeu.

Yeri:
Sana, preciso da sua ajuda.
Ontem uma amiga de infância apareceu em casa pior do que nunca, segundo a família, sofre abusos e é maltratada por um parente.
Pode vir aqui?

Sana:
Claro, Yeri.
Você quer que eu investigue o caso, certo?

Yeri:
Isso.
Obrigada por isso, Sana!

Fui até o banheiro, me despi e entrei na água gelada, conforme eu ia massageando a minha cabeça, a dor da ressaca ia sendo amenizada, mas nenhum milagre seria feito.

Coloquei uma calça jeans preta de cintura alta, um cropped cinza e por cima um blaser preto. Escovei meus cabelos molhados, passei protetor solar, um pouco de rímel e fui até a cozinha com meus saltos pretos nas mãos.

—Onde vai? —Mina questionou largando a torrada que comia.

—Resolver um caso. —Peguei uma das torradas. —Yeri me mandou mensagem de manhã. —Verifiquei se havia tudo o que era necessário na minha bolsa, coloquei meus saltos e abri a porta.

—Juízo. —Respondeu antes de eu trancar a porta.

Eu era detetive policial, desde pequena eu me interessava por esses assuntos, tanto que meus jogos de tabuleiros favoritos eram de estratégia, e eu quando adolescente sempre li muitos livros sobre investigação, mais do que tudo, eu precisava pensar o que se passava na cabeça dos outros, porque o levaria a ter feito o que fez.

As ruas de Seul não estavam movimentadas, o que era um milagre em plena segunda feira.

Entrei no meu carro e dirigi até a casa de Yeri, ela nunca havia me dito nada sobre essa tal "amiga de infância", quase certeza pelo assunto nunca ter vindo a tona.

Bati na porta e ela me recebeu com um olhar aliviado, me deu passagem para entrar e eu observei mais três pessoas ali, havia um garoto um pouco mais novo que eu (supus), uma menina que parecia ter uns 18 anos e uma senhora de cabelos escuros.

A menina me chamou a atenção, ela tinha cabelos escuros e sua pele brilhava, ela tinha um brilho natural. Seu olhar fitava seus pés enquanto balançava as pernas indicando o seu nervosismo.

—Essa é Sana. —Yeri disse e eu fiz uma longa reverência. —Ela vai ajudar vocês, por favor fiquem calmos.

—Me digam o que está acontecendo. —Peguei o meu caderno de anotações e uma caneta, a senhora começou a falar e eu estava pronta para anotar os pontos importantes.