3. Tão doce

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MINATOZAKI SANA

Eu não podia estar vendo coisas, era ela ali, certo?

Deixei Momo de lado, me levantei e fui andando até ela, logo quando me viu, a menina arregalou os olhos, se levantou e saiu correndo, me fazendo repetir seu ato.

Ela saiu da estação e começou a correr pelas ruas de Seul, eu fui atrás dela, e foi quando virou uma esquina eu a perdi de vista.

Respirei fundo colocando as mãos em meus joelhos tentando me acalmar, nunca fui muito boa em correr grandes distâncias, sempre acabo caindo ou tropeçando.

A rua estava vazia, e os postes todos desligados, o único aceso o que estava em cima de mim, mas ele piscava de tempos em tempos, comecei a me sentir com medo.

Eu nunca havia visto aquela rua, olhei para todos os lados tentando achar alguma saída conhecida por mim. Foi em vão.

Senti alguém puxar meu braço, me prendendo a seu corpo que parecia mais alto que o meu, passou seu braço em meu pescoço e com a mão livre uma faca em minha cabeça.

—Por que estava me seguindo?

Uma voz baixa e rouca mas ao mesmo tempo doce preencheu meus ouvidos e eu engoli em seco, poderia ser morta ali se respondesse qualquer coisa errada.

—Eu só ia falar com você. — Respondi no mesmo tom, tentando passar confiança.

— Por que ia falar comigo, detetive Minatozaki? — Voltou a susurrar.

— Somente ia perguntar porque está sozinha e fora de casa essa hora da noite. — Apertei meus olhos esperando sua resposta.

Senti ela me soltar, e então voltei a respirar.

—Achei que você fosse do time dele.

Dele?

—Ele está recrutando pessoas de vários cantos da cidade, e ainda tem moral pra me chamar de maluca. —Ela andava de um lado para o outro. —Crise de pânico? Poderia inventar alguma coisa melhor.

Sobre o que a garota estava falando? Sobre seu laudo? Eu precisava entender exatamente o que estava acontecendo. E mesmo que aquele horário não fosse o ideal, não podia perder a chance de conversar com a garota.

—Ele tem um dos melhores times da cidade, achei que você também fizesse parte.

—Eu estou do lado do que é certo. — Respondi. —Quer conversar?

—Aqui não é seguro.

—Podemos ir para meu apartamento. —Disse. —Eu tranco todas as janelas, as portas, tudo. Conheço o porteiro como ninguém e ele não deixará ninguém entrar no prédio.

—Fica muito longe? — Neguei. —Então vamos.

Começou a andar em direção ao metrô, e eu apenas a segui já que não conhecia direito aquela parte da cidade.

Fomos o caminho inteiro em silêncio, ela colocou um capuz e constantemente olhava para os lados, eu fiquei mexendo em meu aparelho celular.

Parei pra reparar a roupa que ela usava, era um tênis rosa bebê com uma calça legin cinza e um moletom preto com uma estampa colorida, seus cabelos soltos ondulados a deixavam encantadora, abaixei a cabeça quando me peguei a observando.

Ao chegarmos, Tzuyu analisou todo sistema de segurança do prédio para acessar os apartamentos em silêncio. Parecia verificar se era mesmo seguro. Entramos no elevador e Tzuyu ficou quieta, parecia observar tudo.

Assim que entrei em casa retirei os sapatos que moiam meus pezinhos e Tzuyu fez o mesmo, me seguindo até a sala.

—Fique a vontade, só vou colocar uma roupa mais confortável. —Eu disse e fui até meu quarto.

Escolhi um shorts de moletom preto e uma camiseta de mangas longas vermelha, prendi meu cabelo, retirei a minha maquiagem e coloquei meus óculos de descanso.

—Eu não aguentava mais aquelas roupas. —Ri.

Tzuyu encarava as fotos que estavam em porta retratos na minha estante, mais precisamente uma que eu estava com Momo e Mina na praia, havia sido uma ótima viagem.

—Essa moça estava com você certo?—Apontou para Momo.

—Sim, é minha amiga e colega de trabalho. —Eu disse parando ao seu lado. —Voce é uma ótima observadora.

Ela encarou a foto por mais um tempo e logo depois engoliu em seco, por que estava tão nervosa? Não havia nada de mais naquela foto além de eu e as meninas indo pro mar.

—Você me chamou pra conversar, certo? —Foi até o sofá. —O que quer saber?

—Eu estou bem confusa. —Me sentei ao seu lado. —Só queria que me explicasse melhor essa história toda, já que tudo que sua família faz é lamentar e me afastar de falar com você.

—Óbvio que fazem isso. Enfim. — Suspirou. — Quando eu era um pouco mais nova, eu tinha depressão sim, procuramos por Yeji e ela me ajudou. —Prestava atenção atenta. —Minha amiga, Yeonwoo, disse que viu um menino conversando com ela sobre mim por causa do meu laudo que estava em suas mãos. — Pausou. —Contei pra minha mãe e ela ficou abismada por Yeji ter espalhado meu caso, ai ela foi até a justiça. Descobri em um desvio em uma conversa que Yeji trabalhava para o mesmo cara que frequentemente abusa de mim, ela não disse com todas as palavras, mas somente um homem se interessaria em saber tanto sobre mim a ponto de pagar Yeji por informações. — Ela abaixou a cabeça como se falar sobre aquilo doesse muito.

—Se não conseguir não precisa.

Ela respirou fundo e me encarou com lágrimas nos olhos, fiquei sentida e meu instinto foi puxa-la para um abraço apertado sentindo as suas lágrimas caírem por meu pescoço.

—Ele me drogava e os efeitos justamente faziam em parecer maluca, depressiva, parecer ter crises, mas no fundo eu não me sentia assim, e mesmo falando que eu estava bem, ninguém acreditava por que os remédios faziam eu parecer mal.— Ela soluçava. —Yeon estava comigo e descobriu mais algumas pessoas na equipe desse otário.

—Vai ficar tudo bem, ok? —Acariciei seus cabelos. —Eu vou conseguir, vamos tirar você disso.

—Minha tia também está envolvida, por isso sei que é alguém da família, aí eu fugi de casa e estava tentando achar meu irmão que estava voltando da casa da namorada, por isso eu estava no metrô. —Ela me encarou.

Parecia tão frágil naquele momento, como se, por mínima a palavra que eu proferisse, ela pudesse se destruir em suas próprias lágrimas.

—Nunca senti necessidade de tirar ninguém de uma situação dessa como eu sinto com você. Seu caso merece toda a minha atenção, e por isso te permito ficar aqui na minha casa e ser minha amiga.

—Você não precisa fazer isso.

—Mas eu quero, Tzuyu.

Ela então relaxou os ombros pela primeira vez naquela noite.

—Relaxe pelo menos hoje, diga para sua mãe que saiu com uma amiga, vamos assistir um filme aqui, o que acha? — Olhei em seus olhos e ela soltou um breve sorriso.

Ela era tão doce, não merecia sofrer daquele jeito.

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⏰ Última atualização: Apr 29 ⏰

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cry of pain | satzuOnde histórias criam vida. Descubra agora