"Para onde esse maluco está levando a gente?" Era a única coisa que Mateus pensava desde que encontrara Heitor cerca de vinte minutos atrás da Praça Francisco Domingues, que era uma das, senão a maior praça da metrópole, com árvores grandes e um grande monumento de Francisco ao centro, maior que um Robô Titânico.
Todos foram para o transporte público magnético, porém Mateus só percebera que não estava mais no centro da metrópole, mas indo para uma parte da periferia da cidade, na Zona Leste, chamada de Itakera, somente depois de algum tempo, já que estava encantado com tamanha tecnologia.
Ao descer na estação, viu que o bairro era totalmente diferente da zona central. Não existiam mais os imensos arranha-céus de 2km de altura, nem os grandes parques e avenidas arborizadas. Parecia mais com o centro de Katarina depois da Conquista da Liberdade: com prédios de não mais que 800m de altura, poucas árvores e uma população um tanto quanto aterrorizada, já que parecia ser um local onde as Corporações Mecânikas não se preocupavam mais tanto assim, fazendo com que Arkanos, Danificados e Bioengenheiros disfarçados tomassem conta do local.
- Por que você mora aqui, Heitor? – perguntou Carolina
- Porque aqui é um dos poucos locais que os Mecânikos-Mestre não iriam me procurar.
- Mas... você é bisneto de um dos grandes inventores do Novo Conhecimento! O que está fazendo na periferia de uma metrópole Mecânika como Nova São Paulo? E por que Mecânikos-Mestre o estariam procurando?
- Lembra que eu falei que os Mecânikos não foram os únicos afetados com a Conquista da Liberdade? Pois bem, estou aqui justamente por conta dessa guerra que trouxe os Arkanos Maléficos a este mundo...
- EU SABIA! SABIA QUE BIOENGENHEIROS ESTAVAM ENVOLVIDOS NISSO! NÃO TE DISSE CAROLINA? EU SAB... – antes de completar a frase, Heitor agarrou violentamente o pescoço de Mateus e o ergueu no ar, olhando fixamente nos olhos verde-escuros de Mateus
- Já não te disse que vai arrumar encrenca se ficar falando que essa porra toda aconteceu por causa dos Bioengenheiros? VOCÊ ESTÁ EM UM BAIRRO CHEIO DELES, SEU PLAYBOY MECÂNIKO MIMADO! Se eu quisesse, eu poderia simplesmente te matar e deixar aqui para os Danificados comerem sua carne e ninguém sequer ia saber de sua existência insignificante nessa metrópole imensa.
Os olhos de Mateus começaram a esbugalhar e seu rosto, a ficar roxo, mas Heitor ainda não soltara Mateus. Pelo contrário, agarrou mais firmemente o seu pescoço e o trouxe para perto do rosto, ainda olhando fixamente nos olhos dele e com uma cara extremamente fechada:
- Você percebe sua vida se esvaindo? Percebe como somos insignificantes mesmo diante de toda essa porra de Novo Conhecimento que nossos antepassados trouxeram para nós? Pois bem, é assim que você irá se sentir se deixar aqueles filhos da puta de Arkanos Maléficos chegarem às muralhas dessa cidade. Então – Heitor apertara ainda mais o pescoço de Mateus – que tal você deixar essa sua arrogância de merda de lado e me ajudar a evitar que aqueles cuzões do caralho cheguem aqui e dizimem o pouco que resta da humanidade?
Heitor finalmente soltara Mateus, fazendo-o cair extremamente ofegante no chão. Mateus inspirava e expirava o ar com extrema força, como nunca tivesse respirado na vida. O povo que se juntara em volta dos dois observava enquanto Heitor se afastava de Mateus, pisando duro, com os punhos cerrados. Carolina fora ver se Mateus estava bem:
- Eu estou bem! Argh! Quem ele pensa que é pra fazer esse tipo de coisa? – Mateus estava realmente puto com Heitor
- Quem VOCÊ acha que é pra ficar TODA MALDITA HORA falando como se os Bioengenheiros fossem os culpados de tudo? Hein!? Você teve uma puta sorte de ele não ter te matado. Olha o tamanho dele pro seu! O braço dele é do tamanho da sua perna!
De fato, mesmo Mateus sendo alto para a média da cidade, Heitor tinha o dobro de seu tamanho, tanto em altura quanto em largura e musculatura. Com músculos bem definidos e força descomunal, Carolina começara a se perguntar como uma pessoa poderia ficar daquele jeito.
Heitor esperara Mateus se recuperar para continuar os acompanhando até sua residência provisória: um apartamento em um dos poucos edifícios habitáveis em Itakera, visto que a grande maioria ou fora ocupado por Danificados ou estava com avisos de demolição, impossibilitando o acesso.
O prédio em que Heitor morava, externamente estava bem malcuidado, com seu jardim cheio de gramas altas, como se não cortassem havia muito tempo, com vidraças e portas de vidro sujas, além do letreiro estar totalmente destroçado, impossibilitando a leitura do nome do prédio.
Porém, ao entrarem, internamente parecia outro local. Era como se tivessem voltado à região central da cidade. O hall de entrada que, além de enorme, remetia a um hotel de luxo, com tapetes vermelhos e dourados, grandes colunas maciças de ouro e robôs cuidando da limpeza e transporte de malas.
- Boa tarde, senhor Heitor! Desejaria a chave de seu quarto? – disse o robô-recepcionista do local
- Sim! E estou entrando com dois convidados: Carolina e... Mateus – disse o último nome com certo desgosto na voz
- Ah sim! Sem problemas, senhor! Deixe-me ver... Hm, aqui está! Quarto BZ94, suíte presidencial! Seja bem-vindo novamente ao Hotel Gêniko, senhor Heitor!
Conforme iam se afastando da recepção, Carolina surpreendeu-se:
- Peraí... Hotel Gêniko? É uma das maiores franquias hoteleiras de Arkantia! Como uma filial deles está em um bairro como Itakera e possui o exterior tão malcuidado assim?
- Tenha calma, minha querida, tenha calma! Vamos pegar o elevador aqui e subir para o quarto. Eu explicarei tudo a vocês. Mas preciso estar em um local que eu sei que é 100% seguro e aqui embaixo - Heitor olhos para os lados antes de chamar o elevador principal – não é nem 10% seguro.
O elevador chegou, Heitor colocou todos para dentro e apertou o botão do 78º andar.
- Odeio esses elevadores, mas não irei subir 78 andares! Nem fodendo! – disse Heitor tentando aliviar o estresse
As portas do elevador se fecharam e eles começaram a subir.
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Arkantia: A Nova Terra
Ciencia FicciónO mundo se transformou desde a criação da Mecânika e da Bioengenharia Genética. A Antiga Ciência já não é mais aceita e o mundo agora é outro sob a luz do Novo Conhecimento. Neste novo mundo, Mateus e Carolina, dois jovens viventes na cidade de Nov...